OCP nos bairros: desenvolvimento é visível na Barra do Rio Molha

Muito pouco se sabe sobre a origem do nome do bairro que hoje abriga a Prefeitura de Jaraguá do Sul.

Se a Barra do Rio Molha recebe, diariamente, milhares de “visitantes” graças ao prédio verde da Administração Municipal, essas visitas se multiplicam em novembro, quando o Parque Municipal de Eventos abre os portões para a Schützenfest, a tradicional Festa dos Atiradores.

Mas, se hoje o nome do bairro é comum e carinhosamente diminuído para “Barra”, não se sabe ao certo como se chegou a ele.

De acordo com o Arquivo Histórico Eugênio Victor Schmöckel, a origem do nome e o seu significado são consideradas incógnitas. O registro mais antigo conhecido apontava para a denominação de “Ribeirão da Pedra Molha”.

Porém, desconfia-se que o ‘pedra molha’ tenha sido um erro devido à falta de conhecimento dos imigrantes com relação à língua portuguesa.

Dessa maneira, o correto seria “pedra molhada”. Depois disso, há outro registro: Ribeirão Pedra da Molha. Desconfianças e suposições à parte, ainda não há nada capaz de estabelecer com precisão a origem e o significado do nome do bairro, que mudou muito nas últimas décadas.

Se no início da colonização jaraguaense as terras situadas à margem direita do rio Jaraguá pertenciam ao Estado de Santa Catarina e foram demarcadas e vendidas por lotes pela Agência de Colonização, que se situava em Blumenau, hoje o visual é muito diferente.

Ainda de acordo com o arquivo histórico, embora a colonização do bairro, assim como do município, tenha se dado com a chegada de imigrantes e colonos, antes da chegada deles já havia de sete a oito caboclos morando na região da Barra do Rio Molha.

Transformação

Se a história ainda é bastante nebulosa quanto ao nome do bairro, as coisas começam a ficar mais palpáveis conforme os anos avançaram.

Principal rua e via de ligação para os bairros vizinhos, a Walter Marquardt só começou a ser chamada assim em 1965, mais precisamente, a partir do dia 23 de agosto, quando o então prefeito Roland Harold Dornbusch sancionou o projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal que nomeava a via.

De lá pra cá, a rua se transformou e o bairro também. O crescimento é indiscutível e é na Walter Marquardt que se concentra, de um lado, as decisões do executivo na Prefeitura Municipal, do outro, as principais festas e eventos da cidade, no Parque Municipal de Eventos.

Em 1965, principal via do bairro recebeu o nome que carrega até hoje | Foto Arquivo Histórico

Se de um lado a Barra do Rio Molha é construída com desenvolvimento, o bairro também ficou marcado, em 2008, pela maior tragédia climática que atingiu Santa Catarina. Naquele ano, as chuvas castigaram diversas regiões do estado e, Jaraguá do Sul foi um dos municípios mais atingidos.

Em 24 de novembro daquele ano, um desmoronamento na rua Feliciano Bortolini matou nove pessoas da mesma família, apenas Renan Lescowicz sobreviveu a tragédia.

O desmoronamento soterrou a casa em que a família morava e, além dela, as casas dos tios, primos e avós de Renan também foram atingidas. Até hoje, o local, na curva que liga as ruas Feliciano Bortolini a Walter Marquard, está vazio, sem novas construções.

Superando a tragédia, o bairro cresce ano após ano, garantem os moradores que, segundo o Censo 2010 realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), somavam quase 2,3 mil.

Quem chega enaltece infraestrutura

Uma passada rápida pela principal rua é capaz de dar uma ideia do perfil do bairro. A mistura entre residências e comércio se estende ao longo de toda a região que tem como ponto principal a Prefeitura e Secretarias Municipais.

Se para quem é “cria de Jaraguá” essa infraestrutura é natural, quem chega à cidade não deixa de compará-la a outros municípios. É o caso do designer gráfico Marcelo Queiroz Rocha, 37 anos, e recém chegado a Jaraguá do Sul.

Para ele, que se mudou para a rua Vitcowski, na Barra do Rio Molha, há cerca de um mês, é impossível não se entusiasmar com a estrutura oferecida com a de sua cidade, Belo Horizonte. “Nem dá pra comparar, os serviços são muito mais rápidos. Lá, pra conseguir uma consulta no posto é capaz de demorar um ano”, diz.

