Cidades do litoral catarinense enfrentam demandas de infraestrutura

O litoral catarinense encanta com suas praias de mar aberto, enseadas, costões e montanhas que mergulham no oceano.

Apesar de cativar milhões de turistas na alta temporada, as cidades praianas de Santa Catarina ainda precisam melhorar em aspectos importantes como infraestrutura urbana, mobilidade e saneamento básico.

Alguns projetos começam a caminhar para fortalecer as cidades. Em Barra Velha, por exemplo, o desassoreamento da lagoa e a construção de um pronto atendimento.

Outros pontos ainda precisam de investimento público, como é o caso do acesso à São Francisco do Sul, que depende, como a região, da duplicação da BR-280.

Praias atraentes

Balneário Camboriú tem uma população de 124.557 habitantes, mas durante a alta temporada, de dezembro a março, a cidade chega a receber 1,5 milhão de pessoas, segundo a Secretaria de Turismo de Santa Catarina.

A Prefeitura do município está com um projeto para ampliar a faixa de areia da orla. Mas apesar de ser bastante questionada pelo fato da sombra dos prédios altos evitarem que os banhistas tomem sol, a prefeitura de Balneário Camboriú garante que o projeto não se deu por esse motivo.

“O objetivo é trazer mais conforto e segurança aos frequentadores da praia, ampliando as estruturas já existentes”, relata Altamir Teixeira, secretario de turismo do município.

O projeto está em fase de licitação e é previsto um orçamento de R$ 105 milhões. A execução foi adiada para o ano que vem.

Morador de Balneário Camboriú, Denis Laranjeira acredita que as praias de BC precisam de melhorias na infraestrutura, começando por coisas simples, como mais lixeiras na areia, mais postos salva-vidas, atendimento a turistas e postos de polícia.

“Tem praias que não tem lugar para jogar lixo e outras que também até demais”, disse.

Apesar de bela, a “Dubai brasileira” tem seus problemas. O saneamento de água e esgoto da cidade apresenta sinais de saturação, causando, de acordo com alguns ambientalistas, poluição das águas, afetando a fauna e flora da região. Laranjeira diz que a cidade dos arranha-céus precisa olhar com mais carinho para seu ecossistema.

Apesar de não tratar a questão do sol como o principal ponto para o projeto, a execução também vai beneficiar os banhistas que frequentam a praia, completamente escondida nas sombras dos prédios a partir do meio da tarde.

Mas por outro lado, o brilho do sol e o projeto como um todo deve incentivar a construção civil, já que os imóveis da região vão valorizar ainda mais.

Taxa ambiental

Muitos municípios litorâneos vivem um cenário com as contas públicas apertadas e cinco dessas cidades pretendem aderir a Taxa de Preservação Ambiental (TPA) de Bombinhas: Porto Belo, Itapoá, São Francisco do Sul, Governador Celso Ramos e Florianópolis.

Entre eles, se encontra o terceiro município mais antigo do Brasil, São Francisco do Sul, bastante frequentado por moradores da região.

O turistas terão que pagar entre R$ 6,72 e R$ 147,98 para visitar o município na alta temporada. Moradores de São Chico, trabalhadores de cidades vizinhas, veículos oficiais e que prestam serviços ao município terão isenção da taxa.

As pessoas que têm casas na cidade, só utilizando no verão, também serão isentas da cobrança.

Bombinhas foi pioneira na cobrança da taxa na região | Foto Divulgação

Bombinhas foi pioneira na cobrança da taxa na região | Foto Divulgação

O projeto de lei está pronto e já passou por audiências públicas, mas, segundo a assessoria da Prefeitura, primeiro será feito um diálogo com empresários, comerciantes e moradores para depois o projeto de lei ir para votação na Câmara de Vereadores

O período de cobrança de taxa será de novembro a março, mas o início só deve ser no final de 2019. Ainda de acordo com a assessoria da Prefeitura, 100% do dinheiro arrecado será investido em obras de infraestrutura,

A prefeitura de São Francisco do Sul já fez cálculos prevendo a receita, que no pior cenário deve angariar R$ 3,8 milhões, e em uma perspectiva otimista, traria para o município R$ 12,9 milhões.

Saneamento básico

Uma lagoa de 10 quilômetros de extensão sempre chamou atenção por sua beleza, mas o mau cheiro e a cor, que demonstra o quão suja é, vem afastando os turistas. Uma revindicação antiga dos moradores e pescadores da região parece finalmente estar sendo atendida pela Prefeitura de Barra Velha.

Em novembro de 2018, começou o desassoreamento da Lagoa de Barra Velha e da Barrinha do rio Itajuba. O prefeito da município, Valter Zimmermann (DEM), disse que está feito estudos para melhorar a condição da lagoa.

