Confira as recomendações para um verão sem dor de cabeça

Por: Elissandro Sutil

15/01/2018 - 10:01 - Atualizada em: 16/01/2018 - 13:27

O período de férias é ideal para pegar a estrada e visitar familiares e amigos, ou mesmo para conhecer novos lugares. Nessa época, um dos destinos mais procurados pelos moradores da região é o litoral catarinense, mas há quem se arrisque a conhecer um pouco mais do Brasil ou exterior. Porém, locais onde há muita aglomeração de pessoas, calor, insetos e outros fatores, acendem o sinal de alerta para doenças que se propagam facilmente, como viroses, dengue, zika e até mesmo a febre amarela.

Conforme o supervisor de Vigilância Epidemiológica, Geovani Carvalho Lombardi, a diretoria de Vigilância em Saúde de Jaraguá do Sul recomenda a quem pretende viajar que mantenha a carteira de vacinação atualizada para evitar doenças como tétano, meningite, hepatite A e B, coqueluche, entre outras. “É recomendada a vacina contra febre amarela para viagens nacionais a alguns estados. Para saber quais locais em que é necessária essa vacina, basta acessar a página da Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde”, explica.

Justamente para controle das endemias, muitos países exigem o cartão internacional de vacinação contra febre amarela. Alguns, segundo o supervisor, também recomendam a vacina VTV (para sarampo, rubéola e caxumba). “Ressaltamos que a vacina deve ser aplicada no mínimo dez dias antes da viagem”, orienta Lombardi.

Para o pediatra Ayrton Weber da Silva, a questão da febre amarela tem que ser vista com cuidado. Ele destaca que esta é uma doença muito grave, que mata uma porcentagem elevada, onde “10,20% das pessoas que são acometidas podem evoluir negativamente”. O médico ressalta que alguns estados brasileiros apresentam a doença. “São Paulo agora está vacinando todo mundo. E lá para cima, para o Nordeste, grande parte dos estados está comprometida. Então, a vacina da febre amarela é importante”, indica.

Entretanto, explica o profissional, a prevenção em relação a doenças transmitidas pelo mosquito, como malária, dengue e zika, passam também por outros cuidados. “Essa proteção é usar repelente de boa qualidade, que tenha ação mais duradoura, tipo Icaridina, e os cuidados também em relação à roupa e onde ficar (ambiente)”, ressalta.

A época, segundo o pediatra, também favorece as doenças comuns na praia: viroses, infecções de pele e micoses. “Sempre há risco de uma infecção de pele, ou de um parasita, fungo, micose”, diz Weber da Silva.

Apesar dessas doenças não escolherem faixa etária para se manifestar, o médico afirma que são as crianças pequenas, principalmente as que têm menos de três anos, e os idosos o público que mais sofre. Weber aponta que um problema comum nesses dois casos é a desidratação. “Os idosos esquecem de tomar água. Então, você tem que estimular e conversar, pedir para eles ingerirem água. E a criança pequena não sabe pedir. Por isso, a partir do momento em que o clima muda e começa a ficar mais quente tem que oferecer líquido com mais frequência”, enfatiza. Ele diz que é preciso levar em conta que no período de férias os hábitos de vida das pessoas mudam. Elas viajam, fazem refeições em locais inadequados, cujos cuidados de higiene nem sempre são os ideais e, além disso, os alimentos estragam com facilidade. Esses fatores facilitam o surgimento de doenças durante as viagens, como as intoxicações causadas por alimentos que não estão adequadamente preparados, ou que estão contaminados por alguma toxina.

OS PERIGOS DA EXPOSIÇÃO EXCESSIVA AO SOL 

O médico Ayrton Weber da Silva esclarece que a exposição excessiva ao sol é um grande perigo. Conforme o especialista, muitas vezes as pessoas não entendem que uma criança pequenina, com menos de um ano de idade, requer um cuidado todo especial. Neste sentido, o médico é taxativo: “A praia não é um local adequado para uma criança pequena. A exposição ao sol tem que ser por um curto espaço de tempo”. Além disso, é necessário roupa adequada e oferecer líquido com frequência, já que as crianças costumam passar por problemas relacionados à insolação. “Às vezes, apresentam febre elevada, vômito e diarreia. A gente pensa que é um quadro viral e na realidade é insolação. E aí o tratamento é antitérmico, é dar banho, colocar em ambiente adequado, se possível com ar-condicionado, hidratá-la”, orienta.

