“Convenções partidárias foram faz de conta”

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Por: Elissandro Sutil

07/08/2018 - 05:08 - Atualizada em: 07/08/2018 - 09:31

As convenções, que em tese deveriam servir para que os filiados ou delegados escolhessem quem querem e quem não querem ter na urna, são no Brasil apenas um teatro ensaiado. Em Santa Catarina foi exatamente assim.

Exemplo claro foi o PSDB de Paulo Bauer. O senador chegou a declarar diversas vezes que a imprensa mentia e agia sob interesses escusos quando levantava a hipótese de que ele não concorreria ao governo do Estado.

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Dias depois, o que todos já sabem: Bauer desistiu de ir ao governo, vai buscar a reeleição, e o PSDB lançou Napoleão Bernardes como vice de Mauro Mariani (MDB).

Há quem pense que esse tipo de comportamento faz parte da “malandragem” política – uma jogada de mestre. Todos os partidos dizem que têm candidatos – o PP também o fez e acabou apoiando Gelson Merisio – e depois, na hora h, negociam visando tempo de tv, recursos para campanha e, claro, cargos – os eletivos e os não eletivos. Mas até quem é do meio concorda que esse ano o teatrinho foi longe demais.

Se esse tipo de jogada faz parte da política, para os eleitores é mais uma prática que afasta o interesse e aumenta o descrédito.

Revela que não existe democracia dentro dos próprios partidos. As convenções não servem para nada. Viraram simplesmente um balcão de negócios, onde o toma lá dá cá tem início.

As negociações pré-eleitorais mostraram que os partidos políticos continuam sendo feudos, controlados por poucos. A crise é profunda e o dinheiro público destinado aos partidos piora a situação, pois fortalece o poder dos mesmos caciques.

Pela região: rostos conhecidos e novos

Entre os candidatos confirmados pela região, Vicente Caropreso (PSDB) e Dieter Janssen (PP) são conhecidos do eleitor e buscarão uma vaga na Assembleia Legislativa.

O ex-prefeito de Guaramirim, Nilson Byllardt, depois de ser dúvida, foi confirmado pelo MDB. E quem tenta voltar ao cenário é o ex-vereador Jocimar Lima, pelo PSDC.

O ex-secretário de Saúde, Jonas Germano Filho, vai buscar uma cadeira pelo DEM. Entre as novidades, Mari Câmara (PT), Fedra Konell (PSB), Mariana Franco (PCdoB), Cesar Aguiar (PR), Everaldo Correa e Claudia Marinho, ambos pelo PV.

Na briga por uma vaga na Câmara Federal estão: Carlos Chiodini (MDB), Leandro Schmöckel (Novo) e Fabio Schiochet (PSL). Em 2014, 15 nomes da região, 13 a deputado estadual e dois a federal, foram confirmados nas convenções, depois, dois deles desistiram oficialmente.

Chapas reunidas

O primeiro encontro de Mauro Mariani (MDB) e Napoleão Bernardes (PSDB), após a confirmação e homologação da aliança do MDB, PSDB, PR e demais partidos, ocorreu na manhã de ontem, em Florianópolis.

Os dois estiveram com o candidato ao Senado, Jorginho Mello (PR), e a candidata a deputada federal, Carmen Zanotto (PPS), na sede do PR. Também candidato a senador pela coligação, Paulo Bauer (PSDB), não participou.

Depois de indefinições, idas e voltas, o deputado estadual Gelson Merisio (PSD) conseguiu concretizar a aliança do seu sonho. Terá João Paulo Kleinübing (DEM), de vice, e Raimundo Colombo (PSD) e Esperidião Amin (PP) ao Senado.

As alianças invertem os casamentos de 2014, quando o PSD teve apoio do MDB – com a dobradinha Raimundo Colombo e Pinho Moreira – e o PSDB de Paulo Bauer foi com o PP de Esperidião Amin.

Eleições 2018

  1. Apesar de inverter os casamentos, assim como em 2014, a eleição em Santa Catarina desse ano tem duas candidaturas consideradas fortes e o PT isolado correndo por fora. Naquele ano, Colombo e Pinho Moreira levaram com 51,36% já no primeiro turno.
  2. Depois das convenções, os partidos políticos têm até 15 de agosto para homologar seus candidatos. Após a homologação das candidaturas na Justiça Eleitoral, os partidos podem iniciar oficialmente a propaganda na internet e redes sociais. Também podem começar a distribuição de materiais e se assumir publicamente como candidatos. A partir de 31 de agosto começa a propaganda eleitoral no rádio e TV.
  3. Com uma ampla aliança, Geraldo Alckmin (PSDB) vai liderar com folga no quesito tempo de tv. O tucano terá 5 minutos e 31 segundos. Depois, vem o PT, com Lula ou Haddad, apoiado pelo PCdoB, com 2 minutos e 27 segundos.
  4. Na terceira posição aparece Henrique Meirelles, com 1minuto e 55 segundos. Ciro Gomes (PDT) terá 40 segundos, assim como Alvaro Dias, do Podemos. Já Marina Silva (Rede) terá 21 segundos para apresentar suas propostas. Jair Bolsonaro (PSL) apenas 9 segundos e João Amoêdo, do Novo, 5 segundos.
  5. No Estado, a briga será mais parelha. Mauro Mariani (MDB) terá 3mimutos e 50 segundos, Gelson Merisio (PSD) terá 3 minutos e meio, e Décio Lima (PT) 1 minuto e 30 segundos. Os outros, Moisés da Silva (PSL), Leonel Camasão (PSOL), Rogério Portanova (Rede), Ingrid Assis (PSTU) e Angelo Castro (PCO), terão menos de 15 segundos.
  6. Os tempos ainda serão confirmados pela Justiça Eleitoral e a ordem das publicidades será sorteada.

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