“O ‘Jaraguá Mais Saudável’ trouxe o “CHIS” da questão em evento”

Por: Nelson Luiz Pereira

08/05/2022 - 21:05 - Atualizada em: 08/05/2022 - 21:46

Ao tomar conhecimento da programação do 2º Seminário Cidades Mais Saudáveis, que aconteceu na terça-feira (3), no Cejas, uma iniciativa do Programa Jaraguá Mais Saudável, logo me programei para estar presente. Taí um assunto que muito me agrada. i) Planejar a cidade na perspectiva da promoção à saúde; ii) Cidades Humanas, Inteligentes e Sustentáveis; iii) Plataforma GoMoov, mobilidade inteligente; e iv) Iniciativas de Sucesso em Qualidade de Vida – Case Programa 60+ Hospital São José, foram os 4 temas abordados.

Apesar de todos serem relevantes, oportunos e produtivos, saí de lá com as mensagens do palestrante Prof. Dr. Eduardo Moreira Costa, suscitando minha consciência. Ele que é Diretor Geral do laboratório internacional LabCHIS, e possui em seu vasto currículo, um período de ‘visiting scholar’ na Universidade de Harvard. Entre suas irônicas, providenciais e bem conduzidas falas, vibrei com experiências por ele socializadas como: “toda vez que você tira um pedaço da calçada pra passar carro, todo mundo aplaude.

Nós estamos com o errado modelo mental de que tudo o que é feito com carro é uma beleza.” E emendou: “Em Florianópolis eu estava numa discussão com a Prefeitura, sobre ciclovia coberta, quando alguém questionou dizendo que ciclovia coberta é muito cara. Então eu falei: ah é? E a duplicação da SC pra ir até o norte da ilha não é caro não? Vocês já viram alguém questionar o custo de obra pra resolver o problema do carro?” Em outro colóquio provocativo, ele dizia: “O carro é uma espécie de deus na cidade. Tudo o que é feito por carro é considerado bom.

Nós temos que tirar isso da cabeça, não é assim. Só me permitam uma brincadeira aqui. Vocês sabem que todo mundo associa carro com sucesso né? Num jantar, homens conversando num canto, mulheres no outro, os homens falando do último modelo, sei lá de que fábrica, e eu na roda quieto. Lá pelas tantas o sujeito fica nervoso com meu silêncio e me pergunta o que achei do último lançamento. Então eu falei: desculpe, não acompanho, na verdade eu não tenho carro. Eu vi estampado nos olhares daqueles homens, algo como: coitado, ele não tem carro.” Ou seja, o Prof. Eduardo tocou no “CHIS” da questão.

CHIS de “Cidade mais Humana, Inteligente e Sustentável.” Nesse momento, senti mais intensa a chama de minha contribuição para esse padrão de cidade. O fato é que, em âmbito nacional, estamos avançando em ritmo de tartaruga com bengala no quesito mobilidade urbana. Nossa meta no Acordo do Clima de Paris, é reduzir as emissões em 43% até 2030. Certamente o Brasil não cumprirá, mas eu, particularmente, cumprirei. Pode parecer absurdo, mas cada vez que se tira um carro da garagem, movido a combustível fóssil, se contribui para matar 7 milhões de humanos no mundo anualmente, além de acelerar as alterações climáticas. Não quero isso para minha filha, netos e futuras gerações.