Marcelo chegou há cerca de um mês e enaltece infraestrutura do bairro | Foto: Edu Montecino/OCP News

O designer se mudou para a cidade com a companheira e os três filhos – 12, 11 e 3 anos – e afirma que o incentivo para a mudança foi a possibilidade de viver melhor. “O que me trouxe para cá foi a qualidade de vida e, como consequência, um mudança nas nossas próprias vidas”, ressalta.

Ainda se adaptando à Barra, ele brinca que fica confuso com a proximidade e a expansão dos bairros, que acabam se conectando. “Causa uma certa confusão né? É tudo meio junto, aí nunca sei em qual bairro estou quando estou andando”, fala.

Em um mês, a impressão de Marcelo são as melhores possíveis e, para ele, Jaraguá do Sul consegue unir perfis distintos que resultam na qualidade de vida. “Aqui tem aquela mistura de paz do interior com a estrutura de cidade grande”, avalia.

Para ele, a Barra se mostrou um excelente bairro. O designer conta que nestes 30 dias, pôde perceber que o bairro possui todos os serviços e comércios necessários, mais ainda não localizou uma padaria.

“Aqui em casa somos acostumados com padaria perto, os meninos são viciados em pão e não tem uma tão pertinho assim, mas isso sequer chega a incomodar”, garante.

Se a chegada é recente, a despedida parece estar bem distante porque, segundo Marcelo, a conexão com a cidade foi imediata.

Estrutura acompanhou crescimento

A lojinha de aviamentos ao lado do prédio da Prefeitura já é praticamente um patrimônio na Barra do Rio Molha. Há 20 anos, todos os dias, Adriana Claudia dos Santos da Silva, 47 anos, abre as portas para os clientes e, foi dali que ela viu o bairro crescer, conta.

Nascida e criada no bairro, Adriana diz que é impossível não ficar admirada com o desenvolvimento da região que “só tende a crescer”, avalia. Para ela, o desenvolvimento da cidade e do bairro não prejudicou em nada a tranquilidade do local.

Presença do poder administrativo influencia crescimento, acreditam moradores | Foto: Edu Montecino/OCP News

“A cidade tem crescido muito e o bairro também. Tinha época que as ruas eram todas de barro, imagina. Mas ainda é uma cidade muito boa de se viver e o bairro é muito seguro”, analisa.

Para ela, o comércio variado, a proximidade com a Prefeitura e o Parque de Eventos, são os pontos positivos do bairro que, por consequência, acaba oferecendo boa estrutura de serviços como saúde, educação e lazer.

Já os congestionamentos são, segundo Adriana, um problema a ser resolvido.

“O trânsito é sempre um problema. Há pouco tempo mudaram algumas ruas, mas a Walter ainda tem um trânsito pesado. Talvez devessem pensar em uma solução que tornasse a via de mão única”, sugere.

Enquanto Adriana dava os primeiros passos com a loja, Luís Carlos de Lima se mudava para o bairro. Hoje, aos 65 anos, e há um como presidente da Associação de Moradores, diz que “não há muitas queixas a fazer sobre o bairro”.

Ele conta que os pedidos feitos neste ano foram atendidos, como calçamento em algumas ruas e pinturas de faixas.

Nascida e criada no bairro, Adriana aponta o trânsito como problema que merece atenção | Foto: Edu Montecino/OCP News

Só há um ofício ainda não respondido, afirma o presidente. “Só um pedido ainda não foi realizado, que é uma faixa elevada na frente do Sesi. Já fiz o ofício no começo do ano, eles falaram que iriam verificar e até agora nada, nenhuma resposta”, diz.

Lima lembra que o bairro era bem diferente quando ele e a família desembarcaram na região e também afirma que o crescimento é indiscutível. “Mudou bastante, tem muitos moradores agora, mas acredito que a infraestrutura acompanhou e dá conta da demanda. Não vejo muita dificuldade”, completa.

A novidade, ele conta, é uma horta comunitária que tem tudo para ser instalada em breve no terreno da associação. “Os moradores pediram e já estamos vendo certinho como fazer, com o apoio da prefeitura”, finaliza.

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