“Eu quero justiça. É só isso que eu quero“, afirma viúva de homem morto em Massaranduba

Por: Claudio Costa

19/01/2018 - 06:01

Cinco dias após a morte de Jaison Moacir Volpi, a viúva Alessandra Radke, 36 anos, ainda muito abalada, clama por Justiça. O clima da casa localizada há poucos quilômetros do local do crime, no centro de Massaranduba, é de luto. Ao lado da filha Isabele Volpi, de sete anos, e do pequeno Lorenzo, de um ano, Alessandra relatou, na tarde desta quinta-feira (18), como foram os últimos momentos com o marido e a revolta de terem, abruptamente, sido separados.

Alessandra Radke, 36 anos, ainda muito abalada, clama por Justiça | Foto Cláudio Costa/OCP

“Nós estávamos na casa da minha mãe, a família inteira. O meu pai comentou que queria tomar um chope lá no Armazém do Chope. O Jaison e o Adão, meu cunhado, se prontificaram a levar ele. Minha mãe disse para irmos todos e eu até comentei que não queria por causa do meu filho pequeno. Mas todos disseram que iriam me ajudar a cuidar dele. Ele (Jaison) voltou para se arrumar e disse que não iria sem mim”, relembra Alessandra.

Jaison foi morto na frente da família após o trabalhador rural Adelir José Siqueira o golpear com uma faca no peito. A vítima e a família foram jantar na lanchonete e todos viram o desfecho trágico do acidente de trânsito. “Nós tínhamos acabado de chegar e fazer o pedido quando ouvimos aquele estrondo da moto batendo no carro”, relata Alessandra, ao explicar que o veículo estava na rua e que Adelir José Siqueira, acusado de assassinar Jaison, estava muito alcoolizado.

VEJA TAMBÉM:

– [VÍDEO] Viúva de Jaison fala sobre morte do marido e prisão de acusado de assassinato

“Eu levantei com o Jaison e fui lá fora com ele. E pedi para que ele não deixasse o cara ir embora porque estava completamente bêbado”, conta Alessandra destacando que apesar do susto, jamais imaginava que Adelir estava armado e pudesse “fazer tanto mal para nossa família”. “O meu marido estava mexendo no celular e não conseguiu acesso. O meu cunhado pegou o carro e foi até o destacamento da Polícia Militar para resolver o caso. Nesse meio tempo, o Jaison estava com o celular na mão, ele tirou a faca da mochila e enfiou no peito dele”, conta a viúva.

“Ficou o terror. Aquela cena não sai da minha cabeça. Eu já pedi tanto para Deus para me iluminar e esquecer um pouco esse momento, mas é terrível. Não tem perdão. O cara mata o meu marido e vem me pedir perdão? Ele poderia ter dado um soco, cortado um pedaço do braço. Ele tinha aquela faca para matar”, acredita.

Segundo depoimento, Adelir agiu porque não queria que a polícia fosse chamada. Jaison foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros Voluntários de Massaranduba. Na madrugada de domingo (14), já no Hospital São José, não resistiu ao ferimento provocado pela facada e morreu. O assassino foi preso ainda na segunda-feira (15).

Quais eram os planos de Jaison? 

O Jaison trabalhava há 13 anos (na WEG) e era técnico de área. Ele foi para a China em setembro e ficou lá por 45 dias. Na sexta, ele chegou em casa e disse que havia conversado com os chefes. Eles falaram que ele faria bastante viagens e eu disse para ele que o meu apoio era total. Ele estava crescendo porque era uma pessoa muito dedicada no trabalho.

Como estava a vida de vocês? 

Nós estávamos felizes, tínhamos nos casado há nove meses e estava tudo bem. Estávamos juntos há 15 anos e casar na igreja era um sonho dele. Eu não fazia tanta questão, mas ele queria muito. Ele também tinha trancado a faculdade para ir viajar, mas agora iria voltar a estudar.

Como o Jaison era com os filhos? 

Ele era pai exemplar. Ele era o pai que fazia os deveres com a filha, ele era o pai que dava banho no pequeno. O Jaison parava para brincar com a filha nos joguinhos de montar.

“O meu pequeno não vai lembrar do pai que ele teve, um exemplo de pai”, disse Alessandra | Foto Cláudio Costa/OCP

O que você espera que aconteça? 

Eu quero Justiça. É só isso que eu quero. Eu não aceito desculpas. A minha filha viu o pai sendo assassinado. O meu pequeno não vai lembrar do pai que ele teve, um exemplo de pai. Agora, ele tem um ano e três meses e não vai lembrar do pai. Ele não acabou apenas com a minha vida e a dos meus filhos. O Jaison era filho único, deixou o pai, a mãe. Ele também era um exemplo de filho. Ele era tudo para nós.