“Lágrimas pesadas”

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Por: Luiz Carlos Prates

30/04/2019 - 07:04 - Atualizada em: 30/04/2019 - 07:39

Li a notícia e algumas lágrimas me escorreram incontida dos olhos. Fiquei bom tempo tamborilando os dedos sobre um jornal, vontade de sair correndo…

O que me fez estremecer foi a história de um homem, argentino, 58 anos. Entendi o cidadão, compreendi-o de alma… Do que se trata? Da morte de um homem infeliz, arrasado, sem razão para continuar a viver. Foi o que pensei dele. E nada me vai tirar do que pensei desse homem.

Resumo da história. Em janeiro deste ano, um jogador de futebol argentino, de 28 anos, Emiliano Sala, acabara de assinar contrato com o Cardiff City, do País de Gales, Reino Unido. Sala estava num pequeno avião indo de Gales a Londres quando o avião caiu no mar. Comoção no mundo do futebol, abalo irreparável no coração de Horácio Sala, pai do jogador morto.

Esse pai não aceitou a morte do filho, desde então andava sem as asas de vida, não lhe viam mais brilho nos olhos, nos lábios, no andar, no ser… Na sexta-feira, três meses da morte do filho, o coração de Horário parou. Um infarto fatal. Pelas trombetas do Juízo Final, ninguém me vai tirar da cabeça que esse pai não morreu senão de tristeza e saudades do filho. Por nada vou aceitar outra explicação. Conheço incontáveis histórias desse tipo. A tristeza aguda mata sim, o não ver sentido na vida, mata. Um coração compungido de pai pode levá-lo ao fim, não há mais sentido na vida, era assim que vivia Horácio… Que dor desse pai.

Lendo a história do filho morto no acidente de avião e do pai morto de tristeza, fico a pensar sobre nós, os humanos do cotidiano. Mais das vezes, estamos sentados sobre o pote da felicidade, mas rangendo dentes por algo vago ou sem valor. Quando, todavia, nos cai sobre o coração a dor do irreparável ou a grave ameaça de perda do que de fato nos pesa na vida, acordamos. Costuma ser tarde.  Os nossos melhores bens precisam ser reconhecidos e celebrados hoje. Precisamos de consciência para as bênçãos da gratidão. Costumam morrer de amor os que viveram o amor…

Tristeza e saudade destroem a saúde humana, costumam ser venenos mortais. A dor física é suportável, a do coração raramente o é… Horácio, abraça o teu filho aí no céu!

 

Vida

Na vida, sempre estamos diante ou do que temos poder de mudar ou do que foge inteiramente às nossas forças. Daí que é inteligente viver o “aqui e agora”. Reconhecer nossas graças e vivê-las intensamente hoje. Viver com os olhos jogados no futuro costuma ser formidável perda de tempo, geralmente o que mais tememos é o que nunca acontece… Já o impensado frequentemente nos bate à porta. Viver o hoje com o que temos e podemos significa saúde e vida feliz.

 

Nós

Pesquisas de Harvard, EUA. Quando alguém está diante de uma cirurgia séria ou de moléstia grave e alguém faz um alerta sobre possíveis consequências negativas do tratamento ou da cirurgia, costuma haver grande número de problemas na saúde da pessoa. O medo a faz mais frágil. Quando ela desconhece o que lhe pode acontecer, tudo sai melhor. A cabeça humana é tudo…

 

Falta dizer

Todas as riquezas humanas, financeiras, de saúde ou felicidade nascem na cabeça das pessoas. Eros, o deus do amor e da vida, e Tanatos, o demônio da destruição e morte, vivem dentro de nós. Quem preponderar na luta entre ambos vai reger a vida da pessoa. Mas quem dá poder a um ou a outro é a pessoa, sua cabeça. Logo… Cuide-se.