“A educação fica acima do que Srs. candidatos?”

Por: Nelson Luiz Pereira

29/09/2018 - 05:09

Faltam poucos dias para as eleições que irão definir quem comandará os destinos da nação.

Em meio a um clima conturbado, pobreza de debates, ânimos exaltados e intensa polarização, as propostas de transformação e futuro variam entre si, em parcos detalhes.

Quando não há projetos concretos e críveis, a tendência do eleitor é votar em slogans simpáticos, chavões e frases de impacto.

Recentemente tive a oportunidade de conhecer um país do noroeste africano cujo IDH – Índice de Desenvolvimento Humano (0,667) é inferior ao do Brasil (0,759), medido numa escala de 0 a 1 (fonte: Wikipédia).

O enigmático Marrocos mantém seu suntuoso slogan “Deus, Pátria e Rei” estampado em muitas de suas montanhas. Obviamente, para aquele povo, pregou-se que tais valores estão ‘acima de tudo e de todos’. E o que está abaixo desses valores?

Foi a indagação que dirigi a um marroquino esclarecido, que prontamente me surpreendeu com a seguinte resposta: “logo abaixo, encontra-se um povo iludido”. Em essência, o que este homem dizia é que, pouco importa o que esteja ‘acima de tudo e de todos’, se minhas necessidades básicas de cidadão contribuinte não sejam atendidas.

Esta reflexão me remeteu a nossa realidade tupiniquim. Por aqui também tendemos a acreditar na lorota de que Deus, Pátria e o escambau transformarão o Brasil.

Isso poderá acontecer sim, mas com trabalho sério e projetos concretos feitos por homens reais, iniciando-se por Educação. Por ora, somos uma nação que reza muito e pouco faz.

Votaria, com toda convicção, em qualquer candidato que norteasse seu plano de governo com a seguinte premissa: “Educação acima de tudo”. Infelizmente ainda não apareceu esse visionário.

A última verificação do PISA – Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, promovida pela OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, atestam a estagnação da qualidade de nossa educação.

Há 20 anos esses órgãos internacionais vêm nos apontando que nosso atraso se deve, de forma geral, a pouca valorização da carreira de professor; a um currículo inadequado; a deficiência da gestão escolar, a evasão e, sobretudo, a falta sucessiva de vontade política dos governantes.

Há um bom tempo o modesto Vietnã vem nos revelando que nossos alunos com melhor desempenho em aprendizado nivelam-se a alunos de pior desempenho daquele país.

Eu poderia referenciar países de primeiro mundo, como Finlândia, Nova Zelândia, Singapura, Coréia do Sul, entre outros, assim, pela covardia da comparação, maquiaríamos um pouco nossa vergonha, mas, propositalmente, cito Vietnã, uma nação com IDH 0,694, inferior ao nosso.

Porque eles conseguem? A resposta é simples. Enquanto lá a Educação está ‘acima de tudo’, aqui ela sequer aparece nos planos dos candidatos. Quando muito, discute-se quem será o melhor nome político para ministro. Pobre Brasil.