“Vou fazer essa obra, diz Mariani sobre trecho urbano da BR-280″

Mariani prevê segundo turno da eleição nacional polarizado entre extremos, sem espaço para o centro | Foto Divulgação

Por: Elissandro Sutil

19/09/2018 - 05:09

Faltando 20 dias para a eleição, a coligação de Mauro Mariani (MDB) tem cumprido uma agenda extensa e com bastante foco na região.

O candidato ao governo do Estado encerrou a semana passada em Jaraguá do Sul com toda majoritária no lançamento da candidatura de Carlos Chiodini à Câmara Federal.

E começou a semana aqui outra vez, na plenária da Associação Empresarial. Na noite de segunda-feira, o candidato também esteve na sede da Rede OCP News, onde concedeu uma entrevista exclusiva à coluna.

Entre alguns destaques, Mariani prometeu, se eleito, duplicar o trecho urbano da BR-280, dar prioridade à educação e rebateu críticas de Gelson Merisio lembrando que o PSD foi governo nos últimos sete anos.

No plano nacional, Mariani disse que votou favorável à abertura da investigação contra o presidente Michel Temer, na segunda vez, por respeito à própria história e ao MDB catarinense e prevê que o cenário de polarização ainda vai persistir no país.

Confira a entrevista:

 

Mariani, a duplicação do trecho urbano da BR-280 foi promessa repetida pelo ex-governador Raimundo Colombo. Já teve licitação, assinatura da ordem de serviço, estadualização e ameaça de federalização outra vez. Depois, o início da construção de um viaduto e em seguida a paralisação. Se eleito, o senhor vai fazer a obra nesses 13 quilômetros? Haverá recursos?

Eu acho essa situação uma vergonha. Se não era para fazer a obra não deveria ter assumido o trecho. Deixasse federal e a gente ia buscar alguma solução, como consegui o elevado de Schroeder.

 

Mas o governo do Estado resolveu assumir e depois começou a dar desculpa. Eu fui ao ministro e consegui a estadualização no mesmo dia.

Você lembra disso, acompanhou, e até hoje o governo não executou. É por conta de atitudes como essa que a política fica desacreditada.

 

Fui secretário do Luiz Henrique e já executei muitas obras, fizemos a Rodovia do Arroz, fizemos de Massaranduba a São João do Itaperiú. E não tenha dúvidas, se eu for governador, e eu serei governador, nós iremos executar essa obra.

 

É uma obra de cerca de R$ 90 milhões e não vai atender apenas Jaraguá do Sul. Vai atender uma das regiões mais importantes do Estado. Pode anotar: no ano que vem eu vou fazer essa obra.

A região também sofre com um dos grandes problemas da máquina pública. A desorganização financeira que faz com que obras comecem e sejam paralisadas ou então não utilizadas. Dois exemplos claros, onde foram investidos quase R$ 20 milhões, são o Cedup, em Guaramirim, e a escola técnica na Tifa Martins.

Isso me traz um tema que até que enfim entrou na pauta que é a educação. Temos que melhorar os índices, sobretudo, do ensino médio. No ensino fundamental temos índices bons, são os municípios que administram.

 

Estamos no nono lugar do Ideb no ensino médio, muito aquém da nossa capacidade. Temos 180 mil adolescentes matriculados no ensino médio e 65 mil fora. É uma tragédia social anunciada e essas duas escolas vêm bem na direção do que precisamos.

 

Hoje, Santa Catarina tem apenas 7% dos seus adolescentes estudando em tempo integral, nós temos que avançar rapidamente. Pernambuco tem 47%. Temos que ter escola técnica, tempo integral, preparando para o mercado de trabalho.

 

Essas duas obras que você citou representam o fracasso do modelo adotado. O Cedup começou a ser construído quando o Nilson Bylaardt era prefeito e ainda não está funcionando. Isso é um absurdo. Essa é uma questão de futuro do Estado.

Prevê medidas para evitar que as obras comecem sem planejamento da sua utilidade, do funcionamento, ou de recursos para o término?

Só se começa uma obra se tem recurso para ir até o fim. Se não tem, é melhor não fazer. O governo faz obra sem planejamento. A pior obra é a inacabada.

O prefeito Antídio Lunelli tem dito que o senhor é o candidato com coragem de quebrar os pratos no dia 1º de janeiro e fazer o que precisa ser feito. Quais as principais urgências de Santa Catarina? 

