Uma fila sem fim: 40 mil pessoas aguardam por consultas e exames em Jaraguá do Sul

Por: OCP News Jaraguá do Sul

15/09/2017 - 06:09 - Atualizada em: 16/09/2017 - 17:09

A fila de espera para consultas e exames médicos em Jaraguá do Sul soma quase 41 mil pessoas, tanto para atendimento na atenção básica como para consultas e exames com médicos especialistas. Os dados foram levantados a partir de consulta ao portal da Saúde do município, acessados na tarde de quinta-feira (14).

Conforme as informações apuradas, são cerca de 21,5 mil pacientes na fila de espera da atenção básica – geralmente para consultas com médicos clínicos gerais nos postos de saúde –, e cerca de 19,9 mil pacientes aguardando consultas ou exames com especialistas, como angiologia, gastroenterologia, oftalmologia – sendo a última especialidade a com maior fila de espera, de cerca de 5 mil pacientes.

Ainda segundo os dados apurados, há pacientes aguardando pelos procedimentos em oftalmologia desde abril de 2016. Já as especialidades de angiologia e gastroenterologia, conforme os dados disponíveis ao público, têm fila de espera desde 2015. Na atenção básica, a maior fila de espera é para atendimento médico clínico, com mais de dez mil pacientes.

A situação das filas de espera foi um dos temas abordados em debate na Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul na noite de quinta-feira (14), com a presença do secretário de Saúde, Jonas Germano Schmidt; da diretora de Saúde, Niura Demarchi; além dos presidente e vice do Conselho Municipal de Saúde (CMS), Agostinho Zimmermann e o médico Eduardo Bussmann, respectivamente. E, ao que tudo indica, não há uma solução prática em vista.

A respeito da fila de espera para consultas e exames, o secretário de Saúde explica que o processo de regulação das filas da atenção básica – que ordena o lugar do paciente na fila – começou entre o fim do ano passado e início deste ano, mas o processo, segundo ele, acabou sofrendo atrasos com a greve dos servidores públicos, entre março e abril deste ano.

“Nós precisamos criar uma série histórica, de pelo menos uns seis meses, para identificarmos os problemas. Olhar onde temos maiores necessidades, alocar os recursos, ver as soluções, ou seja, fazer a gestão disso”, afirmou Schmidt.

Entre as soluções que podem ser apresentadas estão um eventual aumento de médicos ou de carga horária. Durante o debate, a diretora de Saúde informou que um processo seletivo está sendo providenciado pela secretaria, mas com a intenção de contratar médicos em razão do vencimento de contratos atuais.

Com relação à lista de espera para as consultas e exames de especialidades, o secretário informa que o sistema de regulação existe desde 2007, porém, o principal gargalo do sistema é a falta de recursos. “Dependemos de repasses do Estado, da União”, salienta Schmidt. O secretário reforça que toda a secretaria e os servidores estão fazendo esforços a fim de que a situação da Saúde no município não seja afetada pela crise que vem sofrendo o Estado, com uma dívida de mais de R$ 500 milhões, e também a União.

O secretário acrescenta ainda que até agosto, a Prefeitura investiu mais de R$ 77 milhões na saúde, contabilizando recursos próprios, estaduais e federais.

Atribuições do conselho e falta de pacientes às consultas

também foram assuntos abordados no debate

Na sessão, que atendeu a requerimentos dos vereadores Ronaldo Magal e Eugênio José Juraszek, o presidente do Conselho Municipal da Saúde, Agostinho Zimmermann, aproveitou para descrever as atribuições do conselho, frisando que o mesmo é um órgão colegiado, deliberativo e permanente do SUS, em cada esfera de governo (municipal, estadual e federal), sendo uma instância de fiscalização dos recursos públicos, autônomo e independente. O vice-presidente do conselho, Eduardo Bussmann, ressaltou a necessidade de maior participação do órgão nas decisões e encaminhamentos relativos à saúde no município.

Ambos apontam as filas de espera para consultas e exames como uma das principais demandas a serem resolvidas atualmente no município. Também lembraram que a ausência dos pacientes às consultas agendadas também prejudica o andamento dos trabalhos.

Outro aspecto levantado pelo secretário de Saúde, Jonas Germano Schmidt, é um considerável aumento na procura pela rede pública de saúde. Frisou os índices positivos em termos de resolubilidade nos atendimentos: com 82% na atenção básica; 87% na pediatria e 96% em ginecologia.

Schmidt também abordou a questão da falta de materiais nas unidades de saúde. “Estamos fazendo um controle pela conscientização neste sentido. Se você recebe um material fora do especificado tem que devolver.” Segundo ele, há medicamentos que vieram e lotes inteiros que retornaram por problemas. Porém, não comentou que medidas são tomadas em relação a estes fornecedores que estariam praticando irregularidades.

Mais números da Saúde

237 mil procedimentos clínicos realizados neste ano

264 mil atendimentos nas unidades de saúde

4.800 internações pelo SUS, de residentes em Jaraguá do Sul

2.400 cirurgias

500 microcirurgias

7 transplantes

Absenteísmo – redução de 4 a 5% nos índices

Atendimento de emergência nas unidades: passou de 3.500 para 8 mil

R$ 15 milhões em convênios com os dois hospitais da cidade em 2017

R$ 77 milhões investidos no primeiro semestre, na saúde de Jaraguá do Sul

 

*Com reportagem de Verônica Lemus e informações da assessoria de imprensa da Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul