Em Jaraguá do Sul, amigos organizam pastelada solidária para ajudar Lucas Hioan

Por: OCP News Jaraguá do Sul

15/09/2017 - 18:09 - Atualizada em: 16/09/2017 - 17:01

Sensibilizados com a situação em que se encontra Lucas Hioan da Costa, 18 anos – um rapaz estudioso e cheio de planos, que teve a vida suspensa desde o início do ano, quando sofreu um acidente de trânsito -, amigos, ex-colegas de escolas e ex-professores promovem neste sábado (16) a Noite do Pastel na Escola Holando Marcelindo Gonçalves (Homago), no bairro Ilha da Figueira, em Jaraguá do Sul.

O objetivo é arrecadar recursos para ajudar a família do ex-estudante do Homago, já que a mãe dele, Maria Elizete Albano, alega ter sido forçada a deixar o trabalho para cuidar do filho em tempo integral. Lucas está acamado, com problemas físicos e neurológicos, e precisa de ajuda para as necessidades mais básicas, até mesmo para alimentar-se.
Além de colaborar com a família, o grupo organizador da pastelada pretende que a ação sensibilize outros jovens e alunos da escola para os riscos no trânsito. Haverá venda de pastéis de seis sabores – carne, frango, pizza, palmito, banana e chocolate -, no valor de R$ 3,50 cada ou três por R$ 10,00. Os pastéis serão servidos a partir das 17h deste sábado (16). Os organizadores não têm ideia de quantas unidades serão comercializadas, mas informam que todo o valor arrecadado será destinado ao tratamento de Lucas.
Cada pequena evolução é comemorada pela mãe

Depois de meses hospitalizado, Lucas ainda se trata em casa das sequelas deixadas pelo acidente ocorrido em 23 de janeiro deste ano, quando a moto biz em que ele estava de carona com o amigo Wesley Castro de Jesus colidiu com um carro Fiat Stilo vermelho em um cruzamento na rua Guilherme Cristiano Wacherhagen, no bairro Vila Nova, em Jaraguá do Sul.

A recuperação é muito lenta, segundo a mãe Maria Elizete Albano. Lucas perdeu a fala, come por sonda e perdeu a coordenação motora. “Ele está se recuperando aos poucos. Às vezes chora, fica bravo… Se movimenta, mas não como a gente. Sente cócegas nos pés. Algumas vezes parece que quer falar, se agita, quer se mexer. Tudo o que ele faz de diferente a cada dia é uma festa para nós”, comenta a mãe.

Lucas perdeu toda a massa muscular e passou de cerca de 72 kg para 60 kg após o acidente. A alimentação também continua restrita e agora a mãe tenta que ele consuma caldo de feijão e sucos. Sem poder falar, Lucas se comunica pelo olhar. Segundo a mãe, ele entende e ouve muito bem. “Ele me segue com os olhos e se assusta com barulho. Uma vez coloquei a cadela dele na cama. Ele a olhou e chorou. Eu entendo ele, sei o que  ele sente”, afirma.

Um dos avanços do tratamento é o fato dele não ter mais pressão alta, o que é comemorado pela mãe. “No hospital tinha pressão muito alta. Veio para casa tendo que tomar três remédios e hoje já não usa nenhum. Ele tremia muito, suava de molhar o chão no hospital. Em casa, tem suadores na cabeça e nas costas, mas é mais pelo calor mesmo. Coloco de lado e ele vai se mexendo até ficar como quer”, comenta a mãe.

O que Maria Elizete mais quer é ver o filho sorrindo e feliz como sempre foi. “Não importa quanto tempo leve ou quanto ele melhore. Vai ser sempre meu filho e vou amá-lo como sempre amei”, afirma. Além dela, o pai e os irmãos de Lucas, uma tia, o padrasto e uma cunhada de Maria Elizete ajudam a cuidá-lo quando é necessário.

A família também continua recebendo ajuda da comunidade. “Desde que ele voltou, os meus vizinhos já vieram com fraldas, alimentos, produtos de higiene. Depois da primeira reportagem [no jornal O Correio do Povo], apareceram várias pessoas. Muitas dessas pessoas ainda estão vindo aqui ajudar todo mês. Me mandam mensagens solidárias. Criaram muito carinho por ele. Fico muito feliz em saber que ele é muito querido por todos. Muitas vezes fico sem palavras para agradecer tanto carinho”, disse Maria Elizete.

NÃO PODE IR NA PASTELADA? CONFIRA COMO AJUDAR LUCAS:

Depósitos em nome de Lucas Hioan da Costa

Banco: Viacredi. Agência 101/Operação 01/Número da Conta: 868391.3. 

As doações podem ser levadas ao seguinte endereço: rua Alexandre Koeler, 112, no bairro Ilha da Figueira. Mais informações pelo telefone (47) 99176-4234 (com Maria).

Amigo também se recupera do acidente

Também ansioso pelo sucesso da pastelada está a outra vítima do acidente, o amigo de Lucas, Wesley Castro de Jesus, 19 anos. Ele fraturou o fêmur e a tíbia da perna esquerda e teve fratura exposta na perna direita. Foram três dias de UTI e 18 dias no hospital, em observação. Apesar de os danos teriam sido mais físicos do que cerebrais, Wesley ainda sofre as dores e consequências do acidente. Está sem estudar, sem trabalhar e sem auxílio da Previdência Social, pois estava desempregado quando sofreu o acidente. “Se eu fico por muito tempo em pé ou me movendo, minhas pernos doem”, conta.

Wesley faz delicado tratamento e mantém fé na recuperação integral

 

Wesley ficou três meses em casa, na cama, sem poder movimentar-se. Depois, foram dois meses de cadeira de rodas. Teve que reaprender a andar e hoje usa muletas. “Usei todo esse tempo para poder mudar a cabeça, tentar ser mais maduro”, diz ele, que sempre que pode visita o amigo. No dia do acidente, ele levava Lucas para a primeira aula na autoescola.

Sinto que ele apresentou melhoras bem pequenas, mas é uma vitória. Do acidente, não lembra quase nada. “Eu apenas me lembro do que me contaram. Tentei me levantar quando caí, mas vi minhas pernas e me desesperei. Daí, não lembro mais de nada. Só vi o Lucas deitado do meu lado , e eu chamei ele várias vezes, mas ele não levantava.”. Ele também diz que pediu ajuda ao motorista do carro, que só chamou socorro e se retirou.

Com muita fé na plena recuperação, Wesley tem planos ousados para o futuro, que envolvem cursar faculdade de educação física e voltar à rotina de sempre. “Esse tempo todo tirei para pensar nas coisas, fazer planos e tentar planejar meu futuro. Daquele tempo trancado no hospital aprendi que devemos dar valor até aos mínimos detalhes da vida. Temos que dar muito valor ao que temos , porque quando se vai, não volta mais”, destaca. Ah, ele também gostaria muito de reconquistar a garota que sempre esteve em seus pensamentos neste período. “E nela que penso quando acordo e quando vou dormir”, diz ele, sobre o namoro que havia terminado dois dias antes do acidente e teve uma tentativa frustrada durante sua recuperação.