Mulher prensada contra o próprio carro relembra acidente em Joinville

Foto: Tanara Fagundes/OCP Joinville

Por: Tanara Fagundes

22/10/2019 - 13:10 - Atualizada em: 22/10/2019 - 13:49

Um ano após ter sido prensada contra o próprio carro, Jussara de Fátima Vilanova, 39, ainda sofre com as sequelas e as memórias do acidente que sofreu.

Na época, Jussara foi abrir o porta-malas quando Cleber Tadeu da Rosa, 34, atingiu a traseira do carro, prensando a vítima. Na ocasião, estavam dentro do veículo o marido e três filhos, que não sofreram nenhum tipo de escoriação. Jussara, no entanto, teve uma perna amputada.

“A parte física ainda está em recuperação. Mas no restante, é tudo novo, a adaptação é nova e não só pra mim, mas para família inteira”, afirma Jussara.

Álcool e direção causaram o acidente

Ao relembrar a época do acidente, Jussara diz ter certeza do estado de Cleber. “Ele estava bem embriagado. Ainda não consigo entender como ele conseguiu fazer aquela curva no estado em que estava”, explica.

“Foi uma questão de 20 segundos, no máximo, ele entrou na nossa rua. Entendo que ele estava embriagado e que por isso ele bateu em mim com aquela violência que ele bateu, mas eu dirijo há 12 anos, moro aqui nesse endereço há 30.

 

Pra você entrar naquela via você precisa reduzir e ele não reduziu nada. Fora a embriaguez, quando você aproxima a filmagem, dá pra ver que ele se abaixa pra pegar alguma coisa.

 

Ele disse que era o celular, mas o meu sogro disse que foi cerveja pois tinha uma latinha de cerveja aberta e outras que ele tinha comprado”.

Na época, o motorista pagou fiança de R$ 20 mil e foi solto. “Dois meses depois do meu acidente ele já estava com a carteira de motorista de volta e dirigindo novamente e foi apenas condenado a pagar serviço comunitário uma vez por mês. Pra ele a vida seguiu. Nunca me ligou perguntando se eu precisava de um paracetamol”, conta.

Ação contra o motorista

Após o acidente, Jussara esperou uma aproximação de Cleber para dar um suporte, mas conta que não recebeu nenhum tipo de ajuda. Indignada, Jussara está agora em uma briga na justiça com o motorista.

“Depois de uns 15 a 20 dias que eu estava no hospital, meu marido entrou em contato com ele, com a mãe dele, visando um mínimo suporte porque foi uma coisa que ele causou.

 

Independente se foi involuntário ou não, ele bebeu, ele saiu dirigindo, não fui eu. Eu estava com a minha família, estava indo pra minha casa, sabe? O mínimo que eu esperava dele, é que ele reparasse um pouco do que ele fez comigo”.

O que moveu Jussara a entrar com uma ação contra o motorista foi o descaso e a falta de solidariedade.

“Eu não sei que tipo de ser humano que ele é porque se fosse eu que tivesse feito isso com alguém eu jamais teria deixado de prestar um socorro”, reitera.

“Oito meses depois do acidente eu entrei na justiça. Ele teve então oito meses pra tentar amenizar a situação por livre e espontânea vontade. E ele não quis, então eu coloquei na justiça”, observa.

O coquetel de medicamentos que Jussara toma é grande parte dos custos mensais. Foto: Tanara Fagundes/OCP Joinville

Consequências

As sequelas do acidente não pararam em Jussara. Toda a família está em processo de adaptação e as consequências se estendem até os dias atuais.

“O reflexo na minha família foi enorme. Tem uma das minhas filhas saiu de casa depois do acidente, porque ela não se conforma até hoje. Ela me olha e chora muito quando me vê. Pra ela é muito difícil”, explica.

“Os mais novos, a de 11 e o de 9 anos, eu privei eles de muita coisa porque hoje eu não consigo sair de casa com os dois sozinha. Eu estou em tratamento porque hoje eu não quero sair de casa mais pra nada, nem pra fazer fisioterapia”, relata.

A rotina também foi algo que mudou no dia a dia da joinvilense. “Eu tomo três remédios, sendo que um é pra ansiedade, e o outro é mais pra tratar depressão. Tomo também pra pressão alta, remédios pra dores, e tomo remédio para dormir porque eu não consigo dormir mais”.

Esperança em dias melhores

Apesar das consequências e de não conseguir até hoje acreditar que foi protagonista de um acidente como aquele, Jussara mantém o otimismo.

“Eu assisti muitas vezes o vídeo do acidente e eu não consigo me ver ali. Eu não consigo acreditar que ali sou eu, por eu estar aqui hoje”.

As expectativas são boas e Jussara acredita que dias melhores estão por vir. “A minha expectativa é que eu consiga pelo menos andar bem e não ter dor. Tenho a esperança de voltar a trabalhar, e poder andar pelo menos sem sentir dor”.

Jussara, o filho Gabriel, 4, e a tia Mara, que a ajuda nos afazeres domésticos. Foto: Tanara Fagundes/OCP Joinville

“O que me segura e não me faz desistir são meus filhos e meu marido. A força que eles têm diariamente, a parceria do meu esposo, eles me tiram da cama todo santo dia. Eu levanto por eles porque eu acho que se Deus me fez ficar é porquê eu tenho um propósito aqui”, explica.

Alerta

Embora não nutra sentimentos ruins pelo motorista, Jussara ressalta os perigos de dirigir sobre efeito do álcool.

“Se eu pudesse dizer algo pra esse rapaz ou pra qualquer pessoa que ainda opte por dirigir embriagado eu diria pra pensar duas vezes porque não é só a vida do próximo, é a própria vida.

 

Ele podia ter batido em um poste, ter se matado, ter deixado os filhos, a esposa. Então se beber, usa aplicativo, nós temos tantos. Não dirige bêbado, não faça isso”, frisa.

Jussara relembra que jamais pensou que algo assim fosse acontecer com ela. “Não podemos jamais pensar que não vai acontecer com a gente. A gente vê na casa do vizinho e acha que nunca vai acontecer na nossa até que vai lá e acontece. Eu nunca gostei de bebida alcoólica e fui vítima justamente de alguém que bebeu”.

Como ajudar

Após o acidente, os gastos aumentaram na casa de Jussara. Mesmo com a ajuda do convênio, as despesas com medicação ainda são muitas.

“Para nós hoje tudo está mais difícil. Financeiramente, nós estamos remando contra a maré. Os meus remédios são um gasto enorme”, explica.

Apesar de toda a ajuda que recebeu na época do acidente, Jussara ainda precisa de apoio. Para ajudar, as doações são feitas pela Caixa Econômica.

  • Agência: 1897
  • Operação: 013
  • Conta: 96-8

 

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