Ela está certíssima

Por: Luiz Carlos Prates

21/12/2016 - 08:12 - Atualizada em: 21/12/2016 - 08:38

Temos que aprender com os bons, o que acabei de ler, na verdade, reler e reler, é uma reportagem sobre uma mulher, americana, que dirige uma empresa de vendas por telemarketing. Vendas por telefone, você sabe. A grande maioria dos que procuram por vagas são mulheres. E a dona dessa agência (omito-lhe intencionalmente o nome) é taxada por louca por muita gente.

De louca ela não tem nada. A candidata chega para os testes de emprego e a tal dona da agência a olha da cabeça aos pés. A candidata precisa ter o cabelo bem cortado (quem decide pelo estilo é a dona da agência), tem que ter unhas bem-feitas, roupas “adequadas”, sapatos “decentes” e maquiada… Só isso? Em princípio só, mas…

A candidata, se aprovada no visual, vai para os testes de proficiência como vendedora de telemarketing. Ela vai ter que “vender” uma casa nova, depois uma casa velha, depois uma casa em reformas, uma casa pequena e, por fim, uma casa grande. E é isso? Não, tem mais uma questão.

A dona da agência depois de observar todas as questões citadas ainda observa se a candidata ao vender por telefone está com um bom ar no rosto e se está sorrindo ou quase isso. Se a figura não for aprovada em tudo, nada feito, que vá cantar em outra freguesia.

E aí, o que eu acho? Que ela está coberta de razão. Aliás, esse rigor seletivo tinha – tem – que ser para tudo. – Ah, Prates, mas aí as vagas não serão preenchidas nas empresas!!!
É possível, leitora/or, é possível, mas… A partir da certeza de que para obter um emprego as pessoas soubessem que precisariam ter mais que apenas a vontade de ganhar um salário, ah, a coisa mudaria de rumo aqui entre nós.

Aqui o que mais se vê é gente desmazelada, grossa, sem-educação, caras amarradas, gentinha que só quer o salário do emprego, nada mais. E ai do patrão que ofereça um curso de qualificação profissional num fim de semana, a primeira coisa que ele vai ouvir é – Vais pagar hora-extra? – Não, não vou, vou é te botar na rua na segunda-feira! A americana essa do telemarketing não tem nada de louca, é sábia e muito rica.