Secretária descarta “política higienista” para moradores de rua em Joinville

A Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Câmara de Joinville discutiu nesta quarta-feira (24) a política do município para moradores de rua.

Conforme a secretária de Assistência Social, Fabiane Cardozo, não é possível simplesmente retirar as pessoas da rua, como cobra parte da população. “Não é uma política higienista que a gente prega, é uma política de educação, estamos lidando com seres humanos”, afirmou.

 

 

O vereador Sales (PTB) conta que a população do Centro está apreensiva com a presença de pessoas em situação de rua, como as que dormem em frente aos bancos. “Hoje, quem mora no Centro da cidade tem medo de convidar alguém para ir a sua casa”, disse o parlamentar.

Joinville oferece hospedagem e comida gratuitas, mas nem todos aceitam participar dos programas. Muitos são usuários de drogas e encontram mais liberdade nas ruas do que em abrigos.

“As pessoas perguntam ‘como é que tem gente na rua se tem vaga lá (nos abrigos)?’ Eles têm que querer. A gente não consegue ir lá pegar a pessoa e colocar na Kombi”, explicou Fabiane.

Não existe um censo de pessoas em situação de rua em Joinville, e a prefeitura não fez estimativas. Em 2007, segundo o vereador Maurício Peixer (PL), que à época atuava como secretário de Assistência Social, havia 147 pessoas nessa situação. Hoje, afirma, há cerca de mil.

“Os prefeitos que passaram não deram atenção a isso, e Joinville se tornou uma cidade agradável para essas pessoas”, disse o atual presidente da Câmara.

Localizado ao lado da rodoviária, o Centro POP atende cerca de 300 cidadãos por mês. A maioria (63%) vem de outros estados e já está na rua há mais de seis meses, conforme dados que foram tabulados ano passado.

De acordo coma secretária de Assistência Social, muitos foram despachados por prefeituras que querem se livrar deles.

Fabiane admitiu, porém, que a abordagem em Joinville pode mudar, passando a ser mais frequente oferecer passagens de volta – para a cidade de origem – àqueles que não aceitam encaminhamento para o mercado de trabalho, por exemplo.

“A gente está pensando em conversar com eles, porque quem não quiser nada com nada, aí vai ser complicado”, explicou.

Fonte: Câmara de Vereadores