“O pecado maior”

Por: Luiz Carlos Prates

15/03/2019 - 08:03 - Atualizada em: 17/03/2019 - 15:24

Relendo trechos de Jorge Luís Borges, o notável escritor/poeta argentino, tremi. De uma feita, ele fez uma frase que já foi repetida por incontáveis pessoas ao longo da história humana, uma frase cáustica, mas tardia…

Borges disse que – “No passado cometi o maior pecado que um homem pode cometer: não fui feliz”. Pecado comuníssimo. Até chego a dizer que o pecado do ser humano, antes do fantasioso pecado original, é o pecado de “esquecer” de ser feliz, nosso pecado maior na vida. Quantas e quantas vezes a felicidade passou por nós piscando o olho na calçada da vida e estávamos olhando para o outro lado? Essa nossa obnubilação mental diante da felicidade é o remate da nossa estupidez.

Já disse aqui que o que nos impede de sermos felizes, ou um pouco mais felizes, é que sempre estamos a colocar a felicidade no lá e no então, isto é, em outro lugar e em outro momento. Nunca no aqui e agora. Não raro, estamos sentados sobre o pote da felicidade, mas suspirando por saber onde ela está, e ela está aos nossos pés.

Já cansei de dizer em minhas palestras, sempre que falo de felicidade, que a lista do que nos pode ou nos deve fazer felizes, é pequena, mas imensamente significativa. Essa lista não vai além de: nossa saúde, nossa família, nossa liberdade, nosso trabalho, nossos amigos e… Paremos por aqui, tudo o mais é complementar. E só nos damos conta disso quando perdemos alguma coisa dessa lista.

Você sabe qual o carro, o automóvel, mais importante da sua vida? O primeiro que você comprou. Esse produziu emoções, os demais já eram cópias das emoções originais. Felicidade foi o primeiro carro quem trouxe…

E olhe, leitora, não vamos longe, conheço alguns casos de pessoas que se separaram do primeiro marido ou da primeira mulher e rangeram dentes mais tarde… Foram precipitados, viram defeitos que não eram tão defeitos assim, isso e mais aquilo… E agora é tarde. A tal história do – eu era feliz e não sabia. E também vamos combinar, se avaliarmos nossa felicidade pela falsa felicidade alheia, pela felicidade das redes sociais, bah, aí o tiro é mais que no pé, é na inteligência…

Tristeza passar pela vida e não ser feliz, afinal, felicidade é um decreto pessoal e que ninguém pode pôr o bico…

100%

Talvez o errado seja eu, mas… Acabei de ler uma entrevista de uma (dita) alta executiva. A mulher contava que – “Quando estou trabalhando dedico-me 100% ao que faço, porém quando estou com minha família estou 100% com eles, sem pensar em mais nada”. Não acredito em competência de quem se “desliga” do trabalho quando vai para casa, ou mesmo saindo de férias. Não acredito e nem contrataria tal pessoa. Sinto muito.

Horror

Ouça este trecho de um jornal paulista: – “As doenças de saúde mental estão entre as campeãs de afastamentos do trabalho causados pelo ambiente laboral na avaliação do Instituto Nacional do Seguro Social”. Creio piamente. Tenho estudos comigo que garantem que 78% dos brasileiros são infelizes no trabalho. De onde virá essa infelicidade? Bem que pode ser da incompetência ou da vadiagem. Não gosto de pílulas doces. Depois não querem um país em crise…

Falta dizer

Tragédias de sala de aula ou pátio de escolas começam, regra geral, dentro das famílias. As desordens de sala de aula e as encrencas nos pátios resultam de frouxidão da educação dos pais ditos modernos, na verdade baita vacilões ordinários, eles e elas. Certo? Acho muito bom.