Dores no tórax não devem ser menosprezadas

Por: Elissandro Sutil

29/04/2021 - 07:04 - Atualizada em: 29/04/2021 - 15:58

Sempre que sentimos algo, o último diagnóstico que devemos dar ou que as pessoas devem receber, é a costumeira frase: “Isto é psicológico”.

Os diagnósticos mais comuns de dor na região torácica são as de origem cardiológica, muscular, gastro intestinais, relacionadas ao fígado e ao sistema respiratório. De acordo com o cirurgião torácico, Dr. Giovani Mezzalira, isso acontece devido a anatomia do tórax, onde as costelas abrigam muitos órgãos como os pulmões, coração, esôfago, músculo diafragmático, fígado, estômago, intestino, rim e outros mais.

A dor geralmente sinaliza e orienta o diagnóstico, porém muitas vezes ela é vaga, ou seja, mal definida, parece uma sensação desconfortante que vai e vêm.

“Tento escrever sobre alguns alertas em cima de vivências recentes e um fato que neste ano e de forma intensificada vieram até mim nestes últimos dois meses, foram as doenças do mediastino”, destaca Dr. Giovani.

O meio do tórax chamado de mediastino pode ter muitos diagnósticos que iniciam com sensações vagas de mal estar torácico, ora uma dorzinha, ora um cansaço diferente, indicando que este é o grande momento de investigar, pois a doença deve estar na fase inicial e não somente fazer um raio-x e se não apontar nada, relaxar. “O ideal é consultar com um cirurgião torácico, já que, muitas vezes, as lesões iniciais (nestas áreas) serão vistas somente com uma tomografia computadorizada”, explica.

Ele conta que nesses dois meses já operou quatro pacientes com lesões tumorais no mediastino e tem outro caso cirúrgico agendado para o final desse mês. Segundo o cirurgião, todos sentiam exatamente o que foi descrito anteriormente e apresentavam as sensações há mais de quatro meses.

Essas lesões, em boa parte das vezes, precisam de biópsias, mas na grande maioria a melhor conduta será a cirurgia com a retirada completa, assim, pode-se evitar o rompimento da cápsula que isola a lesão das outras estruturas do mediastino.

Antigamente todos os casos, mesmo os iniciais, eram feitos por cirurgia aberta ou convencional. Com o passar do tempo a vídeo cirurgia chegou e foi ganhando espaço, mostrando benefícios como a diminuição do tempo de internação – uma taxa menor de dor no pós operatório – resumindo, um menor risco no contexto geral. O especialista ainda ressalta que hoje a técnica minimamente invasiva se depara com a vídeo cirurgia habitual e a cirurgia robótica.

“Estudo e pratico intensamente a vídeo cirurgia torácica há 20 anos, mas confesso que a minha última cirurgia para retirada de um tumor de mediastino feita pela técnica robótica na cidade de Curitiba, no Paraná, seria muito mais complexa se fosse por vídeo cirurgia convencional. A anatomia era diferente e a capacidade incrivelmente maior da visão 3D que a robótica oferece, associado a pinças que se movimentam mais que as próprias mãos, fizeram toda a diferença”, afirma.

Como mostra as fotos da última cirurgia feita pelo Dr. Giovani, o cirurgião controla o robô a partir de console em que tem uma visão 3D e com os dedos faz mímicas que controlam os braços do sistema.

Para ele, a técnica robótica dominará os procedimentos para essa região mediastinal em muito pouco tempo. Já existem argumentos suficientes para isso, ratificando como uma das principais opções no tratamentos das doenças desta região. “Como a vídeo cirurgia demorou para ser aceita, a robótica percorrerá um caminho similar, e daqui a pouco será parte da propedêutica armada para manejo não somente desta, mas de muitas outras lesões”, finaliza Mezzalira.

Sobre o especialista

O Dr. Giovani W. Mezzalira (CRM-SC 8611) atende na Clínica Toracopulmonar em Jaraguá do Sul. É formado em medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde também se especializou em cirurgia geral. É cirurgião torácico, especializado pelo Hospital Universitário Evangélico de Curitiba e mestre em cirurgia torácica pela PUC – PR.