“Projeção para economia brasileira segue em queda”

Por: Pedro Leal

26/03/2019 - 05:03

O mercado financeiro reduziu a projeção de crescimento da economia em 2019 e 2020 – a redução da projeção para 2019 já é recorrente, como foi a de 2018, mas a de 2020 estava se mantendo estável em 2,8% ao longo do ano.

A estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – caiu de 2,01% para 2% neste ano. Foi a quarta redução consecutiva.

Para 2020, a estimativa de crescimento do PIB caiu de 2,80% para 2,78%. As projeções de crescimento do PIB para 2021 e 2022 permanecem em 2,50%.

As projeções indicam que a década vai se encerrar com a pior média de crescimento econômico da história: De 2011 a 2020, o crescimento médio do Brasil deve ser de apenas 0,9% ao ano, segundo um estudo do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

O desempenho é pior do que o observado na “década perdida” dos anos 1980, quando o PIB avançou em média apenas 1,6% ao ano – de fato, é a pior nos 120 anos da série histórica do Ibre.

É uma situação deveras preocupante – e que se torna mais grave tendo em mente a falta de medidas visíveis para garantir a recuperação da economia.

As estimativas estão no boletim Focus, publicação semanal elaborada com base em estimativas de instituições financeiras sobre os principais indicadores econômicos, e de  um levantamento do Ibre utiliza como base a série histórica do PIB apurada pelo Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada (Ipea).

A estimativa da inflação, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), permanece em 3,89% neste ano.

Em relação a 2020, a previsão para o IPCA segue em 4%. Para 2021 e 2022, também não houve alteração na projeção: 3,75%.

A meta de inflação deste ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é 4,25%, com intervalo de tolerância entre 2,75% e 5,75%. A estimativa para 2020 está no centro da meta: 4%.

Confiança da Indústria cai 1,9 ponto

O Índice de Confiança da Indústria teve uma queda de 1,9 ponto na prévia de março deste ano, na comparação com o resultado consolidado de fevereiro.

Segundo dados divulgados hoje (25) pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o indicador caiu para 97,1 pontos, em uma escala de zero a 200 pontos.

O recuo foi observado tanto na confiança dos empresários da indústria em relação ao momento presente quanto em relação ao futuro.

O Índice da Situação Atual caiu 1,3 ponto, para 97,5 pontos. Já o Índice de Expectativas recuou 2,4 pontos, para 96,8 pontos.

Corte de pessoal

Durante a campanha e no início do governo, o Ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, falou em cortar mais de 21 mil cargos da administração pública federal.

O decreto dos cortes foi assinado em 13 de março… e não corta bem cargos: embora tenha falado da importância de enxugar a máquina pública, o governo cortará apenas 159 cargos. O resto estará focado em funções (17.349) e gratificações (3.492).

Dispensa de visto

Através das redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro comemorou o aumento na procura de viagens ao Brasil por parte de turistas da Austrália, Canadá, Estados Unidos e Japão.

Segundo apuração do site Money Times, mencionada por Bolsonaro, as buscas por voos com destino ao Brasil cresceram 36% desde a última segunda-feira (18), data em que o governo federal publicou decreto que dispensa o visto de entrada para cidadãos desses quatro países.

Um levantamento da plataforma de planejamento de viagens Kayak, referenciado pelo site, revela que o interesse dos australianos em visitar o Brasil cresceu 36%. Entre norte-americanos, canadenses e japoneses, o índice subiu 31%, 19% e 4%, respectivamente.

Gastos no exterior

Com a alta do dólar, os brasileiros estão reduzindo os gastos no exterior. De acordo com dados do Banco Central (BC), divulgados nesta segunda-feira (25), as despesas em viagens internacionais chegaram a US$ 1,302 bilhão, em fevereiro, uma redução de 7,33% em relação a igual período de 2018.

De janeiro a fevereiro, os gastos em viagem ao exterior ficaram em US$ 2,991 bilhões, queda de 12,21% na comparação com o primeiro bimestre do ano passado.

Em fevereiro deste ano, o dólar chegou a R$ 3,75, enquanto no mesmo mês de 2018 estava em R$ 3,24.

“As pessoas fazem viagens planejadas e vários custos são feitos com antecedência, mas taxa de câmbio impacta”, disse o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha.

 

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