A transição no Juventus entre o técnico Raul Cabral e Pingo foi rápida. Na noite de sexta-feira (5), a diretoria demitiu Raul, e, na manhã de sábado (6), contratou Pingo.

O ‘novo velho’ técnico, que fará sua terceira passagem pelo clube, se apresentou no fim da manhã desta segunda-feira (8) e comandou a primeira atividade durante a tarde.

Pingo ao lado do presidente de futebol, Hudson Moura (E), e do presidente do clube, Paulo Marcelino (D) | Foto: Lucas Pavin/Avante! Esportes

Na coletiva, o treinador de 53 anos tratou de várias questões sobre o seu retorno, mas principalmente da satisfação em voltar a comandar o Moleque Travesso após oito anos.

“Quem me conhece sabe que gosto de desafios e o Juventus vai ter que brigar na parte de cima da tabela por tudo que fez ano passado. Então é uma satisfação enorme, sempre fui muito bem tratado aqui e a alegria é completa. Estou muito ansioso para trabalhar e começar logo o campeonato, porque queremos fazer um bom Estadual e pensar em uma boa participação com acesso na Série D (do Brasileiro)”, disse.

Ex-jogador profissional, Pingo iniciou sua carreira de treinador no próprio Juventus, em 2008, na reta final da Série B do Catarinense, sendo que no ano seguinte, conquistou o acesso à Série A.

Ele ficou até o fim de 2010 e após uma passagem no Caxias (RS), retornou ao clube jaraguaense em 2012, levando o time de volta à elite estadual com o vice-campeonato na Série B.

Um ano depois, fazia grande campanha na largada da primeira divisão, mas acabou deixando o Tricolor, junto com vários jogadores, por conta de salários atrasados.

A partir daí, comandou Brusque, Avaí, Metropolitano, Tombense (MG), Joinville, novamente o Caxias, e o Tubarão, antes de acertar a volta ao Juventus.

Confira a entrevista completa com Pingo

- Qual o sentimento de voltar ao Juventus com o mesmo carinho da torcida depois de tantos anos longe e quais são seus objetivos?

“É um sentimento de muita satisfação. Minhas duas passagens (pelo Juventus) foram muito importantes dentro e fora do campo. De dois anos para cá, com a chegada do Hudson (presidente de futebol), essa nova diretoria e a permanência do Cleber (diretor de futebol), meu nome sempre esteve vinculado para voltar. Como tenho muito carinho pelo torcedor, pela cidade e pelo clube, fiquei muito feliz com o meu retorno e ver como o Juventus está hoje. Uma estrutura muito boa, que alguns clubes da Série B (do Brasileiro) não tem. E temos que saber aproveitar isso, com pensamentos e objetivos grandes. Quem me conhece sabe que gosto de desafios e o Juventus vai ter que brigar na parte de cima da tabela por tudo que fez ano passado. Então é uma satisfação enorme, sempre fui muito bem tratado aqui e a alegria é completa. Estou muito ansioso para trabalhar e começar logo o campeonato, porque queremos fazer um bom Estadual e pensar em uma boa participação com acesso na Série D (do Brasileiro)”

- O Pingo das primeiras passagens pelo clube mudou ou carrega o mesmo perfil até hoje?

“O estilo não mudei. Estou até um pouco mais rigoroso. Quando estava aqui, reclamava de jogador quando dava chutão e fazia sair jogando de trás. Continuo assim e pior. Claro que estou mais experiente por passagens em outros clubes e é uma necessidade. Mas o estilo vai ser o mesmo e para melhor ainda, porque, felizmente, os atletas que fazem parte do grupo têm a característica do esquema. Isso vai nos ajudar muito”

- Em 2013, você esteve em uma grande crise no Juventus e deixou o clube junto com vários jogadores por salários atrasados. A reestruturação dos últimos anos foi um dos motivos para aceitar a proposta?

“Estamos tendo contato desde o ano passado. Por duas vezes estive vinculado em outro clube e na terceira teve o problema da pandemia. Aí na quarta, não tinha como não aceitar, até porque era um desejo meu de voltar, ainda mais com a chegada do Hudson, permanência do Cleber e todo pessoal, que formaram uma diretoria para que o Juventus pudesse novamente ingressar entre os grandes do futebol catarinense. Por isso, não pensei duas vezes. Eu não fiquei surpresa na minha chegada, mas feliz, porque tinha certeza que o clube tinha mudado para melhor. Encontramos uma estrutura, agora só depende de nós dentro de campo para fazer o Juventus ocupar o lugar que ele merece”

- Esse mês completou um ano que você estava sem comandar uma equipe, desde a saída do Tubarão. O que você procurou fazer nesse período?

“A pandemia fez com que todo mundo ficasse muito em casa. Assisti jogos, o que é normal, e sempre procurei acompanhar e fazer comparações para tirar coisas boas. Continuo o mesmo e poderia estar chegando aqui pedindo jogadores. Mas não. O estilo de jogo dos jogadores que hoje compõem o grupo do Juventus, com certeza, vão se adaptar rapidamente ao esquema, pois são atletas de um nível que considero muito bom”

- Como você viu esse começo de Estadual do Juventus sob o comando do Raul Cabral?

“É um estilo totalmente diferente do meu. O Raul tem suas qualidades, mas eu jogo de uma maneira diferente. Felizmente, ele conseguiu dois resultados importantes para o clube. Na realidade, eu gosto de falar do meu trabalho e não muito do treinador que saiu, até por uma questão de respeito. Mas ele (Raul) deixou o clube bem colocado e isso é importante”

- Você não terá uma pré-temporada para trabalhar, mas vai ter pouco menos de duas semanas para implementar sua filosofia de trabalho. É tempo suficiente para equipe entender seu esquema e voltar bem para o Catarinense?

“Com certeza. Tive essa sorte de chegar num clube que conheço bem e ter esse tempo que vai ser muito importante. Quando se fala em mudança de estilo, requer treinamentos. Mas é uma coisa bem simples. Vou dar liberdade para os atletas jogar futebol e isso é a minha característica. Nesse tempo vou conhecer mais os atletas e fazer as mudanças necessárias. Isso é uma coisa normal dentro do futebol e tenho o privilégio de ter esses dias de preparação”

- O Juventus encara a Chapecoense, fora de casa, na retomada do Estadual. Como você projeta essa volta do campeonato e onde acredita que o Juventus pode chegar?

“Olha que coisa gostosa, vamos retornar no campeonato contra uma grande equipe, a campeã do ano passado e na Série A do Brasileiro. Não tem jogo melhor que esse para mostrar a cara do Juventus, e, com certeza, vamos nos preparar para fazer uma grande partida e pensar no resultado positivo. Sempre vamos respeitar o adversário, mas não teremos medo. Não abriremos mão do bom futebol. Prefiro ter um pouco de dificuldade no início, mas procurando mostrar um bom futebol para deixar o torcedor contente”

- Que recado você pode deixar para torcida que sempre torceu pela sua volta.

“Sabemos que o torcedor vai nos apoiar. Não no estádio, infelizmente, mas teremos o apoio deles. E o torcedor pode ficar tranquilo, porque o Juventus será uma equipe que vai sempre buscar jogar um bom futebol, respeitando o adversário, mas buscando o bom resultado”