Juiz ameaça expulsar advogado do julgamento da tragédia da boate Kiss

Foto: Divulgação

Por: Isabelle Stringari Ribeiro

03/12/2021 - 13:12 - Atualizada em: 03/12/2021 - 13:57

Nesta sexta-feira (3), no terceiro dia de julgamento do caso da Boate Kiss, o advogado Jean Severo, que defende o réu Luciano Bonilha foi advertido pelo juiz Orlando Faccini Neto, durante depoimento de Daniel Rodrigues da Silva, gerente da loja em que os artefatos pirotécnicos usados na boate foram comprados.

“A próxima que o senhor me fizer, o senhor não vai ficar mais aqui”, advertiu o juiz. “A bancada de defesa é muito grande, o senhor me respeite aqui”, complementa o magistrado, após o advogado dizer que toda equipe de defesa sairia junto com ele.

No júri estavam presentes também os familiares das vítimas, que reagiram, criticando a postura do advogado. Jean Severo se exaltou em duas situações: a primeira foi quando a testemunha questionou se precisava responder pergunta sobre a fiscalização em sua loja e também quando Daniel recusou-se a ler o rótulo de uma caixa de fogos de artifício.

Por conta da situação, o juiz chegou fazer uma pausa por dez minutos. A equipe do Tribunal orientou os familiares a não se manifestarem.

Na segunda sessão que aconteceu na quinta-feira (2), Faccini Neto já havia advertido os advogados de defesa, classificando uma ação da defesa do réu Elissandro Spohr como “apelativa e desnecessária”. O advogado Jader Marques chamou seu cliente para o centro do auditório e, frente a frente com uma sobrevivente do incêndio, questionou se ela tinha “ódio” do acusado.

“Isso não é adequado porque nós estamos em um sistema de Justiça que busca, efetivamente, racionalizar aquilo que as vítimas sentem. […] Eu considero — digo isso muito respeitosamente, mas vai ficar registrado — eu considero apelativo e desnecessário isso”, sustentou.