“Odiadores, canceladores e bloqueadores, quem é você?”

Foto: Freepik Premium

Por: Raphael Rocha Lopes

11/08/2020 - 15:08 - Atualizada em: 11/08/2020 - 15:19

Quando tá escuro/ E ninguém te ouve/ Quando chega a noite/ E você pode chorar/ Há uma luz no túnel/ Dos desesperados/ Há um cais de porto/ Pra quem precisa chegar” (Lanterna dos afogados, Os Paralamas do Sucesso).

Tempos estranhos estes que vivemos. Não que ódios mortais, picuinhas, perseguições, desentendimentos, invejas, vaidades, boataria, falta de empatia, ignorância e burrice sejam coisas pós-internet. Óbvio que não. Desde que o homem é homem isso vem acontecendo.

A diferença é que a velocidade dos absurdos e o número de pessoas que alcançam agora são muito maiores. A internet multiplicou por milhões as medidas de sempre. E as redes sociais elevaram à décima potência.

Os odiadores.

No início eram os odiadores, ou haters na linguagem original. Aquelas pessoas que, provavelmente por falta de algo inteligente para fazer, pelos mais ínfimos motivos atacam desproporcionalmente qualquer indivíduo ou empresa nas redes sociais ou via comentários de reportagens. Se o assunto for polêmico, aí o ódio vem com mais crueldade e em turbas.

Infelizmente até pessoas sem estrutura para se defender, como crianças e idosos, têm sido alvo dos odiadores. A intenção é espezinhar, amedrontar, desestabilizar a vítima.

Exemplo recente foi do, como ficou conhecido, Vovô do Slime. Pelo simples fato de ter publicado um vídeo transbordando felicidade por ter conseguido fazer um slime com receita caseira, sofreu milhares de ataques pela internet, a ponto de adoecer. Inexplicável!

Os canceladores.

A banalização da expressão “CPF cancelado” para se referir a pessoas mortas (justificadamente, na opinião de alguns) migrou para um novo comportamento na internet.

Agora a moda é cancelar quem escorrega ou aparentemente escorrega nas redes sociais ou mesmo na vida real. O cancelamento é a expressão coletiva dos haters, muitas vezes sincronizada. Alguém que destoa do senso comum ou do senso comum de um determinado grupo pode ser vítima do tal cancelamento no mundo virtual.

As consequências, porém, são bem reais. A imagem manchada, a honra vilipendiada, o emprego perdido, os relacionamentos desfeitos são resultados que transformam a vida dos alvos. E, em vários casos, as vítimas nada efetivamente de errado fizeram.

Os bloqueadores.

Mas há luz no fim do túnel. Um pouco fraca ainda, mas está lá. Surgem os bloqueadores com suas pequenas lanternas. Essa turma, mais civilizada, simplesmente bloqueia aqueles que vão contra seus pensamentos e não sabem dialogar.

Os bloqueadores, muitas vezes pré-adolescentes, têm muito a ensinar. Deixam a lição: em vez de atacar gratuitamente as pessoas, dialogue. E se o diálogo não surtir efeito, bloqueie. Você terá mais tempo para investir em coisas que realmente fazem sentido.