Número de partos por cesárea volta a aumentar em Jaraguá

Por: OCP News Jaraguá do Sul

29/11/2016 - 07:11

Na manhã do último domingo (27), por volta das 7h30, Natali Francini Gaulke dava à luz ao seu primeiro filho, o pequeno Benjamin. Com uma gestação de 40 semanas, o menino nasceu com 4,5 quilos e 52 centímetros. A mãe integra um grupo que continua sendo minoria, já que somente 44,9% das mulheres que realizaram parto em Jaraguá do Sul até setembro deste ano optaram pelo procedimento natural.

Apesar de uma série de medidas adotadas pelo Governo Federal desde 2015 para incentivar o método natural de nascimento, o município voltou a apresentar um leve aumento nos partos cesáreos, com um índice de 55% entre os procedimentos realizados no período. No ano passado foi registrado o menor número em 12 anos, uma queda de 5% em relação a 2014, quando índice passou de 60% para 54,4%. Os dados são da Secretaria Municipal de Saúde.

Natali mãe - em (2)

As mudanças recomendam que o médico aguarde a gestante entrar em trabalho de parto para avaliar se há indicações para realização da cesariana. A incorporação de equipes profissionais nos hospitais, a capacitação para ampliar a segurança no parto normal e engajamento do corpo clínico para o atendimento estão entre as propostas. No ano passado, a taxa nacional de cesáreas era de 40% no SUS (Sistema Único de Saúde) e 84% nos planos de saúde, enquanto o aceitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de apenas 15%.

Nos meses de agosto, setembro e outubro, de acordo com dados do Hospital e Maternidade Jaraguá, 383 dos 719 partos efetuados foram por cesárea, e 336 foram naturais. Dos partos normais, apenas 82 eram de convênios médicos.

Preparação é fundamental

Natali buscou por informações para se preparar da melhor maneira para o parto normal, contratando, inclusive, uma doula para acompanhá-la. “Tenho pressão alta, então cuidei ainda mais. A experiência foi muito boa e diferente do que falavam, recomendo para todas as mulheres”, enfatiza.

O ginecologista obstetra do hospital Jaraguá, Eduardo Hochmuller, destaca que as ações de incentivo ao parto normal estão diminuindo os números de cesárias gradativamente, porém, ainda há casos em que os procedimentos acabam acontecendo por conveniência ou até mesmo por negligência da gestante. “Tem mulheres que chegam aqui sem ter feito o pré-natal, isso é uma questão de atenção básica, de suporte para as maternidades. Nesses casos, por segurança, acaba sendo optado pela cesárea”, explica.

O procedimento cirúrgico, destaca o obstetra, é de risco e aumenta as chances de infecção, de anemia e complicações pós parto. A recuperação também é mais rápida e menos dolorida pelo parto normal. “As cesáreas eletivas são uma das causadoras da prematuridade”, aponta.

Marli - em

No Centro de Atenção à Mulher, segundo a enfermeira Luciana Hermes, são oferecidos cursos para gestantes a cada três meses. Nele, as futuras mães são estimuladas através de visitas ao hospital para conhecer como funciona o parto normal. O tema também é trabalhado nas salas de espera e em atividades orientadoras. “A questão da dor com o vaginal ainda é muito forte e precisa ser difundida. A estrutura do corpo humano está preparada para o momento e é a melhor opção para a saúde de ambos, além de fortalecer a relação entre mãe e filho”, comenta.

Na quinta gestação, Marli Teresinha da Silva, 46 anos, prefere dessa vez passar pela cesárea. Pelos dois nascimentos que teve pelo parto normal, ela considera que a experiência foi dolorosa, por causa de condições específicas. “Eu não sinto as contrações pré-parto, então foi meio forçado na hora para nascer. Todos (os bebês) vieram com mais de cinco quilos também, o que complica o parto normal”, avalia.