Expressão emocional ganha estímulos através da arte

Por: OCP News Jaraguá do Sul

17/09/2016 - 04:09

A tela branca sobre a grama verde, os diversos potes de tintas coloridas e os pincéis formam uma das cenas que a jovem Marcilene Francisco mais gosta. É ao ar livre, tendo apenas o céu e algumas paredes do jardim vizinho, às vezes o olhar de uma ou outra pessoa, é que ela desenvolve uma de suas práticas preferidas: a pintura. Seus quadros, e o de outras crianças e adolescentes que frequentam o Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (Capsi), formaram uma exposição que tomou conta da entidade ontem (16).

As pinturas e demais atividades feitas artesanalmente como cartões, caixas e até mesmo bonecos em biscuit, são resultado dos trabalhos realizados durante as oficinas terapêuticas promovidas pela entidade. E foi através dessa iniciativa, que visa promover a arte e cultura elevando a autoestima dos usuários, que Marcilene, de 18 anos, teve o primeiro contato com a pintura em tela, há cerca de dois anos.

Da primeira vez que foi apresentada à atividade, a jovem revela que não gostou muito. “Eu não sabia como fazer e sempre queria a perfeição, por isso não gostava. Hoje me sinto parte dos desenhos, me vejo neles e sei que melhorei com isso”, conta. Tal amor pela arte, que iniciou ainda quando pequena através de desenhos com lápis, ganhou outra dimensão em sua vida após conhecer os profissionais do Capsi. “Quero ser arte terapeuta para ajudar os outros, assim como fui ajudada. Mostrar que dá para se expressar através da arte e deixar a outra pessoa olhar seu desenho e tirar as próprias conclusões, sem precisar explicar aquilo”, diz sob os olhares atentos das profissionais da entidade.

Para a coordenadora e psicóloga Tais Danna, essas atividades possibilitam que as crianças e adolescentes ‘coloquem para fora’ os sentimentos, funcionando como uma ferramenta importante de trabalho para a equipe da unidade. “A arte explora a vida, é a subjetividade em algo objetivo. Além disso, através dela conseguimos trabalhar a persistência, força de vontade, regras e o próprio contato com outras coisas”, explica. No Capsi são atendidas pessoas de zero a 18 anos com transtornos mentais ou sofrimento grave, e são nos grupos terapêuticos que são desenvolvidas as atividades artísticas. “As telas, por exemplo, funcionam como uma atividade expressiva. Através do desenho eles se comunicam. São formas de melhorarmos a condição daquele sujeito”, enfatiza.

O fato de estarem expostos para que os familiares e comunidade conheçam as obras também contribui para a autoestima das crianças. A coordenadora de saúde mental do centro, Denise Thun, defende que este é um dos resultados que podem ser apresentados para a comunidade. “Produz vida, arte, sai daquela situação de doença e sofrimento, mostrando outras coisas, potencializando outros interesses da criança. Esses são os papeis e objetivos de se ter um Capsi na cidade, o retorno positivo disso”, fala lembrando que a unidade celebra os dois anos de funcionamento no próximo mês.

Os trabalhos, que estiveram em exposição ao longo de todo o dia e também devem colorir algumas unidades de saúde nos próximos dias, foram comercializadas com preços simbólicos. Com o dinheiro arrecadado, as crianças e adolescentes terão um momento recreativo, como um passeio, por exemplo. Quem quiser conhecer as atividades realizadas no Capsi e até mesmo as obras, pode visitar a sede da unidade que fica na Rua José Emmendoerfer, 1837, no bairro Jaraguá Esquerdo.