Os desafios da ginecologia em tempos de Covid-19

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Por: Elissandro Sutil

08/04/2021 - 06:04 - Atualizada em: 08/04/2021 - 13:18

Em meio à pandemia de Covid-19, a saúde feminina – e não só ela – esteve, muitas vezes, em xeque por diversos motivos. Para além do risco de contaminação pelo coronavírus, a necessidade de isolamento social e o medo de infecção fizeram com que muitas mulheres se distanciassem de atendimentos médicos rotineiros – um fenômeno que ocorreu em todos os segmentos.

Diante dos acontecimentos e a velocidade com que a pandemia afetou todo o mundo, o emocional feminino sofreu e ainda sofre. Não à toa, um estudo realizado pela ONG Kaiser Family Foundation, dos Estados Unidos, aponta que as mulheres se sentem emocionalmente mais abaladas em meio à pandemia do que os homens. Os dados mostram que 53% das mulheres que responderam a pesquisa declararam que o estresse e a preocupação neste período têm relação com o Sars-Cov-2. Entre os homens, esse índice é de 37%.

Além disso, a ginecologista e obstetra Dra. Thaís Lebtag, afirma que as mulheres são maioria no que diz respeito à linha de frente do combate à pandemia de Covid-19. Elas, que precisam conciliar o cuidado dos filhos, trabalho exaustivo e atividades domésticas, acabam sofrendo mais.

“Nesse cenário, é muito importante que as mulheres mantenham as consultas de rotina e os exames preventivos em dia, e se atentem aos cuidados ligados à saúde mental. Um ponto também importante durante a pandemia, é se informar sobre o vírus e também sobre os cuidados básicos de saúde, prevenção e vacinação”, ressalta Dra. Thaís.

Vacina para gestantes

Os estudos com as vacinas contra a Covid-19 começaram se concentrando nos adultos em geral (e em idosos), até por uma questão de segurança. Mas agora os cientistas já estão de olho em outras populações e começam a aparecer resultados de pesquisas preliminares sobre a aplicação do imunizante do coronavírus em gestantes e crianças.

Segundo a ginecologista e obstetra, a maior restrição para as grávidas envolve as vacinas com vírus vivos atenuado. Isso porque há um risco teórico de que, mesmo enfraquecido, o agente infeccioso presente no imunizante conseguiria afetar o bebê.

“Isso poderia levar a malformações fetais e algumas outras complicações. É um risco teórico, mas ainda não se indica imunizantes desse tipo às gestantes por uma questão de segurança”, explica.

Mesmo sem grandes ensaios clínicos com essa população, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (Figo) recomendam a vacinação desse grupo.

“A Figo considera que não há riscos, reais ou teóricos, que superem os potenciais benefícios da imunização para mulheres grávidas”, afirma o órgão em comunicado oficial. Nos Estados Unidos, cerca de 20 mil grávidas que são profissionais da saúde foram vacinadas e não apresentaram complicações.

Para melhorar, resultados preliminares de pesquisas com gestantes começam a aparecer. Uma pesquisa feita em Israel concluiu que as vacinas da Pfizer e da Moderna, além de eficazes nas mães, resultaram na presença de anticorpos contra o coronavírus no leite materno.

Outra – conduzida nos Estados Unidos com cerca de 130 voluntárias – reforçou esses achados e ainda encontrou anticorpos no sangue do cordão umbilical.

“São sinais de que a vacinação da gestante pode manter o bebê protegido quando ele nascer. As evidências ainda estão se acumulando, porém, em uma situação de emergência como a atual, permitem presumir que os imunizantes contra o coronavírus são seguros para grávidas”, destaca a médica.

O Brasil, atualmente, não possui uma recomendação oficial sobre o assunto. O posicionamento atual das sociedades médicas é o de que especialista e gestante tomem uma decisão compartilhada, avaliando cada caso individualmente.

Sobre a especialista

A Dra. Thaís Straliotto Lebtag (CRM/SC 14849 e RQE 12.383) atende no Hospital e Maternidade Jaraguá, na rua dos Motoristas, 120. E também na Policlínica Rio Branco, na rua Barão do Rio Branco, 207, 1º andar, sala 05. Contato pelo telefone (47) 3275-1063.