Prioridade é eficiência na gestão. O governo não tem mais dinheiro para  ficar bancando a ineficiência. Vamos pegar a saúde por exemplo. Todo mundo fala que tem problema, mas ninguém faz nada para mudar. Eu estudei, fui conhecer os principais hospitais.

 

Conheço o hospital Jaraguá e o São José, que são referência, e conheço os hospitais do Estado. Santa Catarina tem 183 hospitais, 13 sob a responsabilidade de gestão do governo do Estado – e esses 13 consomem 70% de todos os recursos para os hospitais e não entregam nem 30% dos serviços.

 

Tá no relatório do Tribunal de Contas, a ineficiência desses hospitais custou R$ 670 milhões. Assim não vai ter dinheiro. Nós temos que melhorar a gestão. E é nisso que eu estarei concentrado.

Um dos seus adversários, Gelson Merisio, do PSD, aliado até dezembro passado, acusa o MDB de ser o partido do Estado inchado, do cabide de empregos, e promete reduzir 1.200 dos 1.400 cargos comissionados. Qual a sua resposta a essa crítica e como pretende, se vitorioso, ocupar essas funções?

Isso não é uma crítica para mim, é uma crítica para ele próprio. Ele mandava no governo até ontem. Quem governou o Estado nos últimos sete anos, o Raimundo Colombo, o secretário da Fazenda era cunhado dele.

 

Governaram até ontem, ficaram pendurado nas tetas do governo e agora querem dar uma de oposição dizendo que vão resolver os problemas do mundo inteiro. Então por que não fizeram? Ora. Ele era o presidente da Assembleia, o governador era do partido dele, o secretário da Fazenda era o cunhado dele.

 

O cidadão tem que ter coerência, não podemos entrar em um jogo de faz de conta. Cada qual reponde por onde passou, eu por onde passei demostrei que sei fazer e fiz com excelência. Ele ao contrário.

 

Poderia explicar, por exemplo, por que a Assembleia Legislativa de Santa Catarina é a terceira mais cara do país e ele foi presidente quatro anos. Uma coisa é quem fala outra coisa é quem faz.

E quais serão os critérios para ocupação de cargos?

Existem cargos na gestão pública que não têm espaço para apadrinhamento político, tem que ser técnico, ou ficamos nessa situação que está aí. Comigo o critério é eficiência, competência e comprometimento.

O senhor fez críticas duras ao diretório nacional do MDB e votou, na segunda vez, favorável à abertura de investigação contra o presidente Michel Temer. Como ficou o seu palanque na eleição nacional?

Votei pela investigação porque sou um político independente. E quem me conhece sabe. Eu votei com a minha consciência.

 

O presidente perdeu uma ótima oportunidade, todo mundo depositou nele esperança de sair dessa crise, de fazer diferente, mas ele optou por fazer mais do mesmo.

 

Dali a pouco já estavam todos ao redor dele investigados, denunciados e acusados de um monte de lambança. A minha história não me permite compartilhar disso.

 

O MDB de Santa Catarina foi forjado na luta, não é assim. Temos gente honrada e comprometida. Votei contra, fui retaliado, mas tudo bem, estou na política porque gosto e não porque preciso de cargo ou outro tipo de benefício. O Henrique Meirelles, eu tenho dó dele.

 

Um cara correto, preparado, que fez um grande serviço ao país, mas que foi numa candidatura sem espaço para crescer. Tá ele, Geraldo Alckmin e Alvaro Dias disputando o voto de centro.

 

E o Brasil radicalizado como está. Pelo que estou vendo, a disputa no segundo turno será entre as extremidades. Eu só temo que isso piore o clima de ódio e não vai ser assim que vamos melhorar o país.

Rápidas

  1. O DCE da Católica promove na noite de hoje um debate entre os candidatos a deputado estadual da região. O evento é aberto à comunidade.
  2. No próximo dia 26, quem promove um encontro com os concorrentes é a OAB. OS candidatos terão um tempo estipulado para apresentar suas propostas.
  3. Os candidatos ao governo do Estado receberam ontem a Carta do Comércio, um documento que lista 25 itens de relevância socioeconômica, divididos em oito macrotemas.
  4. O documento também traz uma avaliação do serviço público, no qual os empresários analisam a qualidade da educação, saúde, habitação, saneamento básico e cultura/lazer, oferecidos no Estado. A infraestrutura, que recebeu as piores avaliações.
  5. A eleição de Marcelindo Gruner (PTB) para presidir a Câmara no próximo ano está encaminhada entre os parlamentares da base. Ao contrário de outras legislaturas, nessa, parece que o acordo será 100% cumprido.

 

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