Mau cheiro da lagoa incomoda moradores e turistas | Foto Divulgação

Ele também falou que será feito um estudo técnico para possibilitar o uso da areia retirada da lagoa para o aterro da orla atingida pelas ressacas.

“Se o município contratasse uma empresa para prestar este tipo de serviço sairia muito caro para os cofres públicos. Agora, temos um equipamento próprio que só terá custos com manutenção”, esclarece o prefeito.

Saneamento básico também é um problema em São Francisco do Sul. E pensando em melhorar essa questão, o dinheiro arrecadado com a Taxa de Preservação Ambiental será destinado para a preservação do meio ambiente, entre eles a implantação de saneamento básico na cidade.

Esgotos mal planejados acabam com a beleza das praias | Foto Divulgação

Mas, para a moradora da cidade, Helena Bosse a questão vai muito além. Ela cita que o problema de falta d’água na cidade é devido a falta de consciência dos veranistas e dos residentes, que desperdiçam muito nessa época do ano.

“Piscinas, muitos banhos e até lavar a calçada muitas vezes por semana. A atenção não deve ser dada apenas para a infraestrutura, como para os hábitos da população”, indaga.

Helena ainda alerta a população para um ponto importante: a produção do lixo no verão. Ela conta que é importante as pessoas terem o entendimento de que é essencial cuidar do lugar de onde vivem ou aproveitam a temporada.

“É importante separar da maneira correta e principalmente descartar garrafas e latinhas nos lixeiros quando estiverem aproveitando a praia”, frisa.

Melhorias no trânsito

A bela Ilha de São Francisco do Sul é um dos destinos preferidos da população do Norte Catarinense na alta temporada, mas a consequência disso os motoristas já sabem: muitas horas na estrada, mas ao invés de estiver andando, o carro na maioria das vezes está parado.

As limitações das rodovias de acesso fazem com que se forme um trânsito caótico para entrar e sair de São Francisco do Sul. A BR-280, principal acesso, tem faixa simples e não consegue suportar o alto numero de veículos que trafega por ela no verão.

Congestionamentos são comuns nesta época do ano | Foto Divulgação

A SC-415, que da acesso a Balneário Barra do Sul, município vizinho, também não tem faixa dupla. E as filas se intensificam no ponto de interseção entre a rodovia federal e a estadual. “Turistas e moradores ainda esperam pela duplicação da BR-280”, ressalta a moradora Helena Bosse.

A duplicação do lote 1 da BR-280, desde o Porto de São Francisco até a BR-101, deveria ter começado maio deste ano, mas até agora a obra não começou e não há previsão para início.

O projeto faz parte da duplicação que passa por Araquari, Guaramirim e Jaraguá do Sul, nos lotes 2.1 e 2.2, a obra anda a passos lentos.

Falta de hospitais entre Barra Velha e Penha

Barra Velha e Penha são dois dos destinos muito procurados na alta temporada, e se tem uma coisa que os preocupam é a falta de hospitais entre as duas cidades. Um grupo de italianos chegou a entregar a proposta da construção de um hospital com 250 leitos em Barra Velha, mas o projeto emperrou.

Enquanto um hospital não vem, outro projeto ganhou força em 2018. Em maio, o Ministério da Saúde confirmou o projeto e recursos para uma nova Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na cidade.

Autor do projeto, o vereador Jorge Mário Borghetti, disse que a capacidade de atendimento médico será de 150 pacientes por dia, com estrutura para abranger de 50 a 100 mil pacientes de Barra Velha e região.

O vereador disse que encaminhou o projeto de estrutura tipo 3, que atenderia de 200 a 300 mil pacientes, mas o Governo do Estado só disponibilizou o tipo 1, com menor capacidade. “O governo alegou não ter como garantir uma gestão tripartite”, conta o parlamentar.

Fortalecimento econômico

Se o turismo não é a principal fonte econômica destas cidades praianas, ele é uma das chaves para fortalecer a economia da região. No verão, há crescimento de negócios, mas alguns municípios precisam se desdobrar ao longo do ano.

O secretário de turismo de Balneário Camboriú, Altamir Teixeira, disse que obviamente a cidade pulsa mais no verão, mas que ao longo do ano conta com diversas atrações que continuam fazendo do turismo uma fonte sustentável.

Como conta com o Beto Carrero World, Penha sempre atraí turistas, mas mesmo assim vem investindo em programações especiais. Neste ano, a cidade organizou 14 dias de comemoração pela festa de aniversário do município, em julho, em pleno inverno – a conhecida baixa temporada.

Por meio de nota, a Secretaria de Turismo de Piçarras, disse que conta com roteiros personalizados em embarcações apropriadas para ter força econômica na baixa temporada. A pesca em alto-mar, a pesca ancorada e pesca costeira são algumas das opções disponibilizadas.

 

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