Comércio da Barra do Rio Cerro: história de trabalho e dedicação em busca do desenvolvimento

Foto Aquivo OCP News

Por: Elissandro Sutil

03/12/2019 - 12:12 - Atualizada em: 05/12/2019 - 13:09

O movimento intenso nas ruas, salas comerciais, empresas, lojas e toda a correria de um centro urbano já fazem parte do cotidiano dos moradores da Barra do Rio Cerro. Considerado um bairro com vida econômica própria, a Barra é regada de indústrias e estabelecimentos comerciais de grande importância para o desenvolvimento da cidade.

As belezas naturais do terceiro bairro mais populoso de Jaraguá do Sul, também chamam a atenção, tendo como vizinho um dos espaços mais importantes da cidade e do Estado, o Parque Malwee. O local é mais que um refúgio ecológico e de preservação, mas também cultural e gastronômico, com dois museus dois restaurantes.

Para quem está acostumado com o desenvolvimento do bairro, não imagina que há pouco menos de cem anos, tudo não passava de uma região tomada pela natureza. Nesta época, os moradores precisavam se locomover à região Central da cidade, onde ficava localizado o comércio e a grande maioria dos serviços.

O nome Barra do Rio Cerro surgiu na época de colonização da cidade, devido à localização, com o encontro dos rios Jaraguá e Cerro, nas imediações. Nos documentos antigos guardados pelo Arquivo Histórico a escrita era feita da seguinte forma “Barra do Rio do Serro”, com a letra S.

Imagem aérea da empresa Malwee, de Wolfgang Weege, no ano de 1956. (Foto: Arquivo Histórico de Jaraguá do Sul)

A palavra Serro é sinônimo de serra, mas acredita-se que alguém tenha corrigido essa grafia no decorrer do tempo, passando a escrever Cerro, com C, que é sinônimo da palavra morro.

Os primeiros comércios a se desenvolverem mais fortemente na região foram os açougues, as ferrarias e os engenhos de moer grãos. Pela estrada de chão da rua Pastor Alberto Schneider, onde o paralelepípedo chegou apenas em 1984, passavam poucos carros e muitos pedestres, carroças e cavalos. É uma parte importante da história do bairro e um dos primeiros marcos de que o desenvolvimento chegou por ali.

Colonização predominantemente italiana

Há mais de 60 anos, quando a Barra do Rio Cerro ainda não tinha passado pelo processo de industrialização, o cenário local era predominantemente rural. Por quilômetros e quilômetros, o que se via eram algumas residências cercadas pelos característicos morros do Vale do Itapocu, cobertos pelo verde da natureza.

As terras do bairro ficavam localizadas à margem direita do Rio Jaraguá, que pertenciam nesta época ao Estado, e foram loteadas pela Agência de Colonização, um órgão do governo que ficava em Blumenau.

Foram os italianos os primeiros a habitarem a Barra do Rio Cerro. O bairro começou a ser povoado por volta de 1891, de acordo com a historiadora do Arquivo Histórico, Silvia Kita. O Departamento de Terras e Colonização do estado, direcionou imigrantes para a região.

Na virada para o século 20, esta comunidade de colonizadores fundou uma pequena capela e uma comunidade escolar, onde eram realizadas as missas e as aulas. A fundação da escola comunitária católica deu início ao processo de crescimento do bairro.

Capela construída pela comunidade. | Foto Antigamente em Jaraguá

Desta estrutura nasceu a primeira escola do município, fundada em 1900, onde hoje está a garagem da Prefeitura. A então Sociedade Escolar Particular Católica, tornou-se instituição estadual em 1938, e hoje é a Escola Estadual Professor José Duarte Magalhães.

Quem foram Ângelo e o pastor Albert?

Estes são os nomes mais conhecidos por quem mora na Barra, por serem as duas principais ruas que cortam o bairro. São nomes muito importantes da época, e que fizeram parte da história da formação e crescimento da Barra.

Ângelo Rubini era filho de italianos. Pedro e Bertola Sartori Rubini vieram para o Brasil quando Ângelo tinha apenas 14 anos, e desembarcaram em Blumenau. Quase uma década mais tarde, Ângelo veio para Jaraguá do Sul – no fim de 1899 -, chegando à Barra do Rio Cerro e, mais tarde, casou-se com Maria Satler Pradi.

Ele era ferreiro e trabalhou na construção da estrada que liga Jaraguá a Blumenau – Via Pomerode (hoje a SC-110), a atual Rodovia Wolfgang Weege. Foi comissário de polícia pela cidade, de 1901 a 1911, que na época era ainda distrito de Joinville.

Construiu a primeira cadeia pública, que ficava na rua Quintino Bocaiúva (rua do Museu Emílio da Silva). Era uma pequena construção de madeira que oferecia mais segurança aos presos forasteiros.

Ângelo também foi juiz de paz do distrito e cuidava de outros negócios, como uma pequena serraria, engenho de açúcar e aguardente. Morreu aos 84 anos, e foi enterrado no Cemitério da Barra.

Já o pastor Albert Schneider foi um líder religioso muito importante para a comunidade luterana. No fim do ano de 1912, Albert deixou a comunidade em Brüderthal, de Guaramirim, para ajudar o amigo pastor Ferdinand Schülzen a assumir a divisão da paróquia “Jaraguá II”.

As igrejas estavam crescendo, e já somavam mais de dez, por isso precisavam ser divididas em paróquias para que todas pudessem ser atendidas. Ele permaneceu à frente da paróquia por 36 anos, e neste tempo as 240 famílias filiadas às comunidades se transformaram em 700.

É possível notar um pouco da história construída por ele na Igreja Luterana Cristo Salvador, que fica localizada próxima à empresa Malwee. Ela foi fundada em 1902, mas a edificação foi construída em 1932, sendo reformada em 1997.