Joinville oferece saúde às pessoas em situação de rua

Consultório na rua

Por: OCP News Jaraguá do Sul

16/01/2018 - 13:01 - Atualizada em: 17/01/2018 - 07:39

Um trabalho de assistência à população de rua, de Joinville, já vem colhendo bons resultados. O programa Consultório na Rua, oferece atendimento na área da saúde a esta parcela da sociedade. Tudo é feito pelos profissionais da Secretaria da Saúde que conversam e criam vínculos com os moradores de rua e aproveitam para fazem curativos, e encaminhar estas pessoas para exames e serviços especializados. O trabalho diminuiu a incidência desse público em emergências e hospitais.

A equipe começou a trabalhar em outubro de 2014. Hoje é formada por uma médica residente em saúde da família, que atende com eles às segundas-feiras, um enfermeiro, dois técnicos em enfermagem e uma psicóloga, além do motorista. O Consultório na Rua tem 500 pessoas em situação de rua cadastrados. A média de atendimento é de 70 pessoas por mês.

Os técnicos fazem as vistorias diariamente nas praças, bairros e onde forem chamados para prestar auxílio a um desabrigado. Trabalham de manhã, à tarde ou à noite. “Somos uma unidade de saúde ambulante. Disponibilizamos saúde para esse morador de rua que muitas vezes perde sua identidade, o relacionamento com a família e com ele mesmo. É uma pessoa que não se olha e que acha que não vai ser atendido, que não tem esse direito”, explicou Daniza Amorim, técnica de enfermagem da equipe.

Os profissionais chegam com bastante respeito, sentam, conversam, tentam criar e preservar um vínculo. Eles oferecem o que chamam de kit de redução de danos, com água e barra de cereais. “O kit tem esse nome porque, muitos que bebem muito e usam drogas, chegam a parar de comer”, explicou a psicóloga Daniele Tomedi. Os profissionais do Consultório na Rua distribuem também um kit odontológico e um kit de higiene pessoal com pente, shampoo, sabonete, cortador de unha e protetor labial.

O atendimento depende da demanda. Há casos de infecções, doenças de pele, controle de diabetes e pressão alta. Muitos precisam de curativos. Os moradores de rua têm um cadastro atualizado. Os profissionais acompanham: procuram o paciente quando há exames e consultas marcadas e chegam a levá-lo até a unidade.

Há uma rede de profissionais interligados por um aplicativo que se comunica: avisam se há emergência, novos pacientes, procedimentos marcados, faltas. O importante é a continuidade no tratamento.

Muitos pacientes são encaminhados para o Centro Pop. “Conseguimos com o tempo convencer a pessoa. Levamos pra tomar um banho e fazer a barba. Uma hora, ele percebe que precisa tomar um café, fazer uma refeição”. No Centro Pop, eles também fazem palestas de saúde sensibilizando, por exemplo, sobre o auto-cuidado e não dividir objetos que possam transmitir doenças.

O Consultório na Rua realiza testes rápidos de hepatite B, hepatite C, sífilis e HIV. E em caso positivo, são encaminhados para a vigilância epidemiológica. Na rua, uma pessoa doente pode transmitir para outras nove. “Não estamos tratamento apenas essa pessoa, mas mais pessoas”, explicou Daniza.

As mulheres grávidas recebem o pré natal na rua. A equipe guarda até hoje a foto de um bebê. A mãe, usuária de drogas, foi acompanhada por eles, e conseguiu realizar o pré natal, ter o filho em segurança, ainda voltou a ter vínculo com a família e a trabalhar. “Esse é um caso de sucesso, esse bebê não foi para o abrigo”, comemora a técnica em enfermagem Daniela Toledo. Outro caso de sucesso é um paciente que foi curado de tuberculose e fez o tratamento do começo ao fim na rua.