“Vivemos à beira de abismos inimagináveis”

Foto Divulgação

Por: Luiz Carlos Prates

28/05/2019 - 07:05 - Atualizada em: 28/05/2019 - 07:29

Sem nos darmos conta, vivemos à beira de abismos inimagináveis, nos defendendo, todavia, com falsos sentimentos de segurança, quando não de eternidade… Isso não é ruim, ocorre que quando esquecemos que vivemos à beira de abismos, as quedas costumam ser mais doloridas.

Acabei de ler uma história da vida real. Aconteceu num hospital de Filadélfia, EUA. Duas mulheres, mesma idade, 31 anos, morriam em unidades diferentes. Uma delas morria aos poucos de uma enfermidade dolorosa, e a outra, de nome Alin, de uma gravíssima cardiopatia, só um transplante poderia salvá-la, mas não havia doador.

Certo dia, Alin ficou sabendo que uma moça acabara de morrer no mesmo hospital em que ela estava e que essa moça deixara por escrito sua vontade de doar seus órgãos. Divina bondade. Acabou “sobrando” para Alin o coração da “amiga” desconhecida. O transplante foi feito, vi as fotos das cicatrizes no peito da Alin: um horror, não fosse aquela cicatriz o símbolo de sua nova vida.

Li a reportagem e fiquei depois olhando para a lua que encantava o céu. Ah, minha lua luminosa, o que é a vida? Alin, a jovem mulher que recebeu um coração de presente, não tinha como saber quem deixara para ela aquela nova vida, aquele coração que agora era seu e que batia saudável no seu peito. Alin não tinha como saber da origem do seu novo coração, até que…

A família da falecida/doadora escreveu uma carta a Alin, carta sem identificação, mas era para a transplantada saber sobre quem deixara a ela o coração. Uma carta detalhada sobre a moça falecida. Alin leu, chorou muito e depois postou em seu blog uma mensagem à família da doadora.

Alin escreveu à sua “irmã”: – “Eu tinha muitas coisas em comum com você. Muito além do nosso tipo de sangue… Nós, provavelmente, teríamos sido boas amigas. Mas nossos caminhos se cruzaram de maneira estranha: no último dia da sua vida, no primeiro dia da minha vida… No pior dia da sua vida, no melhor dia da minha vida…”. A carta era longa, mas fiquei pensando no “divino” das doações. Doação é “vida” para quem doa e para quem recebe… Vida mesmo após a morte. Que linda a vida que transcende aos abismos que a cercam…

 

Caráter

Tenho comigo, há anos, um recorte de jornal para a seleção de vendedor para uma empresa da grande Florianópolis. No anúncio era exigida experiência, isso e mais aquilo, e o mais estranho: “Exige-se bom caráter”. Nunca tinha visto disso, mas… É a mais pura verdade. Inabilidades profissionais podem ser corrigidas, caráter jamais… E o caráter é o cimento do sucesso nos negócios e na vida.

 

Pensar

Será que em algum momento agir sob ímpetos produziu ou pode produzir bom resultado? Quase impossível. É o que mais está acontecendo depois das redes sociais, da Internet. O estúpido sente-se frustrado, abre o computador e manda ver… Diz o que bem entende contra alguém. Passado um tempo, “cai a ficha”, mas já é tarde, o impetuoso está agora rangendo dentes. Quantos? Milhões e milhões. Pensar antes sempre foi um santo remédio. Quem segura os dedos nos teclados, preserva o coração dos remorsos… Ou de uma cadeia. Tomem!

 

Falta dizer

Fico encrencado com o que vejo: pessoas pobres, remediadas ou classe média que nunca leram um livro, sem conhecimentos históricos, sem curiosidades científicas, sem nada, viajando. Juntando dolorosamente alguns trocados e se mandando pelo mundo. Voltam piores do que daqui saíram, endividados e sem-graça. Mas se queixam do trabalho. Não os relevo.