Estudantes jaraguaenses levam projeto para feira de ciências em Nova Iorque

Reportagem de Dyovana Koiwaski para o jornal O Correio do Povo.

O incentivo ao desenvolvimento de projetos científicos dentro das instituições de ensino jaraguaenses vem gerando resultados positivos. Desta vez, os premiados foram os alunos escola estadual Professor João Romário Moreira, Tássia Erika Kopsch e Augusto Laurindo, ambos com 16 anos, que desenvolveram projeto reunindo reciclagem e acessibilidade.

Com a confecção de placas de piso tátil usando isopor, os jovens conquistaram uma credencial para a feira internacional Genius Olympiad, que acontece no mês de junho em Nova Iorque, nos Estados Unidos.

Eles também inscreveram a ideia em outras duas feiras no país, uma delas no Pará, para conquistar a vaga internacional. “Esse foi o nosso passaporte para a Genius. O resultado foi surpreendente porque estávamos trabalhando o projeto há apenas cinco meses e já tivemos esse reconhecimento”, comenta Augusto.

A inspiração, contam os estudantes, surgiu de um problema vivenciado nos corredores da escola, que é ponto de arrecadação de materiais recicláveis no bairro Rio Cerro II. Nas aulas de físicas, ministradas pela professora Jussara Taina, eles analisaram os materiais e perceberam que o isopor não era reutilizado. “Devido a sua baixa densidade e grande volume, ele acaba ficando estocado num canto e depois sendo destinado ao lixo comum”, destaca o aluno.

A outra face do projeto foi identificada por eles diante da ausência de acessibilidade na estrutura do local. “Temos um colega deficiente visual e ele enfrenta muitas dificuldades para se locomover aqui e no restante da cidade. Por isso, unimos esses dois pontos e buscamos uma solução”, explica Tássia.

Para produzir o piso tátil a partir da reciclagem do isopor, os jovens iniciaram a pesquisa, orientados pela professora Jussara. O material, ao chegar à escola, passa pelo processo de limpeza e depois é dissolvido na acetona pura. A substância, como relata Augusto, quebra a molécula do isopor e promove a evaporação.

O resultado é uma mistura de acetona com plástico. Em parceria com o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), a equipe desenvolveu moldes para aplicar a massa. “A acetona, por ser volátil, evapora em temperatura ambiente e resta apenas o plástico no formato dos moldes”, destaca.

Foto: Eduardo Montecino

Foto: Eduardo Montecino

Antes de embarcar para os Estados Unidos, os alunos devem aperfeiçoar o projeto conforme as orientações dos avaliadores. O valor do piso tátil no mercado, conforme Tássia, seria acessível.

Com os resultados alcançados até o momento, a professora sente que conseguiu chegar ao seu objetivo: introduzi-los à iniciação científica. “Com a grade curricular normal, é difícil inserir esse tema, por isso nos dedicamos em projetos mais isolados”, frisa.

Prestes a representar o país internacionalmente, Tássia e Augusto afirmam que ainda não acreditam que eles, alunos de uma escola no interior do município, vão estar em uma das maiores feiras de ciências do mundo. “Já tínhamos desenvolvidos projetos no ensino fundamental, mas foram mais básicos”, recorda Tássia.

Foto: Eduardo Montecino

Foto: Eduardo Montecino

Realização de sonho depende de ajuda financeira

A diretora da escola, Liane Lia Reinke, e o assessor de direção, Pedro Daniel dos Santos, destacam que a participação nas feiras nacionais aconteceu com a ajuda financeira de empresas do bairro. O mesmo processo será repetido para possibilitar a viagem a Nova Iorque, que está estimada em cerca de R$ 20 mil.

Como a apresentação e o banner precisam ser em inglês, os alunos também irão precisar da parceria de escolas de idioma para prepará-los. “Já entramos em contato com algumas instituições”, finaliza Liane. Quem tiver interesse em ajudar, pode em contrato pelo telefone da escola, 3276-9454.