“Vivendo in aeternum”

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Por: Raphael Rocha Lopes

20/04/2022 - 07:04

“♫ And now the end is near/ And so I face the final curtain/ My friend, I’ll say it clear/ I’ll state my case, of which I’m certain” (My way, Jacques Revaux)

Há duas semanas escrevi, aqui na coluna, sobre o impacto da tecnologia no futuro da vida. Ou melhor, sobre o que podemos esperar a respeito do tempo de vida que as pessoas terão. Ou já têm.

Os seres humanos poderão viver in aeternum, ou seja, para sempre. Sim, para sempre. Não, não serão imortais; mas poderão viver, se ninguém os matar, de forma constante, contínua, para sempre…

Tal qual uma água-viva.

Até onde se sabe, há apenas um ser vivo que tem o poder de viver eternamente hoje na face da terra. Mais precisamente nas profundezas dos mares. Originária do Mar Mediterrâneo, a turritopsis dohrnii é uma minúscula criatura com imortalidade biológica. Imortalidade biológica, pois se qualquer outro animal comê-la ou destrocá-la ela morre, obviamente.

Essa água-viva de pouco menos de dois centímetros de diâmetro envelhece e rejuvenesce infinitamente. Encontrou um jeitinho de enganar a Dona Morte. Um verdadeiro Benjamin Button que não termina nunca!

Os cientistas piram! Há quem a pesquise para tentar identificar uma forma de passar esse poder – põe poder nisso! – para os seres humanos. Já foi até tema de um episódio da série Blacklist, com um cientista maluco tentando implantar o DNA do bichinho em cérebros humanos, ou algo assim. Ninguém sobrevivia aos testes…

E os seres humanos?

Como se sabe, ninguém ainda encontrou a fonte da juventude, daquelas da mitologia, dos contos de fadas ou filmes de ficção, cujos goles da água fariam o velho virar novo.

Por outro lado, é inegável que as pessoas vivem mais hoje do que há décadas ou séculos. E melhor, com menos doenças, ou, pelo menos, com mais condições de enfrentar os problemas de saúde. É a tecnologia contribuindo de várias formas. E quanto mais a tecnologia evoluir, mais o homem ficará vivo – e bem fisicamente – sobre a Terra. Os cem anos já foram alcançados – a geração que está nascendo ou nasceu há pouco tempo superará essa marca em massa com certa tranquilidade.

Daqui a pouco chegar-se-á aos 200 anos, aos 300 e, mais cedo ou mais tarde, à imortalidade. Como divaguei no outro texto, não sei se será bom ou ruim para a humanidade. Ou mesmo para o indivíduo!

Os dilemas surgirão. O que fazer com a vida eterna? Trabalhar até quando? Mudar de profissão quantas vezes? Fazer filhos até quando? Viver com o mesmo cônjuge para sempre? Vai ser entediante ou empolgante?

Respondam-me vocês.

O fato é que ficará cada vez mais difícil repetir, na vida, a letra da música que abriu esse texto, cujo compositor provavelmente poucos conhecem, mas que foi imortalizada nas vozes de Elvis Presley e, principalmente, Frank Sinatra.