No entanto, a atenção aos sintomas é tão essencial quanto evitar a automedicação. O que os pais podem fazer, por exemplo, para uma criança que tem vômito, diarreia, ou que está com febre, que se suspeita de uma virose, é dieta com bastante líquido, soro oral, remédio para febre, mas não dá para ir além disso. “E se você com medidas simples não consegue colocar a criança no seu equilíbrio, se passou seis horas e a criança não fez xixi, continuou vomitando, continuou com febre e, principalmente, se tiver alteração de comportamento, irritabilidade ou sonolência excessiva, aí tem que procurar o médico. Principalmente as crianças menores de três anos desidratam com facilidade”, ressalta Weber da Silva.

No Hospital e Maternidade Jaraguá, conforme o pediatra, nessa época as maiores ocorrências são principalmente de infecções gastrointestinais virais e as consequências das intoxicações alimentares, das infecções de pele e das conjuntivites. “Como é um período onde ocorre muito aglomeramento de pessoas, a transmissão de doenças acontece facilmente. As infecções virais acabam atingindo famílias inteiras e são transmitidas principalmente pelas mãos, e também pelas vias aéreas”, assegura, enfatizando a importância da higienização das mãos.

DENGUE, ZIKA VÍRUS E CHIKUNGUNYA 

Embora os casos de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti tenham sido reduzidos, é importante que a população continue se prevenindo contra essas doenças. Dados do Ministério da Saúde apontam que no ano passado a região Sudeste registrou o maior número de casos prová- veis de dengue (37.281 casos; 32,9%) em relação ao total do país, seguida das regiões Nordeste (31.142 casos; 27,5%), Centro-Oeste (25.065 casos; 22,1%), Norte (15.823 casos; 14,0%) e Sul (4.070 casos; 3.6%).

A Vigilância Epidemiológica pede atenção especial em relação ao mosquito transmissor, salientando que em Jaraguá do Sul é imprescindível manter as ações de combate. “Em 2017, tivemos 37 focos do Aedes aegypti no município. Por isso, recomendamos que a população sempre confira sua residência antes de viajar, buscando possíveis criadouros do mosquito. Evitem deixar recipientes que possam acumular água das chuvas, como vasos, tonéis e pneus, expostos ao ar livre e mantenham sempre limpas as calhas e as caixas d’água devidamente tampadas”, aconselha o supervisor Geovani Carvalho Lombardi.

DICAS DE SAÚDE PARA APROVEITAR O VERÃO 

A principal dica para a época, segundo a médica nutróloga Cristiane Molon, é intensificar a hidratação. “A falta de água provoca desequilíbrio funcional e metabólico que pode atingir todas as células do corpo”, enfatiza.

A médica esclarece que sede, cansaço excessivo, taquicardia, náuseas e até dor de cabeça podem ser sintomas de baixa ingestão de água. “Na desidratação, a pele se torna seca e quente”, complementa.

Para facilitar a ingestão de líquidos, vale investir em água saborizada com gengibre e limão, água de coco e chás gelados, que estimulam a eliminação de toxinas e colaboram para o bom funcionamento do intestino.

A especialista ainda sugere atenção especial na alimentação. Comer mais vezes ao dia e em menores quantidades e evitar comidas que dificultam a digestão, como frituras e empanados, preferindo grelhados e assados, é uma dica importante. “Substitua pães por frutas com cereais ou ovos. Ao comer salgadinhos, por exemplo, compense com frutas e muita água para diminuir o inchaço. Nos churrascos, o acompanhamento ideal são as saladas verdes. Já na praia, os sorvetes podem ser intercalados com picolé, frutas ou oleaginosas. E, junto com bebidas alcoólicas, ingira mais água”, ensina.

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