Maguila e nós

Por: Luiz Carlos Prates

02/11/2016 - 04:11

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Acabei de ler uma reportagem sobre Maguila, aquele, o lutador brasileiro mais famoso depois de Eder Jofre, o Maguilão, esse mesmo. A reportagem serve para nós.

Maguila está há muito tempo em casa. Faz alguns anos, ele foi diagnosticado, erradamente, como paciente de Alzheimer, doença neurológica degenerativa, a pior que pode acometer um ser humano. A pessoa vai se perdendo irremediavelmente nas neblinas da falta de memória e identidade pessoal, um desastre… Não era o caso de Maguila. Mas parecido.

Maguila, enquanto boxeador, sofreu muitas pancadas, socos na cara, na cabeça. E cada um desses socos, dessas pancadas, mexe com o cérebro, com o encéfalo, órgão das nossas identidades. Aliás, a mesma coisa acontece com os jogadores de futebol, cada cabeceio na bola vai reduzindo a capacidade da mente da pessoa, quem disser que não, é um bronco… E ponto.

Mas não é disso que bem quero falar. Quero falar que nós, você e eu, leitora/or, não diferimos muito dos boxeadores e dos jogadores de futebol diante dos “cabeceios”. Nós também vivemos tomando pancadas na cabeça, pancadas que nós mesmos nos damos ou que dos outros recebemos e… O diacho é que não aprendemos. Continuamos a nos dar bordoadas na cabeça, experiências de antemão erradas, erros repetidos, tolices e tontices, tudo repetido, cansativamente repetido ao longo da vida. E não aprendemos.

Lá pelas tantas, nos damos por cansados, por “doentes”, por desiludidos diante da vida, pudera. É uma pancada atrás da outra e não aprendemos. Vamos aprender quando, quando for tarde demais?

Já foi dito que os sábios aprendem com os erros dos outros, é observar o comportamento do “povo” e não segui-lo. Mas como não segui-lo se somos “povo”? E povo tem como sinônimo “estupidez coletiva”. Se alguém nos perguntar o que é povo, a melhor ou única resposta é: estupidez coletiva.

E se você estiver achando que sou grosseiro, não lhe vou dar razão, porque ao acabar de ler a reportagem sobre o Maguila me coloquei nela: bah, quantas “pauladas” até agora e ainda não aprendi? O sábio aprende com os erros alheios, os estúpidos não aprendem nem com os seus próprios.

VALORES

Estamos em crise? Sim, estamos em crise desde que nascemos. Só alguém muito ingênuo pode-se ver acima de crises, crises é a própria vida e fim. Mas é bom que fique claro que cada um de nós entende crise ao seu modo, graças a Deus. E algo que sempre digo enfaticamente a quem me ouve em palestras corporativas é a questão da “mortalidade” de quem é funcionário de carteira assinada, o mais mortal dos mortais. Já explico, desça.

FALTA DIZER

Buscar qualificação continuada, ser um bom produto para a empresa empregadora, ser gentil, bom relacionamento com todos, confiável e aguerrida/o é o melhor modo de deixar a demissão um pouco mais longe, mas… Saber permanentemente que quem vive de carteira assinada pode ser mandada/o embora por um espirro sem lenço… E dada a “crise”, os patrões sabem disso e muitos disso se aproveitam.