Tratar rinite melhora a qualidade de vida!

Por: Elissandro Sutil

10/09/2018 - 10:09 - Atualizada em: 10/09/2018 - 14:25

O ato de respirar, tão importante para a nossa vida, não costuma ser feito de forma consciente. Geralmente, a respiração é evidenciada quando há algum desconforto ou dificuldade, situações que costumam trazer indisposição e cansaço. No entanto, os transtornos causados pelos problemas respiratórios podem gerar outras doenças e é importante buscar tratamento.

A otorrinolaringologia é a especialidade médica que se dedica a estudar e tratar doenças que atacam o ouvido, o nariz e a garganta. Estes órgãos estão interligados e, quando não desempenham seu papel corretamente, podem desencadear enfermidades. Portanto, ao tratar uma rinite, por exemplo, o paciente estará protegendo, também, sua garganta e até mesmo evitando crises de asma.

A médica otorrinolaringologista Dra. Suzanne Mallmann Varnier ressalta que a rinite é uma das doenças crônicas mais comuns na infância e que vem ocorrendo o crescimento de alergia na população em geral. O estudo de Lance, de 2007, demonstra que a rinite chega a acometer até 50% da população infantil, assim como nos adultos varia de 10% a 30% da população adulta.

Segundo outro estudo, realizado no departamento de saúde dos Estados Unidos, a rinite é a doença mais prevalente nas crianças e a sexta doença mais prevalente nos adultos na população americana.

A especialista revela a existência de fatores genéticos e ambientais associados à rinite. Dra. Suzanne relata que “a exposição ao cigarro também é um fator associado, assim como primeiro filho ou filho único e história familiar de atopia”.  A rinite, que significa inflamação da mucosa do nariz, pode ser dividida em rinite alérgica e rinite não alérgica.

A não alérgica pode ocorrer com a troca brusca de temperatura, o contato com perfumes ou cheiros fortes (produtos químicos) ou fumaça, por exemplo. É possível se manifestar também por causa do exercício físico, ou no simples ato de se alimentar (algumas vezes mais comum nos idosos).

As rinites não alérgicas normalmente iniciam os sintomas mais tardiamente e com queixas principalmente de nariz trancado e secreção. Já as rinites alérgicas, estão relacionadas a uma proteína desencadeadora, e apresentam como sintomas principalmente como espirros e prurido nasal, início precoce e com sintomas oculares associados, principalmente coceira nos olhos.

“Você tem um fator desencadeante pontual, ácaros e poeira, pólen (muito comum aqui na região Sul), insetos (baratas principalmente), fungos, animais domésticos (cão e gato), são proteínas específicas que geram a rinite. Para esses tipos, temos tratamento diferentes”, destaca.

Como nariz, ouvidos e garganta estão interligados, a médica ressalta que o tratamento de rinite é muito importante. Dra. Suzanne explica que o nariz tem a função de aquecer o ar, filtrar e diminuir sua velocidade, para só então liberá-lo para a garganta e, depois, ao pulmão.

Portanto, quando o nariz está impedido de exercer sua função, a pessoa irá optar pela boca, levando o ar gelado direto à garganta. “Se ela inalar uma bactéria pode ocorrer infecção”, aponta.

As comorbidades mais correlacionadas com a rinite podem ser distúrbios de sono, rinossinusites, rinoconjuntivites, asma, deformidades e desarmonias do desenvolvimento da face e infecções de ouvido. Além disso, a rinite causa impacto na vida diária, podendo gerar alterações no aprendizado na escola e no trabalho, baixa produtividade e até mesmo faltas, cansaço e alterações de sono pelo quadro clínico.

Para tratar a rinite, é preciso descobrir o tipo e o fator desencadeante. Nos quadros alérgicos e não alérgicos, independente do tipo, a lavagem nasal é de fundamental importância, pois ela tem como objetivo retirar os fatores estimulantes e desencadeantes.

Dentro da parte alérgica, existe a possibilidade de tratamento com imunoterapia, em que o paciente recebe uma vacina específica (gotas que pinga na boca diariamente) para o tipo de alergia, detectada pela investigação médica completa.

A especialidade também trata das questões referentes à sensibilidade na audição – desconforto ao ruído, zumbido ou perda auditiva, infecções internas e externas de ouvido, além da parte do labirinto e tonturas. Na área nasal, engloba lesões no nariz, rinite, sinusite, desvio de septo e parte plástica.

E, por fim, as infecções da garganta, amigdala muito grande ou com cáseos – aquelas “bolinhas amarelas” que causam mau hálito -, pregas vocais e problemas na deglutição fazem parte da investigação feita pela especialidade.

“Como toda a via respiratória é vinculada, a especialidade também engloba a medicina do sono. Por exemplo, desvio de septo, adenoide, ou amígdala hipertrofiada (grande) também pode gerar distúrbio do sono (ronco é o sinal de que alguma coisa está alterada), havendo a necessidade de uma pesquisa completa”, alerta.

Tanto a prevenção, com cuidados diários do ambiente e da higiene, quanto o tratamento adequado são aliados importantes para a saúde. O auxílio de um especialista é fundamental para combater estas e outras doenças.

  • Dra. Suzanne Mallmann Varnier
  • CRM-SC 19339
  • Médica otorrinolaringologista com residência médica realizada na Sociedade Hospitalar Angelina Caron (Paraná) e título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia (ABORLCCF) e Associação Médica Brasileira (AMB). Participa ativamente como sócio titular da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço por meio de cursos, além de congressos, cursos práticos, seminários, fóruns e eventos científicos. Possui também pós-graduação lato sensu em Medicina da Família e está finalizando a pós-graduação lato sensu em Medicina do Trabalho. Graduada em medicina pela Faculdade Evangélica do Paraná (2012). RQE OTORRINOLARINGOLOGIA: 14719.