Casos suspeitos de febre amarela em SC estão sob investigação

Por: Elissandro Sutil

20/01/2018 - 15:01 - Atualizada em: 21/01/2018 - 17:03

Até nesta quinta-feira (18), a Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde recebeu notificação de cinco casos suspeitos de febre amarela, atualmente sob investigação. O Estado enfatiza que todos os casos tiveram deslocamento para áreas com transmissão fora de Santa Catarina e aguardam resultado de análises. Dois desses casos, envolvendo um morador de Gaspar e outro de Lajeado Grande, evoluíram para óbito. Os laudos com resultado podem levar até 20 dias para ficarem prontos.

As notícias que alertam para o surgimento de novos casos de febre amarela em humanos e em macacos no país têm levado as pessoas a buscarem mais informações sobre a vacina. Doença hemorrágica transmitida por mosquito e que apresenta diferentes graus de intensidade, nas formas graves é letal em 50% dos casos. Em comum com outras doenças que atacam no país e que exigem esforço da população para combate está um dos vetores do vírus, o mosquito Aedes aegypti.

Segundo a enfermeira Milena Machado, que atua no Programa de Imunização de Jaraguá do Sul, a orientação do Ministério da Saúde para vacinação de toda a população de São Paulo no início da semana gerou apreensão e certa confusão. “Como a orientação em São Paulo é vacinar todo mundo, quem acompanha a situação pela mídia, especialmente pela TV a cabo, acaba em dúvida e acha que aqui também é assim”, ressalta a profissional. No entanto, a única alteração ocorrida em Santa Catarina com relação à vacina é que, agora, ela entra para a rotina do calendário de vacinação dos nove meses. “Crianças na faixa etária dos nove meses até os dez meses e 29 dias devem receber a vacina contra a febre amarela. Passado esse período (a partir dos dez meses e 30 dias) até os 59 anos, somente os viajantes que forem para alguma área de recomendação de vacina”, esclarece Milena.

Além dos estados considerados pelo Ministério da Saúde como afetados pela doença, incluindo Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso e São Paulo, a orientação é para vacinação em todo interior do país como forma de prevenção. Em Santa Catarina, 162 municípios estão na lista. Próximas a região estão as cidades de Campo Alegre, Mafra, Rio Negrinho e São Bento do Sul. Segundo a Gerência de Imunização da Divisão Epidemiológica de Santa Catarina, está sendo feita uma expansão paulatina da vacinação, que agora consta no calendário infantil. Hoje, o Estado possui doses suficientes para atender a população.

Entre 2016 e 2017 o Brasil enfrentou um grande surto de febre amarela, segundo o Ministério da Saúde, envolvendo principalmente os estados da região Sudeste, com destaque para Minas Gerais e Espírito Santo. Embora o número de casos humanos de febre amarela confirmados seja maior que o observado em surtos anteriores, o órgão destaca que essas ocorrências são de residentes em zonas rurais ou que tiveram contato com áreas silvestres por motivos de trabalho ou de lazer.

TRANSMISSÃO DO VÍRUS 

A enfermeira responsável pela Imunização na Regional Jaraguá do Sul da Gerência de Saúde, Clairi Mara Bihr, esclarece que o mosquito transmissor da doença nas zonas urbanas é o mesmo da dengue, zika vírus e chikungunya: o Aedes aegypti e, portanto, esse é mais um motivo para intensificar as ações de combate ao inseto no país. Já em áreas florestais, o vetor da febre amarela é o mosquito Haemagogus. Assim, uma pessoa infectada em área silvestre e que desenvolva a doença pode dar início ao ciclo urbano quando picada pelos Aedes aegypti, que passa a carregar o vírus.

Mas, onde entra o macaco nessa história? O Ministério da Saúde afirma que esses animais podem representar um alerta às autoridades quanto à incidência de febre amarela em áreas silvestres. Isso porque também são vulneráveis ao vírus, e a detecção de infecções em macacos ajuda na elaboração de ações de prevenção da doença em humanos.

A Gerência de vigilância das Doenças de Transmissão Vetorial do Ministério da Saúde ressalta que “eles servem como anjos da guarda, como sentinelas da ocorrência da febre amarela”.Portanto, é importante manter esses animais sadios e dentro do seu ambiente natural, já que “a detecção da morte de um macaco, que potencialmente está doente de febre amarela, pode dar tempo suficiente para adotar medidas de controle para evitar doença em seres humanos”.

DÚVIDAS SOBRE A FEBRE AMARELA

Quem pode tomar a vacina? 

Crianças a partir dos nove meses até pessoas com 59 anos. Para crianças de nove meses a 10 meses e 29 dias é obrigatória a dose. Depois, só para quem for viajar.

Quanto tempo antes de viajar para área com indicação para vacinação é preciso se imunizar?

Quem for viajar para algum lugar de risco precisa tomar a vacina 10 dias antes da viagem.

Quem vai receber a dose fracionada? 

Uma dose única da vacina é capaz de proteger uma pessoa por toda a vida. No entanto, o Ministério da Saúde iniciou uma campanha de vacinação contra a doença em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia com doses fracionadas. A determinação é da Organização Mundial da Saúde (OMS), que indica o fracionamento como opção quando há risco da doença se expandir em cidades com elevado índice populacional e que não tinham recomendação para vacinação anteriormente. A dose dividida amplia a imunização. A enfermeira Clairi Mara Bihr explica que isso não indica que a vacina é mais fraca, mas que vai proteger a pessoa por um determinado período e, depois, precisará de reforço. “A proteção da dose fracionada, de 0,1 ml, é a mesma da dose padrão, de 0,5 ml. A primeira protege a pessoa por até oito anos, e a segunda, pela vida toda”, destaca.

Quem deve perguntar ao médico antes de tomar a vacina?

Gestantes, mulheres que estão amamentando, idosos (acima de 60 anos), pessoas que vivem com o HIV, ressoas que terminaram o tratamento de quimioterapia e radioterapia, pessoas com doenças do sangue, como anemia falciforme.

Quem não pode tomar a vacina? 

Crianças menores de seis meses, pessoas que estejam fazendo quimioterapia e radioterapia, pessoas com alergia a ovo, pessoas que vivem com HIV e têm contagem de células CD4 menor do que 350, pessoas com doenças ativas ou condições que diminuem as defesas do corpo (pessoa transplantada tomando drogas para diminuir rejeição).