Leonardo, Panda e Evaldo são três jovens que cursam publicidade em Joinville, adoram cinema e o indie rock dos anos 2000. Há dois anos, fizeram o que dezenas de pessoas fazem diariamente mundo afora: montaram uma banda e agregaram ao som o que os unia.
Longe de ser um incrível roteiro de filme ou um jingle para a eternidade, a Bento Leão apenas existe, mas tenta, a seu modo, tornar o ordinário algo interessante.
Depois de alguns shows e concursos locais, o trio lançou há poucos dias seu primeiro registro, “Quem Matou Janeiro?”, EP gravado e produzido no Estúdio Rota 66. As quatro faixas – disponíveis nas principais plataformas de streaming e no YouTube – são essa busca por algo que a banda nem sabe exatamente o que é, e talvez seja isso o seu ponto forte.
É nítido que os garotos estão tateando um mundo novo (para eles). Não o fazem no escuro, porque têm lá suas referências – Strokes, Arctic Monkeys, O Terno, Wilco.
As composições trazem um pouco de cada, variando ritmos, encaixando distorções, tropicando nas melodias e sonhando com sutilezas que nem sempre chegam, mas rendem bons momentos, principalmente nas letras.
Nesse sentido, a faixa-título é emblemática. Imagina objetos comuns (um quadro, uma guitarra, um pôster, um disco, uma estátua) ansiosos por cumprirem suas funções originais, ou pelo menos serem agraciados com um pouco de ação.
São imagens que a Bento Leão tira de uma cartola puída e lhes conferem um toque surreal, irônico e cantarolável.
“Quem Matou Janeiro?” não passa nem perto de ser cinematográfico, mas vale como um bacaninha curta-metragem experimental.