Corupaense não está entre as 224 vítimas de Brumadinho localizadas até agora

Por: Claudio Costa

11/04/2019 - 11:04 - Atualizada em: 11/04/2019 - 11:29

O perfil genético de Maurício Schwirkowski, 51 anos, não é compatível com nenhum dos corpos encontrados durante os esforços de resgates do rompimento da barragem 1 da mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, em Minas Gerais.

Maurício é pai de Evandro Schwirkowsky, 23 anos, jovem nascido em Corupá e que pode estar entre as vítimas da tragédia ocorrida no dia 25 de janeiro deste ano.

De acordo com a assessoria de imprensa do Instituto Geral de Perícias (IGP), o perfil genético foi enviado para a Polícia Técnico-Científica de Minas Gerais e foi confrontado com os das vítimas localizadas após a tragédia na mina da empresa Vale.

O material genético enviado para Minas Gerais não bateu com nenhuma das vítimas catalogadas.

“Essa informação foi colocada em um banco de dados. Sempre que é encontrado um fragmento de um corpo, eles fazem a extração do material genético e colocam nesse banco de dados. O sistema faz o confronto entre as informações genéticas dos desaparecidos e do material que foi encontrado”, informa a assessoria do IGP.

A família conta que só soube do desaparecimento de Evandro quando agentes do Instituto Geral de Perícias apareceram à sua porta para recolher material genético para fazer a identificação do corpo do rapaz.

 

 

No dia 9 de fevereiro deste ano, os peritos recolheram o material genético de Maurício e também na residência em que o jovem morava.

“Ligaram do IGP e disseram que nenhum dos corpos era do meu sobrinho. Eles contaram que havia 224 corpos, foram feitos os testes de DNA e ele não está neste grupo. Disseram que há mais corpos soterrados lá, mas não vão mexer mais”, comenta a tia de Evandro, a revisora Ivanir Schwirkowsky, 52 anos.

Ivanir desmentiu um dos boatos que surgiram após a história do jovem se tornar pública. Moradores de Corupá passaram a comentar que a família do rapaz recebeu R$ 100 mil da empresa Vale.

A mentira começou a correr pela pequena cidade após a mineradora divulgar que iria doar a quantia antes mesmo de qualquer decisão judicial sobre o assunto.

Desaparecimento

Evandro morava desde 2014 com o companheiro, o garçom Edemilson de Jesus Silva, 34 anos, em um sítio dos avós na localidade de Rio Paulo Pequeno, em Corupá.

Inicialmente, o rapaz e o seu companheiro viviam na casa com os idosos, mas depois construíram uma residência em separado, no mesmo terreno, e receberam um pedaço de terra para trabalhar.

Após a saída Edemilson a Florianópolis, o avô pediu que o neto viesse morar na casa do seu pai e da madrasta, nas proximidades da casa de Ivanir, mas ele não aceitou a proposta.

Foto Fábio Junkes/OCP News

Depois da festa de Ano Novo, os tios de Evandro foram até o sítio, mas não encontraram ninguém. Desde esse dia eles não têm mais notícias do jovem.

O namorado de Evandro relatou que o jovem foi até Florianópolis. Os dois saíram da Capital de Santa Catarina rumo a Salvador, na Bahia.

O rapaz do interior não teria se acostumado com a violência da cidade grande e decidiu ir para Brumadinho. O desaparecimento foi comunicado por Edemilson às autoridades de Minas Gerais.

Venda de terreno

Ivanir revelou em entrevista ao OCP que o sobrinho havia vendido parte do sítio do avô antes de partir para Florianópolis.

A reportagem teve acesso a um contrato assinado por Evandro e datado em 4 de janeiro de 2019, dia em que o jovem viajou para encontrar o companheiro na Capital.

Ele levou R$ 20 mil, valor que o comprador havia dado de entrada na transação, e descontou R$ 1 mil de um cheque dado para quitar o restante do valor do imóvel.

Na época, a tia de Evandro contou que o casal vítima do suposto estelionato foi até a sua casa. Os compradores do sítio comentaram que o rapaz se passou por filho do avô e que não deu mais notícias após receber a quantia dada como entrada no negócio.

Um boletim de ocorrência foi registrado pelas vítimas do suposto golpe.

Retirada de nomes da lista

A Polícia Civil de Minais Gerais pediu a retirada de 17 nomes da lista de desparecidos, 11 deles por erros de grafia, estavam duplicados ou eram de pessoas que estavam vivas e não comunicaram às autoridades.

Em um dos casos, um homem vindo de São Paulo afirmou que perdeu o irmão na tragédia.

Ele chegou a ter o DNA coletado para ajudar na identificação do corpo, conseguiu passagens, hospedagem e alimentação custeados pela mineradora.

O homem estava prestes a encaminhar um requerimento para pedir o pagamento dos R$ 100 mil oferecidos pela Vale, mas a suposta vítima foi encontrada trabalhando como ambulante no Litoral de São Paulo.

O homem estava em Praia Grande e era foragido da Justiça de Santa Catarina. Ele tinha um mandado de prisão por homicídio. Os dois irmãos foram presos pela polícia.

 

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