“Ombro para chorar”

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Por: Luiz Carlos Prates

24/05/2019 - 07:05 - Atualizada em: 24/05/2019 - 07:40

Fiquei longo tempo olhando para o rosto dela, para o rostinho dela. Uma menina, 26 anos. Bonita, tão bonita que a chamavam de miss…  Plenitude da vida. Imagino-a cercada de admiradores e de silenciosas mulheres invejosas. Fica difícil para muita gente aceitar a beleza alheia. Infelizmente é do jogo humano.

Faz parte de todos os segmentos sociais, sempre haverá em torno de nós os que nos aplaudem e os que nos invejam, ou pior que isso…  Jovem, bonita, saudável e matou-se. Foi o que li nos noticiários. Santo Deus, que vazio desesperado na alma dessa menina.

Muita gente jovem tem feito isso, buscado no silêncio do suicídio a saída para um agudo desespero e desamparo. E dizendo isso, lembro que nunca nos foi tão fácil ter “multidões” chegando até nós e ao mesmo tempo falsas e inúteis multidões nos aplaudindo ou curtindo nas redes sociais.

Não conheço, todavia, uma única pessoa que se proclame – honestamente – feliz apenas com resultados de redes sociais. Se disserem, mentem. As redes sociais são os poços fundos das nossas depressões cotidianas. E dizendo isso, lembro-me de vidas passadas, não falo em reencarnações, falo da vida comunitária que tipificava as comunidades de cidades do interior brasileiro em décadas de há muito viradas no calendário de nossas vidas.

No passado, nossos grupos sociais eram a família, costumeiramente numerosa, os vizinhos e os amigos. Não mais, mas suficiente para que tivéssemos calor humano por perto. Família grande sempre nos dispunha de alguém para nos apoiar ou cuidar. Bons vizinhos eram quase ou mais que parentes, e amigos eram pessoas das vizinhanças onde todos se conheciam. Essa vida comunitária desapareceu.

As cidades ditas grandes de hoje nos esmagam no anonimato, ninguém se conhece ainda que pense se conhecer… As famílias minguaram ao ponto de não termos mais primos, tios, parentes que até mal conhecíamos, tantos eram. As festas de comunidades sumiram; hoje são baladas no escuro, sons estridentes, drogas dissimuladas e muitas pessoas desconhecidas por perto, mas tomadas por conhecidas, pessoas absolutamente inúteis em nossas vidas.

Diante de uma crise emocional não temos a quem procurar, desabafar, encostar a cabeça e chorar. Não temos. Deserto de amigos. Desesperos silenciosos. Sumiço da esperança. Porta aberta para o suicídio. Que pena. E dizer que nunca foi tão fácil ser feliz… Menina bonita e suicida, que o teu anjo-da-guarda te balance nos braços!

Machinho

Dia destes, um tosco, apresentador de televisão, metido a famoso, para ofender uma mulher que o contestou em redes sociais chamou-a de solteira ou de provável abandonada. Desde quando, tosco, ser solteira é desabono? E é bom lembrar que muitos bebezinhos de mamãe deixam suas mulheres, abandonando-as, porque não seguram o tranco com elas. Ao tosco da TV um conselho: vai ler um livro, o primeiro…

Crenças

Ouvi dia destes uma mulher perguntando a um professor como pode ser possível uma pessoa ser boa sem ter religião… Nem liguei ao que disse o professor, respondo por ele: – Para ganhar o “céu” basta que a pessoa seja honesta, cumpra com os deveres, não engane a ninguém. Pronto, passaporte carimbado para o Paraíso… E quantos e quantos tentam falsificar esse passaporte… Esses não “subirão”, vão descer…

 

Falta Dizer

Ah, então, és contra as religiões, Prates? Quem disse isso? O que não aceito são os sepulcros caiados a que se referiu o Cristo, os falsos da fé, os que fazem barulho nas igrejas, mas… Pecam como o diabo. A religião sendo honesta, norteada por bons princípios, sem condenar nem abafar pessoas é a minha. Qual mesmo? Doutrina Espírita?