“Cadê o emprego que estava aqui?”

“♫ Ando pela rua pago conta, pego fila/ Vou tirar xerox e batalho algumas pila/ Sou boy, eu sou boy, eu sou boy, boy, eu sou boy” (Sou boy, Kid Vinil)

Semana passada escrevi, aqui na coluna, sobre o impacto da tecnologia no futuro dos empregos ou da empregabilidade. Não se discute que viver hoje – pelo menos para quem tem condições mínimas de conforto – é infinitamente melhor do que há 100 ou 1000 anos.

Costumo usar os exemplos das facilidades de contatos com outras pessoas, de locomoção e de acesso à comida (sim, agora nós temos supermercados com uma gigantesca variedade de produtos, e, sim, já dá para comprar muito disso pela internet e receber no conforto de casa).

As revoluções.

Também é indiscutível que as revoluções industriais, todas elas, causaram, vem causando e continuarão causando impactos nas vidas das pessoas e, principalmente, na empregabilidade da sociedade.

As máquinas sempre vieram para acelerar processos, ou, no mínimo, sendo eufemístico, otimizar procedimentos. Com isso, menos pessoas passaram a fazer mais coisas e produzir mais. Ficaram em seus empregos os que se adaptaram melhor – ou os que se tornaram mais baratos.

Ocorre que, com o advento cada vez mais veloz da tecnologia, na mesma (ou quase) velocidade se verifica a diminuição de postos de trabalho tradicionais.

A automação.

Pesquisas apontam que robôs tomarão conta dos serviços hoje praticados por humanos. Isso parece óbvio, e é. O importante, contudo, é entender como esse processo ocorre, onde ocorre e quais as perspectivas para a humanidade.

Em 2020, o World Economic Forum apresentou um relatório projetando que a taxa de automação aumentaria de 33% (em 2020) para 47% em 2025, o que representa um assombroso aumento de 47% em só cinco anos. Principalmente em trabalhos repetitivos, sujos e perigosos.

A empregabilidade está em risco (como sempre) numa velocidade grande (como nunca). E há diversas teses, teorias, estudos e projetos para diminuir o impacto social de tanta robotização (é importante entender que quando se fala de robôs e robotização não está se referindo apenas a braços mecânicos ou aquelas máquinas humanoides que se vê em filmes. Muito dessa automação está em programas de computador, basicamente).

O outro lado.

Apesar da grande dificuldade de se conseguir uma equação perfeita que equilibre esta situação preocupante, nem tudo está perdido. Ao mesmo tempo que profissões tradicionais vão desaparecendo, outras surgem. E quando falo em tradicionais, não me refiro apenas aos professores de datilografia ou acendedores de lampiões. Estou pensando em advogados, médicos, engenheiros, motoristas, caixas de supermercado, e tantas outras que pareciam inatingíveis até pouco tempo.

Pegar fila para pagar conta, tirar xerox para duplicar documentos, como na música do Kid Vinil que abre esse texto, estão ficando no passado.

O homem não consegue, em regra, competir com a agilidade “mental” e a precisão das máquinas. Os robôs cometem muito menos erros e, quando cometem, corrigem-se em escala coletiva e não voltam a errar.

Por outro lado, quantas profissões novas estão surgindo? Quem pensaria, há poucos anos, que alguém poderia viver de ser influenciador na internet, ou jogador de games online, ou trader de criptomoedas?

Há uma gama de outras profissões antes inimagináveis. E um leque muito maior de profissões que ainda não imaginamos está chegando. A perspectiva é que pelo menos 70% das crianças que entram hoje no ensino fundamental tenham uma profissão, na sua vida adulta, que simplesmente não existe hoje.

Já parou para pensar nisso?