“O duelo da estupidez”

Por: Nelson Luiz Pereira

17/07/2022 - 19:07 - Atualizada em: 17/07/2022 - 19:14

O capítulo da trama mambembe tupiniquim da semana ficou por conta do duelo de Foz do Iguaçu. As balas continuam ricocheteando no saloon político e nas redes sociais. Antes que algum pistoleiro me desafie, adianto que eu não estava torcendo para nenhum dos dois baleados, embora eu saiba que manter-se neutro, hoje, é afrontar os dois lados. A cena que o Brasil assistiu me remeteu ao premiado filme faroeste “Os Imperdoáveis,” de Clint Eastwood.

Confesso que me vi no personagem do escritor biógrafo W.W. Beauchamp, interpretado por Saul Rubinek, cujo interesse é, tão somente, registrar a história, com o propósito de imortalizá-la num livro ou artigo de um tabloide. Por coincidência, o nefasto episódio de Foz, aconteceu justamente quando eu acabara de ler a oportuna obra do italiano Carlo M. Cipolla, “As leis fundamentais da estupidez humana.” Esse notável professor de história econômica da Universidade da Califórnia, nos presenteia com um surreal tratado que reúne, de forma hilária e ao mesmo tempo séria, cinco leis fundamentais da estupidez humana.

Eu, só depois de 62 anos vividos, é que me dei conta, ao conhecer essas leis, que as pessoas estúpidas, de fato, mandam no mundo. Por conta disso, acabei absorvendo esse conteúdo como forma de me blindar dessa praga, que de acordo com o autor, tem prejudicado o bem-estar e a felicidade das pessoas. No meu modo de ver, a estupidez é mais poderosa que o terrorismo, o tráfico de drogas e o fundamentalismo religioso e político, todos juntos. Seus efeitos são globalmente catastróficos.

Tal qual um vírus, a estupidez é onipresente e não poupa nem intelectuais. O terraplanismo comprova isso. Captei de Cipolla que os estúpidos são mais temíveis que a máfia russa, o complexo militar-industrial atômico norte-coreano, a Internacional Comunista e, por fim, bem mais temíveis que os indivíduos chatos. Os estúpidos são um grupo desorganizado, sem um líder ou norma, mas, apesar disso, eles agem em perfeita harmonia, guiados por uma mão invisível. Então, com vocês, as cinco leis:

1) Todo mundo, sempre e inevitavelmente, subestima o número de indivíduos estúpidos em circulação; 2) A probabilidade de determinada pessoa ser estúpida independe de qualquer outra característica dessa mesma pessoa; 3) Uma pessoa estúpida é uma pessoa que causa prejuízos a outra pessoa, ou grupo de pessoas, enquanto ela mesma não obtém ganho e, possivelmente, incorre em perdas; 4) Pessoas não estúpidas sempre subestimam o poder devastador de indivíduos estúpidos. Em particular, as pessoas não estúpidas esquecem constantemente que, em todos os momentos e lugares, sob quaisquer circunstâncias, lidar e/ou se associar com pessoas estúpidas, infalivelmente acaba sendo um erro que custa caro; 5) Uma pessoa estúpida, é o tipo mais perigoso de pessoa. Obs: o duelo de Foz do Iguaçu se encaixa na lei nº 5. Leia o citado livro e blinde-se.