Superstição e fé

Por: Luiz Carlos Prates

17/08/2016 - 04:08

Superstição é um tipo popular de crença, passa de pai para filho, de geração à geração, e no fundo, no fundo, superstição é fé como qualquer outra. O sujeito acredita, por exemplo, que gato preto dá azar, pode dar se o sujeito depois de ver o gato sair por aí fazendo bobagens, vai se dar mal… E a culpa será do gatinho inocente?

Digo isso, leitora em razão do que tenho ouvido sobre o nadador americano Michael Phelpps, o engolidor de medalhas de ouro nas Olimpíadas. Phelpps andou aparecendo com marcas estranhas no corpo, elas vinham de uma técnica da medicina popular chinesa, chamada de ventosas. – Ah, para muitos, o americano teria ganhado todas aquelas medalhas em razão da “nova” (milenar) técnica chinesa. Penso que até o Phelpps acredita nessa bobagem, e a partir da crença, seja dele ou de qualquer de nós, tudo pode acontecer. E acontece em razão da fé que colocamos nos objetos de nossa superstição. Mas sem treinos duros e aqueles braços daquele tamanho não há ventosa que funcione, não é mesmo, Phelpps?

Quem acredita que entrar com o pé direito numa empresa ao ir para uma entrevista de trabalho, pode mesmo se dar melhor na entrevista, afinal, a pessoa ganhou mais “segurança” em acreditar no rito supersticioso do pé direito. Como se o pé esquerdo fosse um pé torto. Tudo crendice. Bom, basta lembrar que quando Cristo “curava” o pessoal que o procurava, Ele dizia: – “Tua fé te curou”. Deixava muito claro que era a própria pessoa que se curava… Mas não adianta dizer isso para a turma que anda com tapa-olhos como aqueles cavalinhos que vemos por aí nas carroças.
Aquilo no que cremos nos pode levar ao topo do Everest da vida quanto às profundezas do inferno. Um exemplo de a pessoa ir para o “inferno” na vida? Acreditar, por exemplo, que algum ansiolítico a pode fazer viver melhor. Só o que nos pode fazer melhor são a coragem, o preparo, sinônimo de qualificação e a obstinação. Aí sim, aí estaremos crendo não num pé de coelho ou ferradura, mas em nós mesmos, estaremos acreditando nos poderes milagrosos da água benta da testa, o suor.

Mostra-te tua fé e dir-te-ei quem és, se um vencedor ou um formidável e incansável perdedor. E não esquecer que nos revelamos por todos os poros. Ninguém se esconde numa superstição ou fé, seja do tipo que for.

Truque
Fico buzina da vida quando me tapeiam com truques velhos que nos fazem de bobos. Exemplo? Você abre num site de notícias e lá está uma daquelas manchetes de choque –“Pelé morde a mãe”. Bah, você abre logo o site, quer saber detalhes, aí os caras rodam um comercial indigesto a que você é obrigado a assistir, pelo menos em parte. Quando chega a noticia, fica sabendo que o tal “Pelé” é um cãozinho que mordeu a cadelinha mãe. Safados. Fazem isso a toda hora. E agora tem novidade, já conto.

Falta dizer
Um pouco mais de “olimpíadas” nas telas das tevês faria muito bem a essa multidão de jovens (e “velhos”) panacas que andam a perder tempo com joguinhos eletrônicos na palma da mão. Faltam bons exemplos e muitos livros aos perdidos.