O desafio de quem tenta proteger os cães jogados pelas ruas em Jaraguá do Sul

Por: OCP News Jaraguá do Sul

29/09/2017 - 16:09 - Atualizada em: 29/09/2017 - 17:06

O que para a maior parte das pessoas pode parece ser um caos é a realidade de Maria Tereza de Oliveira, 46 anos, moradora do bairro Três Rios do Norte, em Jaraguá do Sul, no Norte catarinense. A diarista tem sob a sua guarda cerca de 180 cães de vários tamanhos e idades. Conhecida por receber animais em situação de abandono há seis anos, ela conta que o número de cães jogados perto da sua casa é enorme. Sempre disposta a recolher os animais abandonados, ela sofre com a falta de condições para cuidá-los e alimentá-los.

“Eles jogam os animais como se fosse papel na rua. Eles localizam onde você mora e jogam todos na tua rua ou em um local próximo. A gente pedia ajuda para a Prefeitura informando que tem cachorro com filhotes abandonados, mas eles não fazem nada. Estão (os animaizinhos) sofrendo e não há lugar para eles. Como tenho o coração muito mole, acolho. Nunca vamos deixar uma mãe com as crias. Nós pedimos que as pessoas parem de abandonar os animais, não temos dinheiro nem teto para todos nessa situação. Para a população, nós somos loucos, mas loucos são aqueles que abandonam um cachorro”, lamenta Maria.

A situação ficou ainda mais calamitosa há cerca de uma semana. Ela alugava um sítio por cerca de R$ 700 por mês. Após três aluguéis atrasados, o filho da dona da propriedade foi até o local e destruiu toda a estrutura que abrigava os animais. Os cachorros ficaram soltos, muitos deles foram para o mato, outros, sem convívio há mais de um ano, começaram a brigar. Como solução, Maria retirou os animais daquele local e abrigou em duas residências, mas de forma precária.

Agora, ela pede ajuda para construir abrigos para os animais em um sítio de uma amiga nas proximidades do bairro Nereu Ramos. Além de doações de ração ou arroz quebrado para alimentar os bichos, ela pede que as pessoas doem materiais de construção e telas para produzir novos abrigos para os cachorros.

 

Crueldade leva pessoas a jogarem famílias inteiras nas ruas

A acolhedora não está sozinha. O professor aposentado Marcio de Marco conhece bem a rotina de Maria Tereza e tem tentado orientá-la. Morador do bairro Santa Luzia, ele diz que às vezes ela é classificada como uma chata pela sua luta diária em prol dos animais, mas, como ele mesmo destaca, “ela é uma chata boa”, porque é uma pessoa do bem tentando resolver um problema social que é uma questão de saúde pública e ambiental: a posse irresponsável e o descarte de animais.

“Ajudo no que posso, tenho uma rede de amigos que doa comida, ração, gasolina, eu mesmo doei 20 metros de tela para separar os cachorros na chácara onde estavam, mas realmente é preocupante o fato de as pessoas saírem de suas casas para jogarem famílias inteiras de animaizinhos nas ruas”, destaca De Marco, ele mesmo tutor de dez cães e que diariamente recebe telefonemas de pessoas informando o abandono de mais animais. “A primeira coisa que pergunto é se a pessoa vai me ajudar. Também conto com parceiros veterinários no tratamento dos doentes. Só nesta semana precisei encaminhar três para cirurgia”, conta ele.

O professor diz que todos os animais têm nomes e a situação de alguns é realmente preocupante. São animais cujos donos morreram e os demais membros da família abandonaram, vítimas de crueldade, sarna e outras doenças. Mas ele tem feito um trabalho com Maria Tereza para que ela entenda que precisa encaminhar os animais que recolhe para adoção e não se torne uma acumuladora, . situação que incomoda os vizinhos dela, e que nem todos os animais que estão na rua foram abandonados.

Prefeitura não tem abrigo animal nem solução para caso

A Prefeitura de Jaraguá do Sul tem ciência da situação de abandono a que são submetidos muitos animais pela cidade, mas não tem um abrigo para eles. Segundo o responsável pela Vigilância Sanitária de Jaraguá do Sul, Dalton Fischer, não há uma definição para a situação vivida por Maria Tereza de Oliveira ou outros acolhedores. “Estamos procurando uma solução para esse caso e outros que possam surgir”, explica Dalton.

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PARA AJUDAR:

O contato para as doações pode ser feito pelo telefone (47) 99628-3420, falar com Katarina da Silva. Doações em dinheiro podem ser feitas por depósito em uma conta bancária no Sicredi – banco 085 – agência 0101-5, conta corrente 840.802-5.

Contato do professor Marcio de Marco: (47) 3274-8319

 

*Reportagem de Cláudio Costa e Rosana Ritta