Mercado | Banco Central firma acordo de educação financeira

Por: Pedro Leal

08/03/2018 - 08:03 - Atualizada em: 14/03/2018 - 14:14

O Banco Central (BC), a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) assinaram nesta terça-feira um acordo de cooperação técnica para estimular ações coordenadas na área de cidadania financeira, de inclusão e de proteção aos usuários de produtos e serviços financeiros. O acordo propõe palestras e cursos de educação financeira para ajudar o consumidor a gerir melhor seu próprio dinheiro.

A pauta da educação financeira é fortemente defendida por entidades empresariais e setores do mercado. É fato notório que o país sofre com falta de preparo e de conhecimento para gerir seus fundos – do contrário, não conviveríamos com uma taxa de endividados de 61%, com 9,7%  que se veem incapazes de pagar suas contas em dia.

Gastamos dinheiro que não temos em coisas que não precisamos – e nos endividamos ainda mais para custear aquilo que precisamos. São poucos que não passam por estes cenários mês após mês, usando do crédito para pagar suas compras pois o salário já está comprometido com as compras do mês anterior. E comprometido com juros absurdos: Para quem paga as contas em dia, os juros de cartão de crédito ficam em 233,8% ao ano. Para quem não paga a fatura mínima, são 401,4%.

Ao mesmo tempo, só a educação financeira não basta: há de se tomar medidas para valorizar a renda que temos, em vista da palpável disparidade entre rendimentos e os preços praticados no Brasil. Temos a 6ª energia elétrica mais cara do mundo, a 2ª gasolina mais cara entre os países produtores de petróleo e a 11ª maior carga tributária do globo. Não é sem motivos que tanto se apela para serviços de crédito, quando o dinheiro que se tem muitas vezes não basta para o básico.

PANORAMA NACIONAL

Europa e Hong Kong querem explicações

Os últimos desdobramentos da Carne Fraca deram origem a um incidente diplomático: A suspeita de que laboratórios particulares registrados no Serviço de Inspeção Federal (SIF), do Ministério da Agricultura, teriam fraudado resultados de análises laboratoriais de aves cuja carne era vendida para consumo humano no Brasil e no exterior motivou a União Europeia e Hong Kong a pedir explicações às autoridades brasileiras.

As autoridades européias também emitiram um alerta quanto ao perigo de contaminação nas carnes de aves importadas do Brasil. Em Hong Kong, o Centro de Segurança Alimentar abriu uma investigação sobre a possibilidade do território ter importado carne contaminada.

As autoridades estrangeiras aguardam esclarecimentos do Ministério da Agricultura, que suspendeu nesta segunda-feira as exportações dos frigoríficos afetados pela investigação.

Desdobramentos da Oi

Pouco depois de o Conselho de Administração da Oi ter anunciadoum aumento de capital de até R$ 12,29 bilhões, nesta terça-feira, a Pharol (ex-Portugal Telecom), maior acionista individual da empresa disse ter conseguido junto à Câmara de Arbitragem do Mercado uma medida de urgência para suspender as decisões tomadas pelo conselho na segunda-feira (5).

A medida do longo processo de recuperação judicial da empresa e que colocou em lados opostos acionistas e o Conselho de Administração, responsável por tocar o plano. A Pharol considera que o plano, que ameaçaria seu controle acionário da maior empresa telefônica do país, vai contra a governança estabelecida no estatuto da Oi.

Salário mínimo alto demais?

O Banco Mundial afirmou em relatório divulgado nesta quarta-feira que o salário mínimo no Brasil estaria “alto demais”. Segundo a entidade, o país teria errado em aumentar o mínimo durante o período de recessão, levando-o a um patamar elevado que incentivaria a informalidade.

Na posição do Banco Mundial, o país deveria rever a fórmula de reajuste e pautá-la em indicadores de produtividade do trabalhador, e não na inflação ou crescimento do PIB. O mínimo para 2018 é R$ 954. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), para atender os direitos previstos na constituição, ele deveria ser de R$ 3.682,67 – 3,86 vezes maior.

O mesmo estudo que apontou  alta excessiva no mínimo indicou que o país sofre de um sistema educacional falho que afasta jovens do mercado de trabalho. Segundo o relatório do Banco Mundial, 52% dos jovens entre 15 e 29 anos no Brasil perderam interesse pelos estudos e correm risco de não se inserir no mercado de trabalho.

Apenas 38% dos jovens estariam na série correta, e apenas 43% da população acima dos 25 anos terminou o ensino médio.

Mulheres: mais estudo, mas menos rendimentos

Mesmo em número maior entre as pessoas com ensino superior completo, as mulheres ainda enfrentam desigualdade no mercado de trabalho em relação aos homens, como revela o estudo Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Tomando por base a população de 25 anos ou mais de idade com ensino superior completo em 2016, as mulheres somam 23,5%, e os homens, 20,7%. Apesar disso, entre 2012 e 2016, as mulheres ganharam, em média, 75% do que os homens ganham: as mulheres tiveram rendimento habitual médio mensal de todos os trabalhos no valor de R$ 1.764, enquanto os homens, R$ 2.306.

A disparidade se deve à maior presença de homens em cargos de alto escalão e um porcentual maior de mulheres em trabalhos por tempo parcial – 28,2% das mulheres estão nesta modalidade, contra 14,1% dos homens.

Essa diferença se deve à divisão desigual de tarefas domésticas: enquanto homens dedicam em média 10,5 horas por semana aos afazeres domésticos, mulheres dedicam quase 80% de tempo a mais, com 18,1 horas por semana.