“Os bailes dos anos 60”

Por: Nelson Luiz Pereira

09/12/2019 - 18:12 - Atualizada em: 09/12/2019 - 18:29

Se há uma diferença fundamental entre os bailes dos anos dourados e os atuais, é que naquela época, literalmente, se ‘dançava conforme a música’. Se no poder da Nação a repressão da ditadura determinava o tom da música, os ritmos daqueles sábados à noite, eram ditados pelas calças de riscado, boca de sino, camisas volta ao mundo, jaquetas James Dean e topetes de brilhantina.

Já, as garotas eram influenciadas pela modelo Twiggy, com maquiagem bem marcada nos olhos, minissaias ou tubinhos curto. Foi uma nostálgica época regida por gêneros como a Jovem Guarda, Bossa Nova, Chorinho, Rock, festivais e, por último, o movimento Tropicália. Daquele caldo cultural brotaram sucessos que se tornaram imortais. Quem, daquela geração, não dançou de rosto colado um ‘Rock and Roll Lullaby’ de B.J. Thomas?

Quem não jurou amores aos passos lentos de um ‘Hey Jude’ ou um ‘Yesterday’ dos Beatles? Quem não suou a camisa ‘volta ao mundo’, nos embalos de um ‘Banho de Lua’ de Celly Campello, de um ‘Vem Quente que eu estou Fervendo’ do Tremendão Erasmo Carlos, ou com ‘Festa de Arromba’ do Rei Roberto? Estimulado por um ‘cuba libre’ (rum com Coca-Cola) ou um ‘hi-fi’ (vodca com refrigerante de laranja), quem não improvisou um gingado ao ritmo de um ‘Trem das Onze’ dos Demônios da Garoa, e outros tantos?

Aqueles bailes, em que a escalada para um beijinho era uma árdua jornada, também tinham sua rebeldia. A erva ganhava espaço no mundo com o movimento hippie, gerando a psicodelia. Aqueles bailes abrilhantados por bandas ao vivo ou vitrolas que rodavam vinis, animaram uma geração que teve o privilégio de ver o homem conquistar a lua, que viu passar o cometa Harley, que experimentou a ditadura e a Democracia, e que agora baila ao som dos novos tempos.