“Os inúteis”

Por: Luiz Carlos Prates

12/11/2018 - 09:11 - Atualizada em: 12/11/2018 - 09:35

Liguei a tevê e saí girando pelos canais. Procurava algo novo, algo instigante, mas… os canais estavam de uma aridez de deserto, até que… Dei de cara com um padre. O simpático Fábio de Melo. Valeu a pena. Ele falava sobre ser útil e ser inútil na vida. Claro, fiquei parado, quis ouvir o padre até o fim. Faz-nos falta na televisão assuntos humanos, pontos de vista, opiniões que nos levem a coçar o queixo, refletir.

Fiquei com o cerne do assunto do Fábio, vou tratá-lo a partir de agora sob o meu ponto de vista. Como dizia, ele falava sobre nossa posição pessoal diante de outras pessoas. De fato, mais das vezes, somos avaliados pela utilidade que representamos neste ou naquele caso. No caso das famílias, por exemplo, fica visível que os pais são “queridos” muito mais pelo que representam de “úteis” para muitos filhos do que amados propriamente por serem “apenas” pai e mãe.

Meus amigos são meus amigos incondicionalmente ou os considero amigos pela curtidas que me dão nas imbecilidades que fico a postar na internet o dia todo? Até que ponto gostamos de alguém que nos seja totalmente “inútil”, mas que gostamos e amamos simplesmente por gostarmos da pessoa, pelo valor que ela tem emocionalmente para nós?

Quantos e quantos casos conhecemos de filhos que “silenciosamente” ficam a esperar pela “passagem” dos pais para meter a mão na herança? Os pais, nesses casos, só são úteis para o futuro que vão deixar em forma de herança. Como seres apreciados “gratuitamente”, ah, isso não.

Estamos vivendo num mundo onde muita gente, maioria mesmo, só vê outras pessoas como úteis no sentido de alguma vantagem, ou inúteis a serem desprezadas. O verdadeiro amor, dizia o Fábio de Melo, é aquele que temos por alguém que nos é absolutamente “inútil”, no sentido de termos nenhuma outra vantagem dessa pessoa senão a vantagem de amá-la.

O que eu ganho com isso? – é uma pergunta muito comum. E incontáveis são as vezes em que nada ganhamos, materialmente ou de qualquer modo, mas ganhamos a possibilidade de amar, de reconhecer, de dar valor a quem não nos pode ser útil. Vem dessa virtude a essência do 4º Mandamento: Honrar Pai e Mãe, sempre e mesmo quando eles não nos forem mais em nada úteis… Deu para entender? Ah, que bom!

Arma

A manchete da notícia revela sobre o pai do menino. Bom, antes de tudo, um guri com 11 anos nada mais tem de menino, criança, é um baita marmanjo. A manchete que acabo de ler dizia que – “Menino é baleado na cabeça quando brincava com espingarda”. O pai, por certo, é caçador, afinal, o que um sujeito quer com uma espingarda? Se fosse um leitor, seria impossível a manchete: – “Menino feriu-se na cabeça lendo um livro…”. A estupidez do pai vira brinquedo do filho.

Otimista

Nelson Rodrigues (1912-1980), o dramaturgo gênio, dizia que – “Aos 18 anos o homem não sabe nem dizer bom-dia a uma mulher. Todo homem devia nascer com 35 anos feitos”. Nelson, se tu visses o que os mandriões de 35 anos andam dizendo e fazendo reavaliarias teu conceito, eles precisam de dezenas e dezenas de anos para crescerem… São casos perdidos, por maioria, tu não imaginas o que anda por aí.

Falta dizer

Luz vermelha. Segundo estatísticas mundiais, 87% das demissões no trabalho são geradas por comportamentos. Nada novo, faz tempo que sabemos que somos contratados pela competência e demitidos pelo comportamento. Mas vá dizer isso aos mandriões encrenqueiros, vá. Bom comportamento faz bem à saúde. Aliás, vale para os casamentos…