Abraço de inclusão: dança leva professora e alunos com Down à troca de emoções em Jaraguá do Sul

Foto Eduardo Montecino/OCP News

Por: Elissandro Sutil

19/03/2019 - 05:03

Ter acesso a uma boa educação faz a diferença na vida de todos. Além da sala de aula, atividades educacionais variadas ajudam a estimular alguns pontos do cérebro para que trabalhe de forma mais rápida e ágil.

Por isso é tão importante que pessoas com Síndrome de Down iniciem a vida em ambiente escolar precocemente, já que seu aprendizado é um pouco mais lento, dependendo do grau de dificuldade de cada indivíduo.

 

 

Mais do que o conhecimento adquirido, estar na escola estimula o desenvolvimento afetivo e social e ajuda pessoas com Down a desenvolverem de forma mais rápida suas capacidades.

Esse aperfeiçoamento das crianças depende da estimulação precoce, do ambiente em que estão inseridos e do incentivo de familiares, amigos e profissionais capacitados.

Cada estudante, independente de qualquer deficiência, tem habilidades ou dificuldades em determinadas áreas.

Por isso, instituições especializadas em atender pessoas com deficiência, como é o caso da Apae de Jaraguá do Sul, oferecem diversas opções de aulas para que cada aluno encontre o seu talento e desenvolva suas potencialidades.

Foto Eduardo Montecino/OCP News

Uma das aulas preferidas dos portadores de Down é com a professora Andrielly Thayliny, que aos 24 anos dedica seus dias a ensinar coreografias para esses estudantes. Atualmente ela tem 16 alunos frequentando suas aulas e a metade deles possuem a Síndrome.

Ela conta que esse trabalho é extremamente enriquecedor e estar com eles é aprender diariamente sobre carinho, amor e amizade.

“Além de serem extremamente carinhosos, adoro observar como eles tem um molejo único na hora de dançar”, comenta. Outra observação feita por ela é a pró-atividade de todos eles, que estão sempre dispostos a ajudar ao próximo em todas as atividades.

Preconceito é desafio

A professora Andrielly destaca que saber as dificuldades e o preconceito que os alunos sofrem devido as suas características únicas é um grande desafio emocional.

“Eu sei que eles são alvos de preconceito, mas eu nunca presenciei isso com algum deles, o que eu reparo com frequência é o fato de que o pessoal não está preparado para recebê-los”, afirma.

Estar preparado para oferecer atividades para os portadores de Down é essencial. Adrielly afirma que é preciso ter consciência da deficiência e das dificuldades de cada um, mas é necessário trata-los de forma inclusiva e igual aos demais, fazendo as cobranças necessárias para que eles evoluam.

“Já vi pessoas entrando aqui e olhando com pena, esse não é o sentimento que eles precisam”, comenta.

Para ela, os alunos têm suas limitações, mas precisam sentir que são pessoas como todas as outras, isso passa segurança  e mostra que está sendo realizado um trabalho de inclusão para garantir que sejam tratados com igualdade na sociedade.

Foto Eduardo Montecino/OCP News

O assessor de imprensa da Apae, David Crispim, ressalta que todo o trabalho educacional é voltado para essa inserção, estimulando a independência e autonomia das pessoas com Síndrome de Down.

“Quando a gente trabalha a quebra de preconceitos, a gente trabalha a inclusão. Muitos com a deficiência tem preconceito com a própria deficiência. É preciso quebrar esse preconceito diariamente, através dos professores, eles são os principais [profissionais] que trabalham isso”, destaca.

Trabalhar a inserção artística é uma das muitas vertentes de atuação dentro da entidade. A Apae – única instituição da cidade a atender pessoas com Down, cerca de 80  usuários atualmente – oferece aos alunos atendimento educacional, assistência social e de saúde.

Os professores são cedidos pelo governo do Estado por meio da Fundação Catarinense de Educação Especial, alguns são contratados e outros efetivos.

Pessoa com deficiência

Diferente do que foi publicado na primeira reportagem especial desta série, o assessor de imprensa da Apae, David Crispim, ressalta que o termo “portador de necessidades especiais” não é utilizado, dando espaço para o temo correto: “pessoa com deficiência”. Usar o termo “portador”, aponta Crispim, é errado.

 

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