O haitiano que agora produz música em Joinville

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Por: Rubens Herbst

05/03/2019 - 18:03 - Atualizada em: 28/08/2019 - 23:08

Até 2017, números oficiais indicavam cerca de 2,2 mil haitianos registrados em Joinville. A vinda desse povo não é segredo para ninguém: fugindo de um país arrasado por desastres naturais, miséria e falta de oportunidades, essas pessoas tentam no Brasil encontrar o que perderam em seu país de origem. Mas, além de dignidade, Jean Davidson Dorlus descobriu na cidade um modo de continuar fazendo música, caminho reaberto com um clipe recém-lançado.

Jean chegou aqui há dois anos e meio, para se juntar à mãe, e acabou gostando do lugar. Instalado no bairro Itaum, conseguiu emprego como ajudante de fundição na Tupy, mas alimentava outro fogo dentro de si: o hip hop, o mesmo que embalava seus dias no Haiti junto ao Energy Boyz, grupo do qual faz parte. Por sinal, dois dos três parceiros nele também estão em Joinville.

“Fiquei procurando onde tem música aqui, fui em umas batalhas de hip hop para conhecer mais pessoas e entender um pouco a cena musical daqui. O primeiro estúdio em que trabalhei é de um amigo meu haitiano que passou o contato. Depois, fiquei na internet, procurando mais pessoas da área”, conta Jean, ou, se preferir, David Lover, seu nome artístico.

E foi sob essa alcunha que ele fez chegar às principais plataformas de streaming nesta semana “O que você quer”, single com as mãos de dois produtores haitianos nos beats, mixagem e masterização. A música também desembarcou no YouTube em forma de videoclipe dirigido por Maçaneiro.

Com esse reggaeton romântico, David espera dar largada numa carreira musical bem sucedida e fazer valer o seu próprio “sonho brasileiro”.

“Quero mostrar que, assim como existe o sonho americano, é possível ter o sonho brasileiro. Qualquer estrangeiro com um objetivo definido pode fazer sucesso no Brasil também. O Brasil também é grande e o povo tem muito bom coração. Sempre assisto filmes em que falam de sonho americano, meu objetivo maior é inventar esse sonho brasileiro. Por isso que sempre peço a ajuda do pessoal, porque sozinho não posso conseguir”, destaca.