Sensibilizados com a situação em que se encontra Lucas Hioan da Costa, 18 anos – um rapaz estudioso e cheio de planos, que teve a vida suspensa desde o início do ano, quando sofreu um acidente de trânsito -, amigos, ex-colegas de escolas e ex-professores promovem neste sábado (16) a Noite do Pastel na Escola Holando Marcelindo Gonçalves (Homago), no bairro Ilha da Figueira, em Jaraguá do Sul.
Depois de meses hospitalizado, Lucas ainda se trata em casa das sequelas deixadas pelo acidente ocorrido em 23 de janeiro deste ano, quando a moto biz em que ele estava de carona com o amigo Wesley Castro de Jesus colidiu com um carro Fiat Stilo vermelho em um cruzamento na rua Guilherme Cristiano Wacherhagen, no bairro Vila Nova, em Jaraguá do Sul.
A recuperação é muito lenta, segundo a mãe Maria Elizete Albano. Lucas perdeu a fala, come por sonda e perdeu a coordenação motora. “Ele está se recuperando aos poucos. Às vezes chora, fica bravo… Se movimenta, mas não como a gente. Sente cócegas nos pés. Algumas vezes parece que quer falar, se agita, quer se mexer. Tudo o que ele faz de diferente a cada dia é uma festa para nós”, comenta a mãe.
Lucas perdeu toda a massa muscular e passou de cerca de 72 kg para 60 kg após o acidente. A alimentação também continua restrita e agora a mãe tenta que ele consuma caldo de feijão e sucos. Sem poder falar, Lucas se comunica pelo olhar. Segundo a mãe, ele entende e ouve muito bem. “Ele me segue com os olhos e se assusta com barulho. Uma vez coloquei a cadela dele na cama. Ele a olhou e chorou. Eu entendo ele, sei o que ele sente”, afirma.
Um dos avanços do tratamento é o fato dele não ter mais pressão alta, o que é comemorado pela mãe. “No hospital tinha pressão muito alta. Veio para casa tendo que tomar três remédios e hoje já não usa nenhum. Ele tremia muito, suava de molhar o chão no hospital. Em casa, tem suadores na cabeça e nas costas, mas é mais pelo calor mesmo. Coloco de lado e ele vai se mexendo até ficar como quer”, comenta a mãe.
O que Maria Elizete mais quer é ver o filho sorrindo e feliz como sempre foi. “Não importa quanto tempo leve ou quanto ele melhore. Vai ser sempre meu filho e vou amá-lo como sempre amei”, afirma. Além dela, o pai e os irmãos de Lucas, uma tia, o padrasto e uma cunhada de Maria Elizete ajudam a cuidá-lo quando é necessário.
A família também continua recebendo ajuda da comunidade. “Desde que ele voltou, os meus vizinhos já vieram com fraldas, alimentos, produtos de higiene. Depois da primeira reportagem [no jornal O Correio do Povo], apareceram várias pessoas. Muitas dessas pessoas ainda estão vindo aqui ajudar todo mês. Me mandam mensagens solidárias. Criaram muito carinho por ele. Fico muito feliz em saber que ele é muito querido por todos. Muitas vezes fico sem palavras para agradecer tanto carinho”, disse Maria Elizete.
NÃO PODE IR NA PASTELADA? CONFIRA COMO AJUDAR LUCAS:
Depósitos em nome de Lucas Hioan da Costa
Banco: Viacredi. Agência 101/Operação 01/Número da Conta: 868391.3.
As doações podem ser levadas ao seguinte endereço: rua Alexandre Koeler, 112, no bairro Ilha da Figueira. Mais informações pelo telefone (47) 99176-4234 (com Maria).
Amigo também se recupera do acidente
Também ansioso pelo sucesso da pastelada está a outra vítima do acidente, o amigo de Lucas, Wesley Castro de Jesus, 19 anos. Ele fraturou o fêmur e a tíbia da perna esquerda e teve fratura exposta na perna direita. Foram três dias de UTI e 18 dias no hospital, em observação. Apesar de os danos teriam sido mais físicos do que cerebrais, Wesley ainda sofre as dores e consequências do acidente. Está sem estudar, sem trabalhar e sem auxílio da Previdência Social, pois estava desempregado quando sofreu o acidente. “Se eu fico por muito tempo em pé ou me movendo, minhas pernos doem”, conta.
Wesley ficou três meses em casa, na cama, sem poder movimentar-se. Depois, foram dois meses de cadeira de rodas. Teve que reaprender a andar e hoje usa muletas. “Usei todo esse tempo para poder mudar a cabeça, tentar ser mais maduro”, diz ele, que sempre que pode visita o amigo. No dia do acidente, ele levava Lucas para a primeira aula na autoescola.
Sinto que ele apresentou melhoras bem pequenas, mas é uma vitória. Do acidente, não lembra quase nada. “Eu apenas me lembro do que me contaram. Tentei me levantar quando caí, mas vi minhas pernas e me desesperei. Daí, não lembro mais de nada. Só vi o Lucas deitado do meu lado , e eu chamei ele várias vezes, mas ele não levantava.”. Ele também diz que pediu ajuda ao motorista do carro, que só chamou socorro e se retirou.
Com muita fé na plena recuperação, Wesley tem planos ousados para o futuro, que envolvem cursar faculdade de educação física e voltar à rotina de sempre. “Esse tempo todo tirei para pensar nas coisas, fazer planos e tentar planejar meu futuro. Daquele tempo trancado no hospital aprendi que devemos dar valor até aos mínimos detalhes da vida. Temos que dar muito valor ao que temos , porque quando se vai, não volta mais”, destaca. Ah, ele também gostaria muito de reconquistar a garota que sempre esteve em seus pensamentos neste período. “E nela que penso quando acordo e quando vou dormir”, diz ele, sobre o namoro que havia terminado dois dias antes do acidente e teve uma tentativa frustrada durante sua recuperação.