Jogadora ganha ação contra clube após não receber salários durante a gestação

Sara Björk venceu ação contra o Lyon | Foto: Reprodução/Instagram

Por: Lucas Pavin

17/01/2023 - 17:01 - Atualizada em: 17/01/2023 - 17:47

Sara Björk Gunnarsdóttir venceu uma ação na Fifa contra o Lyon, tradicional time de futebol da França, que não pagou os salários da jogadora durante sua gestação. A batalha judicial já durava cerca de um ano e meio.

A islandesa teve apoio jurídico do Sindicato Mundial de Jogadores Profissionais (FifPro) e receberá 82.094,82 euros do clube, valor referente à diferença entre os salários devidos e o que foi efetivamente pago no período.

Oito vezes campeão europeu feminino, o Lyon pagou apenas uma pequena parte do salário, correspondente ao cálculo do seguro social pelas leis francesas.

Em abril de 2021, a atleta entrou em acordo com o clube francês e voltou ao seu país de origem para cuidar da gravidez, já que não poderia entrar em campo.

“O médico (do Lyon) disse que eu devia parar de jogar naquele momento. Muitas pessoas na equipe tinham tido Covid, que continuava nos rondando. Estava preocupada com o que poderia acontecer se eu pegasse, não sabia como isso poderia afetar o bebê. Eu só queria levar o restante da gravidêz em casa, na Islândia, onde eu poderia falar com os médicos no meu idioma, junto com a minha mãe, meu namorado e minha família. Então eu pedi ao diretor (do Lyon) e ele disse sim”, contou Sara Björk em um artigo publicado no site The Players Tribune.

“Mas eu queria voltar ao Lyon depois do parto. Isso era muito claro para mim. Eu pensava que ser a primeira jogadora do Lyon a retornar aos campos após uma gravidez seria algo que todas nós poderíamos comemorar juntas. Então o clube apoiou meu plano, me ajudou com a papelada para o seguro social e eu voei para a Islândia no dia primeiro de abril (de 2021)”, continuou.

Sara e o filho Ragnar | Foto: Reprodução/Instagram

Porém, ela não recebeu o salário integral logo na primeira folha e nas seguintes após a saída da França, decidindo mover uma ação contra o Lyon.

“Essa regra era bem nova, mas eu lembrava vagamente disso por causa de uma conversa informal com algumas jogadoras uma vez, antes de eu ficar grávida. Eu lembro que falávamos sobre ter filhos, e alguém disse “Ah, mas não há segurança para a gente”. E eu lembro especificamente que Jodie Taylor (jogadora norte-americana) estava sentada na mesa, e ela disse que o FifPro estava trabalhando nessa questão da gravidez e da licença maternidade para jogadoras profissionais”, declarou.

“Eu tive direito ao meu salário integral durante a gravidez e até o início da licença maternidade, de acordo com as regras da Fifa. Isto fazia parte dos meus direitos, e não pode ser questionado, mesmo por um clube grande como o Lyon. Essa vitória é maior do que eu. É como uma garantia de segurança financeira para todas as jogadoras que quiserem ter uma criança durante sua carreira. Não é um “talvez” ou uma incerteza”, completou.

Atualmente, a islandesa defende a Juventus, da Itália. “Eu estou na Juventus agora, e estou feliz. Mas quero ter certeza de que ninguém vai passar pelo que eu passei novamente. E que o Lyon saiba que isso não está ok. Não é “apenas negócio”. É sobre meus direitos como trabalhadora, como mulher e como ser humano”, finalizou.