Novo Ensino Médio: Professores contam a experiência com o novo formato de educação

Foto: Secretaria de Estado da Educação.

Por: Elissandro Sutil

12/11/2021 - 14:11 - Atualizada em: 12/11/2021 - 14:25

Na rede estadual de Santa Catarina, desde o ano passado, 120 escolas-piloto iniciaram a implementação do Novo Ensino Médio (NEM). Essas escolas vêm desenvolvendo ações de flexibilização do currículo, que englobam o trabalho com o Projeto de Vida, a Segunda Língua Estrangeira e os Componentes Curriculares Eletivos.

Como explica a gerente de Ensino Médio da SED, Letícia Vieira, essas disciplinas eletivas buscam tornar a escola um espaço para a discussão e vivências acerca de temas atuais e que interessam aos estudantes, “enriquecendo e ampliando as vivências e aprendizagens”.

Os eixos que compõem as eletivas são voltados para habilidades variadas e estruturados por diferentes focos pedagógicos, dividindo-se em: investigação científica, mediação e intervenção sociocultural, processos criativos e empreendedorismo.

No NEM as escolas podem selecionar as eletivas que irão oferecer na grade curricular e, dentre essas, os alunos escolhem aquelas que fizerem mais sentido para o seu projeto de vida.

A professora de Língua Portuguesa, Saionara Almeida Ramos, da EEB Mater Dolorum, acredita que a experiência com as eletivas tem sido muito gratificante.

“Permitiu aos estudantes a abertura para o novo, aumentou a resolução de problemas e as habilidades de comunicação”, afirma.

Ela ministra a eletiva “Práticas de Linguagens e Intervenção Sociocultural”, vinculada à área de Linguagens, códigos e suas tecnologias. Por meio de debates e outras ações pedagógicas, ela aborda a linguagem como uma ferramenta de ação e transformação sociocultural.

“Considero tão importante o envolvimento do aluno com a sociedade e isso nas eletivas é muito visível na prática. Eles se envolvem muito em investigar a realidade, diagnosticar os ambientes sociais e usar as práticas linguísticas apropriadas para intervir ativamente na sociedade”, pontua.

A experiência deu certo e tem ajudado a reconhecer jovens líderes na escola do Meio-Oeste, “além de desenvolver outros alunos que talvez ainda não tenham essas habilidades”.

Empreendedorismo

Essa visão também é corroborada pela professora Renata Manenti, da EEB Governador Bornhausen, em Arroio Trinta.

Ela acredita que o modelo no NEM é uma oportunidade para os jovens desenvolverem diversas competências, como o “protagonismo, pensamento crítico e capacidade de tomar decisões e planejar o futuro”.

Foto: Secretaria de Estado da Educação.

Ela ministra a eletiva de Educação Empreendedora, que visa a prática do empreendedorismo em diferentes níveis. Nas aulas, os estudantes são motivados a colocar em prática uma ideia inovadora a partir de seu plano de negócio.

“Presenciamos o brilho nos olhos dos alunos vendo suas ideias saindo do papel e podendo construir algo do zero”, disse.

Pesquisa científica sobre vacinas

Colocar a “mão na massa” é o objetivo principal da eletiva “Experimentação e outras práticas investigativas”, que está vinculada à área de Ciências da Natureza. Como explica o professor Samuel Marques, da EEB Benjamin Carvalho de Oliveira, em Ipumirim, essa eletiva busca aprofundar de forma interdisciplinar os conhecimentos das disciplinas de Física, Química e Biologia.

Em função da pandemia e das aulas na modalidade virtual ou híbrida, no primeiro semestre de 2021 ele focou o trabalho da eletiva na pesquisa e divulgação científica sobre o tema da vacinação contra a Covid-19.

Os alunos pesquisavam os temas relacionados e depois produziam material, por meio de vídeos e outros formatos informativos para a comunidade escolar.

“O principal aprendizado aos alunos é o desenvolvimento do trabalho em equipe e a corresponsabilidade. Eles puderam perceber que na Ciência todo o trabalho é metódico e há a necessidade de uma visão técnica e ética”.

Uma das características das eletivas é o protagonismo dos estudantes em realizar seu próprio percurso com autonomia.

“Nós sempre incentivamos que o aluno elabore seus projetos e a gente [o professor] entra como um mediador, apenas direcionando o aluno”, pontua Samuel.

A professora Saionara, de Capinzal, reforça essa visão.

“Sempre há aulas expositivas, mas são muito dialogadas, então o aluno sente que é ouvido e que faz parte do processo”, explica.

Ela ministra também a eletiva de Multiletramentos e Cultura Digital, que aborda as práticas contemporâneas dos novos letramentos, envolvendo leitura e produção de textos em ambientes digitais.

“Os alunos se sentiram muito à vontade de compartilhar as leituras, usar as novas mídias para divulgá-las e ultrapassar aquela visão de que só a leitura que o professor indica é que é a correta”, finaliza.