” Uma pergunta a você”

Por: Luiz Carlos Prates

19/09/2018 - 13:09 - Atualizada em: 19/09/2018 - 13:40

Eu já me tinha prometido dar um tchau definitivo a ele, já estive tantas e tantas vezes com ele que o conheço de cor… O sujeito é muito especial, volta e meio o procuro, quero ouvi-lo, faz-me bem. Ah, sim, estou me referindo a O Pequeno Príncipe, eta gurizinho esperto, sapeca mesmo. Frequentemente vou até à estante e o encontro dentro do livro…

Antes, todavia, de mais uma vez falar do Principezinho, quero-lhe fazer uma pergunta, a você, se for homem. Lá vai: – Faz de conta que uma mulher linda, lindíssima, inteligente, sensível, uma mulher de caráter especial, rara mesmo, estivesse querendo namorar com você, mas… Ela vive numa favela, é muito pobre, roupas quase andrajosas… você aceitaria namorar com ela?

Faço agora a mesma pergunta a você, mulher. Um sujeito com as mesmas características da mulher acima citada desejando namorar com você, você aceitaria esse sem eira nem beira?

Foi mais ou menos isso o que o “Principezinho” me fez pensar. Fui visitá-lo na estante, abri-o numa página qualquer e lá estava a mensagem, o principezinho conversando com o carneirinho, seu amigo, e ele dizia: – “Se dizemos às pessoas grandes: – Vi uma bela casa de tijolos cor-de-rosa, gerânios na janela, pássaros no telhado…” elas não conseguem, de modo nenhum, fazer uma ideia da casa. É preciso dizer-lhes: – Vi uma casa de seiscentos contos… (dois, três milhões). Então, elas exclamam: “Que beleza”!

Não é isso sagacidade? O Pequeno Príncipe é um dos livros mais “adultos” que já li. E essa passagem do livro tem a nossa cara. As pessoas, entre nós, são avaliadas pelo saldo bancário. De nada nos importa se a pessoa tem bom caráter, é honesta, sensível, confiável por todos os poros, nada… Esses predicados não nos têm nenhum valor.

Avaliamos pelo carro, pela casa, pelas ostentações e, claro, hoje mais do que nunca, pelas mentiras das redes sociais, onde todos mentem. Não existe um único e miserável ser humano, desses das redes sociais, que não seja um deslavado/a mentiroso/a. Sociedade hipócrita, das avaliações pelos externos, aliás, como disse o Pequeno Príncipe: “O essencial é invisível para os olhos, só se vê bem com o coração”. Sábio principezinho. Ah, como nos faz falta um Pequeno Príncipe, a nós que avaliamos tudo pelas aparências…

 

Casamento

Tenho comigo um estudo da FGV que diz que “Cerca de 50% dos casamentos terminam por divergências relacionadas ao dinheiro”. Caráter, bons princípios ou violências e possessividade dele nada importam… Quem já me ouvi em palestras sabe que eu digo, faz tempo, que o dinheiro é mais importante que o sexo no casamento, mas os ingênuos se deixam levar pelos ímpetos do desejo, pensam que é amor. É desejo, não mais…

Namoro

É por isso que acabei de dizer que o “namoro” era muito importante para diminuir os equívocos nos casamentos. O namoro exigia tempo. Mas o namoro, coitado, morreu. Hoje há pressa e os “ajuntamentos” imediatos. Sem namoro é vamos que vamos aos finalmente. Exceções? Se você conhecer alguma, sugira ao Raul Gil, será uma bela entrevista…

Falta dizer

Estão se multiplicando… São colégios públicos no Norte e Nordeste brasileiro com a presença dos Vetores da Disciplina. São oficiais aposentados das Policias Militares que assumem a administração disciplinar das escolas, por pedidos dos prefeitos. Sucesso. Despareceram as brigas, o tráfico de drogas, os cabelos lá no alto, os topetes, as franjas, garotas com cabelo em coque e guris cortados ao estilo cadete. Todos de uniforme e batendo continência aos superiores. Estou babando de entusiasmo. Mais, mais…