Centenas dão adeus ao adolescente ciclista que foi vítima de acidente na BR-280

Foto Fábio Junkes/OCP

Por: Claudio Costa

18/10/2017 - 19:10 - Atualizada em: 19/10/2017 - 10:45

Centenas de pessoas acompanharam na tarde desta quarta-feira (18) o velório e o sepultamento, no Cemitério Municipal da Vila Lenzi, do estudante Eduardo Lisboa, 15 anos, que morreu nesta terça-feira (17), vítima de traumatismo craniano após um acidente de trânsito ocorrido na tarde do mesmo dia, quando sua bicicleta foi atingida por um veículo na BR-280, nas próximidades do viaduto de acesso ao bairro Estrada Nova, em Jaraguá do Sul.

Garoto sonhador, Dudu para os familiares, Macaco para os amigos, revelam todos ser um menino talentoso no futebol e muito querido por todos. De acordo com o tio de Eduardo, Dirceu Lisboa, a notícia da morte foi recebida com surpresa pela família. “A Andreia, minha esposa, me ligou dizendo que ele havia se envolvido no acidente, mas ninguém sabia o grau de gravidade. Assim que ela desligou, uma atendente do Hospital São José me ligou pedindo que eu fosse até lá para consolar ela e a mãe dele”, conta Dirceu.

Eduardo Lisboa em momento de descontração com família | Foto Reprodução Facebook/OCP

Ainda de acordo com o tio, o rapaz de 15 anos era muito educado e estudioso. Mas a grande paixão era mesmo o futebol. “Ele começou na escolinha junto com o meu filho, que também tem 15 anos. Os dois jogavam juntos. O Eduardo jogou o Moleque Bom de Bola, jogou pelo colégio, no Flamenguinho. O sonho dele talvez era ser um jogador profissional como tantos outros garotos da idade dele”, lembra Dirceu, ao ressaltar que o seu filho, Guilherme, estudava na mesma classe que Eduardo.

Eduardo estava no primeiro ano do ensino médio noturno na Escola de Educação Básica Julius Karsten. De acordo com a professora de biologia, Josiane Maria Koch, o adolescente era um bom menino, estudioso e estava sempre preocupado em tirar boas notas. “Ele estava sempre disposto a ajudar os colegas e a escola. Era um aluno carismático, estava sempre sorrindo e fazendo brincadeiras. O Eduardo tinha um ótimo relacionamento com todos da turma e da escola. Vai fazer muita falta a todos. A turma está muito abalada com a situação”, revela.

Durante o velório do adolescente, na Capela Mortuária da Vila Lenzi, um grupo de amigos de Eduardo foi até o caixão para fazer uma homenagem, mais uma mostra do quanto o rapaz era querido entre todos aqueles que o rodeavam. Gabriel Minel, um grande amigo, destaca que Dudu era gentil e simpático com todo mundo. “Eu estudei com ele do terceiro ao sétimo ano e, por mais que eu tenha mudado de escola, sempre continuamos próximos. A gente sempre ia lá em casa jogar bola e sempre acabávamos com boas histórias pra contar”, reflete.

Nicholas Souza de Jesus conhecia Eduardo há cinco anos. Os dois eram amigos inseparáveis na escola e jogavam bola praticamente toda semana. “Ele era aquele cara mais tranquilo, não tanto da zoeira. Mas estava sempre lá com os amigos. Se fosse pra ajudar, ele ajudava. Se fosse pra brincar, ele brincava também. Eu nunca vou esquecer o que o Dudu era pra mim. Ele era um cara muito gente boa, um garoto muito tranquilo. Ele nunca faltou com respeito comigo, nunca fez nada de mal pra mim. Durante todo o nosso tempo de amizade a gente nem brigou. Ele vai estar nas minhas memórias pra sempre”, comenta, ao ressaltar que o futebol era o assunto preferido do amigo.

Acidente envolvendo bicicleta de Eduardo e um Vectra na BR-280, perto da entrada do bairro Estrada Nova | Foto Fábio Junkes/OCP

Um minuto de descuido e lá se foi mais uma vida

Na tarde de terça, Eduardo havia ido de bicicleta até o posto Mime do bairro Água Verde para entregar umas roupas para a sua mãe. Quando voltava para casa, ele atravessou a BR-280, nas proximidades do viaduto de acesso ao bairro Estrada Nova, e foi atingido por um Chevrolet Vectra, com placa de Jaraguá do Sul. “O meu tio estava de carro e acelerou para alcançar ele e ajudar a atravessar. Só que, quando o meu tio chegou, ele já tinha sofrido o acidente”, revela a prima Francine Sevignani.

Após o acidente, o motorista do automóvel alegou que não estava em alta velocidade e que Eduardo atravessou a rua de repente. “Foi aquele minuto de distração. O Eduardo atravessou direto e foi atingido. O motorista prestou socorro, foi até o hospital e estava muito conturbado. Ele pedia desculpas o tempo todo. O motorista prestou toda a assistência que podia. Foi uma fatalidade”, analisa Francine.

O Corpo de Bombeiros Voluntários e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram chamados para atender Eduardo por volta das 17h50 desta terça-feira (17).  Ele tinha um ferimento no ombro esquerdo e trauma cranioencefálico. Foi levado em estado grave para o Hospital São José. Apesar dos esforços das equipes de resgate, morreu após dar entrada na unidade.

Local não tem sinalização para pedestres

O local onde aconteceu o acidente não tem sinalização de travessia de pedestres, apesar de estar em uma região de grande tráfego de veículos e com áreas residenciais próximas. A rodovia também não tem um acostamento pavimentado, o que dificulta a passagem de pedestres e ciclistas pelo local. A reportagem do jornal O Correio do Povo questionou o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) sobre planos de melhoria para o trecho, mas até o fechamento desta reportagem não houve resposta.

 

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Despedaçados, amigos e familiares externam dor sem fim

A rede de solidariedade à família cresce na mesma proporção da dor daqueles que foram surpreendidos com a notícia de que Eduardo se tornou mais uma vítima fatal do trânsito.

“Meu menino, a ficha não caiu ainda. Uma pessoa cheia de sonhos, com uma carreira enorme pela frente, nos deixou. Um menino que eu tenho orgulho de chamar de melhor amigo, aquele que me enchia o saco, aquele que me aconselhava, aquele que eu podia confiar em tudo (…) Não dá pra acreditar. A gente ia se ver nesse sábado, já estava tudo combinadinho. Mas daqui a pouco eu te vejo, meu amor. Não como eu queria, mas o meu último adeus eu vou te dar”, lamentou a amiga Larissa Bergamaschi, que iria encontrá-lo no sábado.

Prima de Eduardo, Caroline Krüger escreveu que o jovem era um “menino cheio de vida, cheio de saúde e com uma vida inteira pela frente”. Ela desejou que Eduardo “leve a sua alegria, seu amor e seu sorriso para um lugar sem dor”.

“Descanse em paz meu sobrinho, Nosso Dudu, ?? Se Deus te levou tão cedo é pq precisava de mais um anjo ao seu lado…a dor é muito grande, estamos em desespero… “, lamentou a tia Isaura Pereira.

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