Coronavírus pede mudanças práticas na rotina da população

Por: Natália Trentini

28/03/2020 - 06:03

A chegada do Covid-19 ao Brasil mudou em poucos dias a rotina, exigindo adaptação para evitar a proliferação do vírus. Trabalho remoto, cuidados na higiene, redução no convívio social e na circulação nas ruas. Atitudes práticas e cuidados que deverão acompanhar toda a população.

Na casa de Daniely Spezia, 35 anos, todo mundo precisou se encaixar à realidade atual. Rotina de exercícios, horários para cada atividade e muita, muita atenção com higiene.

Ela, o marido Roberto, 36 anos, e a filha Sofia, 8 anos, estão em isolamento social desde a semana passada, acreditando na importância de reduzir as chances de contágio.

Mudanças na rotina vão acompanhar família de Daniely. Foto: Arquivo Pessoal

Segundo Daniely, muitos comportamentos serão transformados a partir dessa experiência.

“Foi muito bom porque na correria do dia a dia eu fiquei mais em casa, realmente com a minha família. A gente buscou brincadeiras, atividades, a própria refeição em família. Eu levo a lição disso que é dar valor a estar em casa”, conta.

Tempo em casa ajudou a fortalecer laços e mudanças na rotina. Foto: Arquivo Pessoal

Acostumada ao trabalho, a se dedicar a ações voluntárias, Daniely afirma que foi desafiador frear o ritmo, mas isso também levou a reduzir movimentações desnecessárias, rever a dinâmica da rotina e tomar atitudes simples.

As compras passaram a ser feitas uma vez por semana, com um ritual de higienização das sacolas e embalagens com álcool e um banho no retorno do supermercado, por exemplo. Algo que, segundo ela, deveria ser um cuidado permanente.

Reduzir idas ao supermercado foi medida adotada pela família. Foto: Arquivo OCP News

“A gente percebe como leva sujeira para dentro de casa, porque antes já tinham outros vírus que já existiam”, reflete.

Solidariedade em alta

Para Daniely, o pensamento coletivo também começou a falar mais alto com as ações de combate ao coronavírus.

As pessoas passaram a pensar no que poderiam fazer para se ajudar – no caso dela, foi se oferecer para fazer compras para a vizinha idosa, mas teve uma amiga usou tecido e elásticos que tinha em casa para costurar máscara para idosos, e várias ações isoladas de solidariedade.

“Cada um não pode pensar só no seu umbigo, e são coisas simples”, comenta.

Para a psicóloga Belisa Araújo, como essa pandemia afeta principalmente as pessoas com problemas de saúde ou em condições socioeconômicas mais vulneráveis, fica claro o quanto é importante considerar o outro.

Para psicóloga, momento mostra como a ação individual impacta coletivamente. Foto: Pixabay

“Todos nós, portanto, precisamos exercitar a empatia e o cuidado, não só com os entes queridos, mas considerar toda comunidade. E viver em comunidade significa que dependemos uns dos outros, buscando meios de cooperar de forma solidária e criativa, para encontrar soluções aos desafios”, reflete.

Belisa acredita que é um momento de revisar essa cultura da individualidade, fortalecendo a capacidade de cooperação e de real vivência comunitária.

“Uma das lições que podemos tirar dessa situação é que somos todos capazes de apoiar, oferecer o que temos, seja suporte material/ financeiro, ou apoio emocional como oferecer escuta e ajudar o outro a acolher os seus sentimentos nesse momento”, complementa.

Período de adaptação

O escritor e psicoterapeuta Eduardo Carvalho reflete que essa situação é inédita para a população brasileira, enquanto Europa e outros países têm memória dos confinamentos em períodos de guerra.

“A humanidade nunca passou por isso de forma tão interconectada, nem nas pestes. Nós estamos sabendo o que está acontecendo em todo mundo, é o primeiro grande acontecimento que afeta a humanidade como um todo. É uma situação que está nos colocando no mesmo barco”, pontua.

Cenário atual de prevenção pede que todos colaborem com todos, pontua Carvalho. Foto: Arquivo RIC TV

E a imprevisibilidade quanto ao futuro e noção da fragilidade da vida humana, afirma, são pontos que têm mexido com a mente, mas que em essência fazem parte do dia a dia de todas as pessoas durante toda a existência.

“Isso vai impactar a nossa vida não só hoje, mas a partir de tudo isso”, comenta Carvalho que sugere nesse momento a adoção de atitudes positivas para navegar neste período.

Pensamentos positivos

A primeira é não divagar e evitar criar um caos interno “que acabamos projetando externamente”, diz o terapeuta.

“Contenha os pensamentos negativos, a mente sempre trás o pior cenário possível. Podemos escolher uma maneira de lidar com isso, seja como pessoa e como comunidade”, destaca.

Conexão familiar

A nível familiar, Carvalho aponta que é momento de “atualizar o sistema” e olhar e valorizar de verdade as pessoas que estamos convivendo diariamente.

“Somos uma sociedade que só deseja o que não tem. Sente falta de amigos, ambiente de trabalho, de parar na rua e tomar café, uma liberdade que não damos valor enquanto estamos vivendo”, declara, ressaltando que o momento de quarentena pode ser aproveitado produtivamente para tirar ideias do armário, exercitar hobbies.

Cuidar do futuro

Outro ponto que pode ser observado é a importância de manter um equilíbrio entre consumir e poupar, já que o momento mostra a necessidade de ter reservas financeiras para situações adversas.

“Como mostra Darwin, aquele que sobrevive não é mais forte, ou mais inteligente, é quem se adapta melhor. Todo mundo está sendo convidado a se adaptar”, completa.

8 mudanças na rotina para adotar agora

  1. Medidas básicas de higiene, como lavar bem as mãos (dedos, unhas, punho, palma e dorso) com água e sabão. De preferência, utilizar toalhas de papel para secá-las.
  2. Para higienizar as mãos na rua pode-se utilizar o álcool gel, que também serve para limpar objetos como telefones, teclados, cadeiras, maçanetas, etc.
  3. Deve-se cobrir o nariz e a boca com um lenço de papel quando espirrar ou tossir e jogá-lo no lixo.
  4. Evite tocar olhos, nariz e boca sem que as mãos estejam limpas.
  5. Reduza os deslocamentos: se planeje com idas ao supermercado, farmácia, mas lembre-se de não estocar, apenas leve o necessário para se manter pelo próximo mês.
  6. Evite aglomeração de pessoas e grandes multidões, isso ajuda a restringir a proliferação do vírus.
  7. Apoie a rotina de idosos e pessoas que estão no grupo de risco. Se ofereça para fazer compras e outras coisas simples que possam ajudar nesse momento.
  8. Máscaras faciais descartáveis devem ser utilizadas por profissionais da saúde, cuidadores de idosos, mães que estão amamentando e pessoas diagnosticadas com o coronavírus.

 

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