Entidades pedem mais tempo para contatar caminhoneiros e finalizar greve

Por: Pedro Leal

29/05/2018 - 05:05

Após uma semana de paralisação dos caminhoneiros, o governo federal cedeu às demandas do setor de transportes. Nesta segunda-feira (28), foi lançada a primeira de três medidas provisórias, atendendo uma das pautas da greve: o congelamento por 60 dias da redução do preço do diesel na bomba em R$ 0,46 por litro, através de cortes no Cide e PIS-Cofins

As medidas começaram o processo de término da greve, apesar de problemas na comunicação entre as lideranças do setor e os manifestantes. Ainda deve levar alguns dias para a desmobilização total, pois segmentos do movimento de caminhoneiros não aceitaram o acordo travado entre o Governo Federal e as lideranças do movimento.

Três das maiores entidades por trás da movimentação pediram mais tempo para contatar os caminhoneiros. A medida veio depois da tentativa de usar as forças armadas para forçar a liberação das estradas e das cargas, durante o fim de semana.

A primeira das medidas deve custar aos cofres públicos cerca de R$ 9,5 bilhões – e enquanto o preço do Diesel deve ficar congelado por 60 dias após a redução de R$ 0,46, outros setores do mercado ficam marcados por inflação em decorrência da paralisação que durou sete dias.

Deste impacto de R$ 9,5 bilhões, quase dois terços virão de reservas e recursos remanejados de outros setores. O restante virá de cortes no orçamento ainda a serem definidos.

Crise de abastecimento

A paralisação levou a uma crise de abastecimento marcada por longas filas nos postos de gasolina, serviços parados por falta de combustível e supermercados marcados por prateleiras de perecíveis vazias e consumidores com carrinhos cheios, temendo – e agravando – o desabastecimento.  Ao mesmo tempo, indústrias cessaram atividades por falta de meios para escoar mercadoria e, em alguns casos, falta de matéria prima.

Em alguns locais, os preços chegaram a subir mais de 200% por conta do desabastecimento. Caso o fim da greve se confirme esta semana, ainda pode levar mais de uma semana para que o abastecimento de combustível volte ao normal – e mais de dois meses até que o mercado brasileiro retome a normalidade.

Ainda não há confirmação de que a greve esteja de fato seguindo para o seu fim: embora vários segmentos da movimentação estejam encerrando a paralisação, devido à falta de uma liderança única e de uma pauta única, não há previsão de quando o tráfego retornará à normalidade.

Cancelamentos

  • A etapa local do Circuito Santa Catarina de fomento à inovação, marcada para esta terça-feira (29) pela Fiesc, foi cancelada devido à mobilização dos caminhoneiros que começou na semana passada.
  • A plenária da Acijs e Apevi, que tradicionalmente acontece toda segunda-feira, foi cancelada nessa semana justamente pelo movimento dos caminhoneiros. A agenda foi transferida para a próxima segunda, dia 4 de junho.

Outras MPs visam sanar despesas

O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, afirmou na segunda-feira (28) que o governo trabalha ativamente na elaboração de duas medidas provisórias (MPs) para compensar despesas resultantes da negociação com os caminhoneiros. Uma vai criar um programa de subvenção federal e a outra tem a finalidade de abrir crédito extraordinário. Ele garante que as medidas não afetarão a próxima gestão.

Impostos não aumentarão, diz Guardia

Segundo Guardia, o corte na tributação do Diesel para levar a redução dos preços não resultará em aumento de impostos para todos. Mas ao mesmo tempo, não significa que vá haver redução: a tributação perdida do diesel será “remanejada”, com aumentos em outros lugares para compensar os cortes. Ou seja, não aumentou e nem foi cortado… só foi pra outro lugar.

Parente nega sair do cargo

Apesar da crise provocada pela política de preços da sua gestão, Pedro Parente nega que vá renunciar à presidência da Petrobras, e o governo federal nega ter discutido a possibilidade.

Bolsa cai 2%

O índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) abriu esta segunda-feira(28) em queda de 2%, com 77.3181 pontos registrados às 10h27. Os investidores demonstram cautela com os desdobramentos para o fim da greve dos caminhoneiros, após o presidente Michel Temer ter anunciado na noite de ontem que atendeu as reivindicações da categoria. Em janeiro, o índice havia passado dos 80 mil pontos, chegando a 87.652 em fevereiro. Em maio, voltou a ficar abaixo dos 80 mil.

E as projeções recuam

Apesar de todas as garantias do ministro da fazenda, as projeções para o futuro da economia brasileira pioraram consideravelmente com a greve dos caminhoneiros: a projeção de inflação cresceu 0,10%, enquanto a do PIB caiu de 2,5% para 2,37%  – no começo do ano, era de 3%.

Gasolina também caí

A Petrobras reduziu, pela quinta vez consecutiva, o preço da gasolina nas refinarias. A partir desta terça-feira, o combustível terá redução de 2,8% no preço e passará a custar R$ 1,9526 por litro. Desde 16 de maio, a gasolina não custava menos do que R$ 2 – mesmo com este último corte, a alta do mês soma 8,6%.

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