“Jaraguaenses perdem R$ 25,94 milhões ao ano com a poupança, você é um deles?”

Por: Ana Kamila

07/06/2018 - 09:06 - Atualizada em: 24/10/2019 - 10:59

É tempo de se adaptar ao novo cenário de juros no Brasil. O ciclo de cortes iniciado em outubro de 2016 pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) chegou ao fim, mantendo a taxa de Selic em 6,50% a.a. A menor média histórica dos últimos 20 anos!

Essa adequação da economia nos faz refletir ainda mais sobre o nosso dinheiro. E a sua carteira de investimentos, como está desempenhando?

Hoje o assunto é a poupança: Jaraguá do Sul concentra mais de 821 milhões de reais na poupança – dados extraídos do BACEN em Fevereiro de 2018.

Notamos que o Jaraguaense tem o hábito de poupar, mas, e se este dinheiro fosse investido melhor, qual o impacto ao longo dos anos? Surpreendente, logo veremos.

Como cita a frase por Albert Einstein:

“Os juros compostos são a maior invenção da humanidade, por que permite uma confiável e sistemática acumulação de riqueza”.

A poupança gera juros, ou seja, o dinheiro também trabalha, mas muito pouco. O hábito de poupar é centenário, a poupança foi criada em 1861 através do Decreto 2.723 com um rendimento garantido em pelo menos 6% ao ano. Em 1964 houve a primeira modificação, que incluía uma correção monetária chamada TR – taxa referencial de juros.

Devido a intenção de redução do juros no Brasil, em 2012 a regra da poupança foi ajustada, sendo que todos os novos depósitos passaram a remunerar 70% do CDI sempre que a Selic chegar a 8,5% ao ano ou abaixo disso. Os depósitos inferiores a data de 03/05/2012 continuam com a remuneração de 0,50% + TR, independente da Selic.

O principal ponto a ser analisado numa carteira de investimentos eficiente é o ganho real, que nada mais é do que o juros obtido menos a inflação do período (IPCA). A escassez de esclarecimentos sobre o mercado financeiro faz a maior parte dos investidores analisar apenas o ganho nominal, que é o ganho somado mensalmente ao capital principal.

Em 2015, por exemplo, a poupança rendeu 7,94% contra uma inflação de 10,67%. Isso quer dizer que, se você aplicava seus recursos nesta modalidade, perdeu -2,73% neste ano. Essa perda é o poder de compra diminuído, devido o aumento dos preços. É como se o teu dinheiro não estivesse investido, pois ele desvalorizou.

Remuneração insignificante

O cenário atual está proporcionando um ganho de 4,55% ao ano na poupança, que representa 70% da Selic atual. É perceptível que alguns Brasileiros mesmo sabendo da remuneração insignificante que a poupança proporciona, ainda mantém suas grandes economias neste investimento pelo fato de considerar o mais seguro.

Caros, não é o mais rentável e/ou mais seguro. Jamais quero tornar a poupança vilã de quadrinhos, mas há opções mais rentáveis no mercado de renda fixa que contam com a mesma segurança da poupança, que é R$ 250 mil reais por Banco e por CPF.

Esta garantia provém de uma instituição privada mantida pelos Bancos, chamada FGC – Fundo Garantidor de Crédito.

Quero mostrar um exemplo, partindo do raciocínio:  

O CDI é um indicador econômico utilizado como remuneração e benchmark na maior parte dos investimentos e está atrelado a taxa de juros – Selic.

Vamos comparar a rentabilidade da poupança no período de Janeiro/2017 até Dezembro/2017 com um investimento de renda fixa que também é isento de imposto, a LCI – Letra de Crédito Imobiliário.

A forma mais comum de remuneração da LCI é pós fixada, ou seja, uma taxa contratada que acompanha o CDI/Selic.

Um investidor com 100 mil reais ao final de 2017 teria R$ 106.570,00 investindo na poupança, enquanto o valor aplicado em uma LCI a 98% do CDI, renderia 9,73%, ou seja R$ 109.731,39. Em 10 anos, a diferença é de 72% a mais na LCI!

E quanto isso vale? R$ 64.126,45 a mais no seu bolso, devido o trabalho dos juros compostos. Belo conceito de Einstein!

Não podemos nos esquecer do ganho real: a poupança timidamente teria obtido um ganho de 3,51% acima da inflação, enquanto a LCI alcançado 6,58% acima da inflação.

Então quer dizer que agora eu devo resgatar todo o meu dinheiro da poupança e buscar novos investimentos? Quase isso! Utilize a poupança para administrar os seus gastos mensais, o que é atribuído para o dia a dia.

E não estou considerando o valor para a reserva de emergência! Esse montante também tem destino melhor do que a poupança, através dos fundos de investimento em renda fixa com resgate imediato, por exemplo.

Dica que vale seu o primeiro milhão

Invista na sua educação financeira. O tempo que você tem para poupar + o dinheiro que você pode poupar são seus aliados. Disciplina e juros andam lado a lado, e se você investir melhor o seu dinheiro, chegará lá mais rápido.